quarta-feira, 3 de abril de 2013

Público-alvo



Do  Futepoca



Exemplo prático para observar a quem a Veja se dirige: "Você", o leitor próximo, que interessa à publicação da editora Abril, é um homem, branco, classe média/rico, tipo executivo - com cara de desconsolo por um "direito" (privilégio) perdido; "Ela", o ser distante, estranho e indesejável, é uma mulher, negra, nordestina, pobre, com pouco estudo - e a revista dá a entender que, por isso mesmo, decide errado (prejudicando "Você"). Ou seja, "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes" (Karl Marx). Situe-se. E observe o discurso e sua direção.

PS do blog: para quem não sabe, a capa da direita está nas bancas esta semana, após a aprovação, na semana passada, da chamada PEC das Domésticas, promulgada ontem, dia 2.

PS 2: concordo com o comentário de alguém, no post do Futepoca: "surpreende positivamente que a Veja chame a PEC de 'marco civilizatório'". Seja como for, nunca podemos esquecer do poder das imagens. Que fica nas bancas de jornais por uma semana. Toda a propaganda é baseada em imagens. De Stalin ou das agências publicitárias de hoje.

2 comentários:

Unknown disse...

Valeu pelo compartilhamento, Edu. Esse tipo de avaliação crítica da mídia é um primeiro passo para o que planejo fazer um dia: cursos sobre COMO CONSUMIR COMUNICAÇÃO, voltados prioritariamente para as classes populares. Para explicar aquilo tudo que nós, jornalistas, estamos carecas de saber, mas que não chega ao povão - que veículo de comunicação é, antes de tudo, uma empresa e precisa dar lucro (e por isso prioriza, na emissão de conteúdo, os interesses do proprietário); que a exposição no alto e em páginas ímpares tem mais importância; que explicam o bife como sendo a vaca; que pau que bate em Chico não bate em Francisco etc etc etc. Se tem alguma coisa de útil que podemos fazer pela sociedade, como jornalistas, é isso. Porque informação, pra mim, é um produto como qualquer outro. Você tem que saber o que é, de onde vem, quem fez, para quem se destina etc. Para acabar com a maior mentira desde Gutemberg, de que tudo o que a imprensa diz é verdade. No máximo, chega a ser uma versão. Em muitos casos, nem isso...

Abraço,

Marcão

Paulo M disse...

A grande mídia se vê obrigada a mudar seu discurso quando percebe que ele já não vende tanto, assim nas bancas e nas telas como em ideias. Lula e Dilma foram eleitos pelo Nordeste, e Haddad pela periferia paulistana. Isso porque essa periferia vota pensando na esperança de melhores condições de vida, enquanto a classe média mira a moralidade, um candidato que não se oponha à homofobia nem pense em levantar debates sobre o aborto ou a eutanásia. Venderam a ela (classe média), da mesma forma, a ideia de que a felicidade é um produto de consumo e que não passa pelo bem-estar geral.
Em resumo, a revista Veja e a TV Globo podem ainda não ter perdido dinheiro na venda de seus produtos, mas entendem que sua linha de pensamento já não vende ideias como vendia na ditadura militar. A democracia (que querem vender também) tem preço, e não é barato, meu filho.