quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Senado deve voltar a debater acordo ortográfico *

A senadora Ana Amélia (PP-RS) solicitará que a Comissão de Educação do Senado (CE) promova no início do ano que vem uma audiência pública sobre o novo acordo ortográfico. Enquanto o Brasil deve concluir a implementação do acordo em 2013, outros países de língua portuguesa enfrentam resistências - inclusive Portugal. Uma das providências que podem ser estudadas pelo Senado é a criação de um grupo de trabalho sobre o assunto.

Ana Amélia anunciou a audiência logo após se reunir, nesta segunda-feira (28), com o professor Ernani Pimentel. Autor de diversas críticas ao novo acordo ortográfico, o professor criou o Movimento Acordar Melhor para divulgar suas ideias.

Pimentel defende a simplificação das regras, porque, segundo ele, o novo acordo contém "incoerências, incongruências e muitas exceções". Um dos vários exemplos que citou foi a dificuldade para se compreender quando se deve usar ou não usar o hífen. “Por que 'mandachuva' se escreve sem hífen e 'guarda-chuva' se escreve com hífen? É ilógico. E há muitos outros exemplos”, afirmou.

De acordo com Pimentel, "nenhum professor de português de nenhum país signatário é capaz de escrever totalmente de acordo com as novas regras e, como os professores não têm condições de compreender, os países não terão condições de implantá-las".

Pimentel apoia a criação de um grupo de trabalho, no âmbito da Comissão de Educação do Senado (CE), para discutir o acordo. Ele também sugeriu que os países signatários criem um órgão similar à Real Academia Espanhola, que seria responsável pela uniformização da ortografia nos países de língua portuguesa.

Ao comentar as resistências externas ao acordo, ele lembrou que alguns países alegam - "com razão", observou - que as novas regras foram pensadas somente a partir de Brasil e Portugal, ignorando especificidades culturais de outras nações de língua portuguesa. Ele também disse que há uma divisão em Portugal, entre os que defendem o acordo e os que preferem adiá-lo devido aos interesses do mercado editorial português (que, dessa forma, não enfrenta a concorrência de livros brasileiros em seu próprio país e também nos países africanos de língua portuguesa).

Sobre a atuação do Ministério das Relações Exteriores, Pimentel declarou que "o Itamaraty está correto ao querer a unificação, mas está errado ao permitir que o interesse político desconsidere as questões educacionais, pedagógicas e culturais". “Ao forçar o acordo, o Brasil está sendo visto como impositor. É importante que haja discussão entre os países”, avalia.

* Da Agência Senado


*PS do blog
: Para este blogueiro, e nada me convencerá do contrário, a reforma ortográfica, implementada por um conselho de notáveis escolhido a dedo, não passa de uma política cínica para incrementar a venda de livros, milhões de livros, e engordar os lucros do setor livreiro do país e fora dele. Dicionários e gramáticas novos, livros didáticos e paradidáticos encabeçam o mercado brasileiro.

Para se ter uma ideia, o segmento didáticos faturou, em 2010, R$ 2,1 bilhões, para um faturamento total do setor de cerca de R$ 4,5 bilhões. Precisa dizer mais?

Quanto às regras propriamente ditas, as confusões, exceções contraditórias e falta de critérios mostram que a reforma, além de tudo, empobreceu e violentou a língua. Fora os exemplos citados acima no texto da Agência Senado, o fim do trema etc, há coisas absurdas. Exemplo: a queda do acento para diferenciar o verbo parar no presente do indicativo (pára) da preposição.

Vejam essa manchete de jornal, que li esta semana: “Cidade para após problema em ponte”. A frase tem dois significados. Como verbo, o para indica o sentido de que a cidade ficou paralisada depois de problemas com a ponte; mas, como preposição, podemos ler assim: [como ficará] a cidade depois de resolvido o problema da ponte.A língua portuguesa é como a Constituição brasileira. Uma colcha de retalhos e de emendas.

9 comentários:

Anônimo disse...

Resistência é uma palavra muito branda para o que vai acontecendo aqui em Portugal relativamente ao desacordo.
Lutem também por nós,que lutamos por vocês também!
Viva o Português do Brasil e viva o Português de Portugal!
Não ao AO!

Paulo M disse...

Tempos atrás ouvi uma declaração do Pasquale Cipro Neto, que dizia sentir-se culpado por recomendar às pessoas, pelo rádio, que investissem num bom dicionário, mesmo que pra isso tivessem que fazer certo sacrifício financeiro. Essa reforma ortográfica defasou, como um relâmpago, os dicionários de língua portuguesa, alguns caríssimos, como o do Houaiss, que muitos compraram com dificuldade. Já Evanildo Bechara (a favor da reforma), em entrevista, uns dois ou três anos atrás, disse ser contra programas de rádio e TV que ensinam gramática às pessoas por considerar autoritário "impor" a gramática normativa ao povo. A língua tem de ser democrática, segundo ele. Nas entrevistas a jornais, o catedrático procura aparentar algo com que não contribui na prática. Quer ser o dono do conhecimento.
Essa reforma ortográfica, além de arbitrária, é ridícula. Tirar o acento do verbo parar, que o distinguia da preposição, é um crime. "Co-organizador" se escreve com hífen. "Coordenador", sem o hífen, rs. Pode? Ambos levam o prefixo "co" igualmente. Por que um tem o hífen e o outro não? Concordo em termos com o Ernani Pimentel. Na verdade, o que se tem que discutir é o acesso das pessoas ao ensino da língua portuguesa, não o da língua a elas, nem reforma ortográfica alguma. Invenção de moda.

Eduardo Maretti disse...

É isso aí, caro amigo lusitano, "Viva o Português do Brasil e viva o Português de Portugal!" E de Moçambique, de Angola...

A luta será árdua, mas, quem sabe, da indignação surja no mínimo a consciência de que essa reforma é "arbitrária" e "ridícula", como diz Paulo M acima. Quem sabe a tal reforma que "defasou, como um relâmpago, os dicionários de língua portuguesa", encontre resistências tão ou mais poderosas do que aquelas que a engendraram.

Anônimo disse...

Eu não me incomodaria minimamente se quizessem fazer uma homogenização da lingua de uma forma legítima, por especialistas principalmente do Brasil e de Portugal. Mas que fosse algo bem conseguido e levasse em conta o maior número de sensibilidades. Mas não se pretende gastar dinheiro com cientistas (linguistas), pretende-se dá-lo a ganhar a editores.

Se não mexessem no Português Europeu, então nesse caso para mim estaria perfeito! Para mim, a língua do país mais monoglossico da Europa está longe de ser uma manta de retalhos! Eu diria que roça a perfeição, mas isto sou eu a fazer um auto elogio. Agora esta espécie de "arranjo ortográfico" incoerênte, inconsistente e mal conseguido é uma aberração! Que tão grande epifania pode ter surgido aos autores e subscritores deste "arranjo ortográfico", que vem impôr a nós Portugueses um critério fonético para a ortografia, quando o sistema fonético Português que tentam homogeneizar com o Brasileiro são tão distintos?! Mais valia que criassem uma lingua Brasileira. Assim como assim, Portugueses e Brasileiros continuam a entender-se perfeitamente, até oralmente (!!!) onde a diferença é muito maior do que na ortografia!

Deixo-vos aqui o testemunho de um académico Francês que uma amiga do FB encontrou:

“(…) Segundo um conceituado professor universitário francês, especialista da língua portuguesa, a definição clara da norma, a sua solidez e estabilidade são trunfos que valorizam qualquer língua aos olhos de quem a aprende e ensina no estrangeiro:
«A norma de Portugal é bastante fácil de definir, pois ela goza de um vasto consenso e foi muitas vezes estudada. A do Brasil, pelo contrário, coloca um problema específico, pois está longe de ser universalmente reconhecida, até pelos próprios brasileiros. (…)”
in “Reflexos Cidadãos” carta enviada à directora do Público em 04/03/2011 por Maria José Abranches Gonçalves dos Santos (Prof. Aposentada do Ensino Secundário – Português e Francês; ex-Leitora na Universidade de Paris III)"

Saudações deste jardim à beira-mar plantado! =)

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