segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo, o Fenômeno, foi um dos maiores

Ronaldo na coletiva - TV Globo/Reprodução


O fim da carreira de Ronaldo, aos 34 anos, poderia ter sido menos melancólico. Ele deveria ter se retirado dos campos num momento em que ainda tinha algo a apresentar, mesmo que muito, mas muito menos do que em seu apogeu, período que se estende do PSV da Holanda (1994–95), pois no Cruzeiro jogou pouco, até sua passagem pelo Real Madrid (de 2002 a 2007). Do menino franzino que surgiu no Cruzeiro em 1993, oriundo do São Cristóvão (Ronaldo é carioca), até o ex-atleta em atividade de hoje, muita água passou por baixo da ponte.

Até mesmo nesse fim de carreira o jogador teve momentos que empolgaram os amantes do futebol, no primeiro semestre de 2009, quando conquistou com o Corinthians o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. Os lances simbólicos daquele ano e de sua passagem pelo Parque São Jorge foram os golaços que fez na Vila Belmiro, no primeiro jogo da final do estadual, quando o time da capital venceu o Santos por 3 a 1 (o jogo de volta foi 1 a 1). O mais festejado foi o segundo, por cobertura, em Fábio Costa. Mas a matada que deu no primeiro foi algo magnífico (como torcedor é cruel e ingrato, muitos dos corintianos que hoje o xingam parecem já ter-se esquecido daquelas alegrias – mas este não é um post para falar dos “pobres de espírito”).

Confira os gols na Vila Belmiro
:


Romário ou Ronaldo?
Se você pergunta aos jovens que têm hoje entre 20 e 30 anos “qual o melhor jogador que viu jogar?”, o número dos que citam Ronaldo ou Romário é enorme, independentemente do time para que torcem. Àquela velha pergunta: quem você acha que jogou mais, Romário o Ronaldo?, esses jovens se dividem.

Eu prefiro os dois. Cada um foi genial em seu estilo. O Baixinho – com seu senso de colocação, precisão no arremate e movimentação na área – conduziu o Brasil à conquista da Copa do Mundo de 1994; o Fenômeno – com a explosão no arranque fulminante, a habilidade e também a precisão – foi o matador implacável do título de 2002.

A propósito, não custa lembrar que Ronaldo é o maior artilheiro de Copas do Mundo, com um total de 15 gols marcados em três Mundiais (em 1994, com quase 18 anos, estava no elenco de Parreira nos Estados Unidos, mas não entrou em campo). Em Copas, o Fenômeno estufou as redes quatro vezes em 1998, oito em 2002 e mais três no Mundial de 2006. Marcou pouco menos de 400 gols na carreira, contra mil e poucos de Romário (que nunca teve graves lesões).

Antes da Copa de da Coréia/Japão em 2002, li artigos, alguns depreciativos, dando por encerrada a carreira do jogador, que havia sofrido grave lesão na Inter de Milão (onde recebeu dos italianos o apelido de Fenômeno). Isso se deve, para mim, a uma espécie de raiva talvez inconsciente que muitos brasileiros têm das coisas do Brasil, o complexo de vira-lata, talvez. Considerado acabado, o Fenômeno calou a boca dos críticos e trouxe a Copa. Depois ainda fez muito no Real Madrid, tanto que na lista de seus gols top ten (por certo subjetiva) do vídeo abaixo, no Youtube, vários são os marcados pelo time merengue.

Enfim, sem Ronaldo, de quem eu sempre fui fã, mesmo quando acabou com meu time na Vila Belmiro, o futebol brasileiro teria sido bem mais pobre.

Gols de Ronaldo (top ten):



PS: claro que, quando me refiro a Romário e Ronaldo, não quero dizer que esses foram os dois maiores, sozinhos. Mas com certeza estão numa lista de craques de todos os tempos.

Para mim, a grande seleção de 1970 tinha Pelé, Rivelino e Tostão para entrar nessa lista. Sobre Gerson, tenho dúvidas: apesar da genialidade de seu passe, liderança e colocação, era fisicamente muito limitado. Antes deles, Garrincha, claro. Didi, Pepe e Nilton Santos, os quais, como Garrincha, não vi jogar, incluo na lista porque não é possível que tanta gente entendedora de futebol se engane. Entre brasileiros, Zico entra sem dúvida, apesar de não ter ganhado nenhuma Copa do Mundo, e Ademir da Guia, que virou até poema de João Cabral de Mello Neto. E Falcão, volante do Internacional dos anos 70, que virou o “Rei de Roma”.

Maradona, Beckenbauer e Johan Cruijff, entre os estrangeiros, além do incrível alemão Gerd Müller, que, com 14 gols, é o segundo maior artilheiro da história das Copas, atrás apenas de Ronaldo. E o húngaro Puskas, também confiando na história e seus narradores. Tirando Puskas, jogadores anteriores aos anos 60 é impossível de listar.

Evidentemente, toda lista é falha e esta não é exceção.

Atualizado às 16:13

4 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

É um grande orgulho ver o Ronaldo se aposentando com a camisa do Corinthians. O "projeto Ronaldo" era que ele se aposentasse ajudando o Corinthians a ganhar a tão sonhada libertadores. Não deu. Paciência. Os animais que hoje o estão massacrando não representam a nação corintiana.
Para mim ele merece um lugar especial entre os ídolos da história do Corinthians. O título paulista de 2009 foi lindo, o primeiro que o Corinthians ganhou depois do rebaixamento, invicto, coisa que não acontecia desde 1938. Tudo isso se esquece muito facilmente no mundo cão do futebol.

Espero que ele faça um jogo oficial de despedida pelo Corinthians, que ele faça um gol, e que a Fiel seja justa e lhe renda a devida homenagem.

Luciano disse...

Foi um gênio! escolheu o lugar certo pra encerrar a carreira.

Valew Ronaldo... matador de bambi, porcos e sardinhas!

Eduardo Maretti disse...

Toda lista tem falhas, como eu disse no post. Por isso este comentário: faltou na lista um dos maiores que vi jogar: Zinedine Zidane.

Incrível eu ter esquecido esse gigante.

Luciano disse...

dudu ... concordo.... Zidane tbm foi um gênio.