quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Era Mano Menezes começa com a cara do Santos

A era Mano Menezes começou na seleção brasileira. Uma era simbolizada pela alegria de jogar futebol , só nossa. A cara do time não poderia ser outra senão a dos meninos do Santos. No estádio New Meadowlands, em Nova Jersey, com 77 mil pessoas, o Brasil foi comandado por um Paulo Henrique Ganso com porte e futebol de veterano, envergando a camisa 10 que foi de Pelé e Zico e deve pesar uma tonelada. Neymar, quase sempre pela esquerda, jogou tão à vontade que nem parecia ser outro estreante. Robinho, capitão, menino já experiente, se movimentando, e Pato, bem também, completaram a linha de frente da esquadra verde-e-amarela, a deixar aparvalhada a zaga adversária. Final: Brasil 2 a 0 fácil, com gols de Neymar e Pato ainda no primeiro tempo. Triste para mim, santista, foi ver Robinho e André, que entrou no segundo tempo no lugar de Pato, já não mais atletas do histórico Santos de 2010.

Foto: Reprodução

Paulo Henrique Ganso, o maestro

Depois de um início meio inseguro, a equipe foi se tornando consistente e tomou conta do jogo, com segurança e a rapidez nascida do espírito desse ofensivo Santos campeão paulista e da Copa do Brasil. “O que vimos não foi resultado do treinamento, mas da qualidade individual dos jogadores”, disse o treinador Mano Menezes na coletiva pós-jogo.

Mas o amplo domínio brasileiro e a estréia vitoriosa não podem esconder o fato de que a seleção norte-americana, um time normalmente difícil de bater, disputou essa partida de maneira protocolar. Apesar do time de Mano ter entrado em campo para vencer primeiro a ansiedade, e contra um time já montado, que disputou a Copa do Mundo, convenhamos, o selecionado de Donovan e companhia não demonstrou muito interesse na partida.

André Santos, pela lateral esquerda, jogou com segurança, e procurando o jogo com personalidade. A zaga, com Thiago Silva e David Luiz, nos fez esquecer por 90 minutos (e quiçá, para sempre) a interminável dupla Lúcio e Juan. E o meio-campo com os volantes Lucas e Ramires enterra a memória do grotesco Felipe Melo e brucutus de seu tipo.

As notas negativas foram duas: Daniel Alves, um jogador medíocre e nervosinho que destoou do espírito do time, não tem lugar na lateral direita; e Ederson, para mim um ilustre desconhecido, entrou no lugar de Neymar e teve uma noite lamentável, pois não jogou nem um minuto e saiu depois de fazer sua única e bizarra jogada, ao tentar uma pedalada desajeitada, pisar em falso e chutar o vento. Caiu com uma contusão muscular e foi substituído por Carlos Eduardo. Uma ressalva: o goleiro Victor não inspira muita confiança.

Fica como registro a ficha técnica da estréia da seleção brasileira de Mano Menezes, e os gols da partida.

Estados Unidos 0 x 2 Brasil
10/08/2010
Estádio New Meadowlands, Nova Jersey

EUA
Howard (Guzan); Spector, Bocanegra (Goodson), Bradley e Gonzalez; Donovan (Findley), Bedoya (Gomez), Bornstein e Buddle (Altidore); Edu e Benny Feihaber (Kljestan).
Técnico: Bob Bradley.

Brasil
Victor; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires (Hernanes) e Ganso (Jucilei); Robinho (Diego Tardelli), Neymar (Ederson) (Carlos Eduardo) e Alexandre Pato (André). Técnico: Mano Menezes.

Gols: Neymar, aos 28, e Alexandre Pato, aos 45 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: David Luiz (BRA)
Público: 77.223 pagantes
Árbitro: Silviu Petrescu (CAN). Auxiliares: Joe Fletcher (CAN) e Daniel Belleau (CAN)

Veja os gols da partida:



9 comentários:

Victor disse...

O melhor ataque do Brasil (o mesmo do Santos) facilitou a vida da seleçã. Duas coisas interessantes que vc mencionou no seu texto: a seleção real ainda não existe do ponto de vista de um time dos melhores, um time que treinou junto para apresentar um futebol superior a de um time normal, afinal, espera-se dos melhores algo que não se encontra nos jogos normais, por isso vamos esperar o trabalho do Mano; a segunda cosia é que o time americano, além de ser uma seleção mais fraca, fazia um amistoso, espírito completamente diferente de uma disputa de mata mata da copa do mundo.
Lembro que na Copa das Confederações a seleção de Dunga ganhou com time reserva por 3 x 0, e diziam as matérias, apresentando um bom jogo. Gols de Felipe Melo, Robinho e Maicon.
Agora, nos comentários que ouvi nota-se que a mídia continua batendo no Dunga ao invés de criticar a seleção com o mesmo rigor. Esse Dunga realmente incomodou o poder estabelecido.

Felipe Cabañas da Silva disse...

o Ganso realmente tem um futuro brilhante pela frente. É bom, é corajoso, tem personalidade e ao mesmo tempo não tem a máscara do Neymar.
É um craque que tem equilíbrio psicológico, cada vez mais difícil de encontrar hoje em dia. Tem tudo pra vestir a 10 e não tirar mais até se aposentar.

Eduardo Maretti disse...

Victor, o Brasil ganhou dos EUA de 3 a 0 na 1ª Fase da Copa das Confederações de 2009. Mas os times voltaram a se encontrar... na final: Brasil 3 a 2 de virada.

E, Felipe: se o Neymar é mascarado ou não, isso importa menos do que seu futebol. Não sei se se pode chamar de mascarado um moleque de 18 anos que joga o que joga, e não é pouco. Alegria e molecagem parece que incomodam as pessoas. O bom é ser carrancudo e obediente. Esse negócio de "máscara" está servindo aos despeitados, me desculpe. Quem viu o mesmo jogo que eu vi ontem achou que os dois melhores jogadores em campo foram Neymar e Ganso (para mim, nessa ordem). E foram MESMO, com André Santos vindo a seguir com grande atuação. E ponto.

abraço

Victor disse...

Eduardo, nada com falar com um expert, obrigado pelo adendo, ainda bem que não atrapalha o objetivo do meu comentário. abs

Paulo M disse...

O Brasil pode reerguer seu futebol perdido desde 86. Esse Neymar joga muito, meio futebol de rua mesmo. O Paulo Henrique (embora tenha me parecido meio acanhado no primeiro tempo) tem uma categoria clássica, cadenciada. Tá tudo recomeçando e tem mais gente que vai ganhar chance. O Elias, do Corinthians, é um. Do Palmeiras, o Lincon (he he, tem que dar uma forçadinha lá, de repente tem vaga ainda). Abrs.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Há quem compare o Paulo Henrique a Sócrates. Eu não sei. Não vi o Sócrates jogar.

Mas o Neymar tá se achando o Pelé e precisa baixar a bola um pouco. Não confundir humildade com obediência. Mas isso é questão de personalidade. Há quem só funcione com uma auto-estima bastante elevada. Um grande pensador com esta personalidade quis demolir o cristianismo e a moral ocidental: Nietzsche.
Primeiro Capítulo de sua autobiografia: por que sou tão sábio
Segundo: por que sou tão inteligente
Terceiro: por que escrevo livros tão bons
Quarto: por que sou um destino.

Há quem diga que auto-estima tão elevada e indestrutível o tenham levado à loucura.

Eu acho que um pouco de humildade é bom e engrandece o homem.

Eduardo Maretti disse...

Pelo amor de Deus (frase estranha para um nietzschiano), Felipe, misturar Nietzsche com Neymar, loucura, filosofia, isso me lembra uma questão caipira: o que que tem a ver o cu cas carça?

Felipe Cabañas da Silva disse...

hehehehe

Nietzsche se achava maior que Jesus (embora o odiasse acima de tudo)

Neymar se acha o Pelé. Em breve se achará maior que ele.

Certamente se o Neymar resolvesse escrever uma autobiografia os nomes dos capítulos seriam muito parecidos com Ecce Homo!.
Aí vai
Primeiro: por que sou tão lindo
Segundo: por que jogo tanta bola
Terceiro: por que faço gols tão maravilhosos
Quarto: por que sou um destino

Pra mim tem tudo a ver oxente! Principalmente depois de umas geladas. he he

alexandre disse...

ô, felipe, para com isso, meu camarada, deixa o moleque jogar!!!