Curiosas coincidências nos prega a história. Como se sabe, na noite de 31 de março para 1° de abril de 1964, deu-se o golpe militar no Brasil, que derrubou o presidente João Goulart e instaurou a ditadura que perdurou no Brasil por 21 anos. Há 49 anos, portanto, tinha início um dos períodos mais obscuros da história brasileira, que nos causou tantos danos que ainda hoje é difícil medir seus efeitos devastadores, dos quais, talvez, o que fizeram com a educação seja o mais pernicioso. Ela foi aos poucos sendo sistematicamente mediocrizada ao longo das décadas. Quando estudei, ainda se ensinava francês na escola estadual. Filhos da classe média e média alta procuravam as escolas estaduais, sentavam-se nas mesmas carteiras que os meninos pobres. Isso tudo acabou. Hoje vemos o resultado dessa devastação social e cultural.
Mas eu falava de coincidências. Há 74 anos, no mesmo 1° de abril, mas em 1939, terminava a Guerra Civil Espanhola, um dos mais sangrentos conflitos da Europa no século XX, e começava um período de terror sem fim, a ditadura de Francisco Franco. A Guerra Civil na Espanha, como a brasileira, é chocante por ser um conflito fratricida. A diferença é que, embora seja difícil chegar a dados exatos, estima-se que morreram 400 mil espanhóis na Guerra Civil.
Entre eles o poeta Federico Garcia Lorca, assassinado em 1936 pelos fascistas com apenas 38 anos. Sobre ele, disse seu companheiro de surrealismo e cineasta Luis Buñuel: "De todos os seres que conheci, Federico é o mais marcante. Não falo nem de seu teatro, nem de sua poesia, falo dele. A obra-prima era ele" (no livro Meu Último Suspiro, ed. Nova Fronteira).
É difícil de se quantificar o número de mortos no regime franquista (1939-1976), como o da Guerra Civil. Mas estima-se que, durante todo o período, o fascismo espanhol matou entre 1 e 2 milhões de espanhóis.
Abaixo, documento assinado pelo ditador Francisco Franco, em que anuncia o fim da Guerra Civil, dando início ao período de terror que só terminaria em 1976.
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Fonte: Wikimedia Commons |
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