domingo, 8 de agosto de 2010

Um balanço do Campeonato Brasileiro de 2010 após 13 rodadas: Fluminense favorito

O Campeonato Brasileiro de 2010 completou cerca de um terço de seus jogos. Na 13ª rodada, de 38 previstas, algumas observações óbvias, ou nem tanto.

1) Que coisa horrenda esse uniforme do Flamengo na partida com o Corinthians no Pacaembu. Uma avacalhação. Não acredito que os rubro-negros de verdade tenham olhado para aquilo com orgulho.


Que time listrado é esse?

2) O Fluminense me parece o favorito ao título no momento. Não só por liderar a competição com 29 pontos (apenas um a mais do que o vice Corinthians) depois de vencer o Grêmio por 2 a 1 no Olímpico. Mas, principalmente, porque o time, que já era forte, inclusive pelo capital desembolsado pela patrocinadora, parece que incorporou o espírito vencedor de Muricy Ramalho, um cara cujo futebol eu não gosto, mas é inegavelmente competitivo. Não fosse, não teria sido tricampeão brasileiro (2006, 2007 e 2008) com o São Paulo. O Flu, que já tem Conca, Frédi, Washington e que, hoje, jogou no 3-5-2, terá Deco em breve. Com a chegada de Deco e a volta de Frédi, hoje contundido, Muricy terá à disposição um ataque pra ninguém botar defeito (Washington e Frédi) assessorado por um meio de campo invejável. Como as equipes de Muricy são sempre muito fortes na defesa e na marcação, vai ser difícil bater esse time. Washington, de volta ao Flu, deve ter sucesso. É um matador, mas ele precisa que as bolas cheguem. No São Paulo, que vive a carência crônica de um meia clássico, isso nunca aconteceu.


3) São Paulo que, ao fracassar com Ricardo Gomes (foto: Wander Roberto/VIPCOMM), viu cair por terra a “tese” de que, no clube do Morumbi, o esquema é vencedor seja quem for o treinador. Milton Leite chamou a atenção para isso no Sportv, após o empate do Tricolor com o Atlético-PR em 1 a 1 na Arena. Segundo o narrador, o fiasco de Ricardo Gomes evidenciou “a arrogância do São Paulo de achar que faz tudo sempre certo”, e de propagar que Muricy ganhou mais pelos méritos do clube do que dele próprio. A insistência também arrogante dos são-paulinos, manifestada desde a sua cúpula até o torcedor ali da esquina, em propagandear que tudo o que não é Libertadores é desprezível, também vai ser outra “tese” colocada em xeque neste segundo semestre. Não será uma tarefa tão simples para o São Paulo, tendo que se remontar completamente, chegar entre os quatro primeiros do Brasileiro. Aliás, se o campeão da Copa Sul-Americana (que este ano vai à Libertadores) for um time brasileiro, serão só três as vagas do Nacional para a mesma Libertadores.

4) No Palmeiras, as coisas só não estão muito nebulosas por causa de Luiz Felipe Scolari. Desde que ele chegou, o clube já contratou Kleber, Tadeu, Tinga, Valdivia, o volante Rivaldo (ex-Avaí) e o atacante Luan (Toulouse). Mas Felipão, que nunca teve papas na língua, já está reclamando das coisas que não acontecem, dos jogadores que não estréiam, da burocracia no Palestra. Neste domingo, o Alviverde outra vez não ganhou: ficou no 1 a 1 com o Goiás, cedendo o empate, num jogo que estava ganho, aos 44 do segundo tempo. O gol do verdão foi do péssimo Ewerthon (foto), que deve ter feito uma de suas últimas partidas conmo titular. Felipão voltou a manifestar seu, digamos, realismo: “Seguindo com um ponto por jogo vamos chegar a trinta e poucos pontos e vamos brigar para não cair”, disse ele, após o jogo. A última vitória do Verdão foi contra o Santos (2 a 1 no Pacaembu, dia 15 de julho). Já são cinco jogos sem vencer, e quase um mês.

5) O vice líder Corinthians, apesar dos protestos de meus amigos corintianos, continua sem me convencer. No empate com o Palmeiras (1 a 1 na semana passada), o Timão foi inferior. O Alvinegro vai ter que demonstrar de fato se a saída de Mano Menezes, que não era apenas um treinador, mas um líder na Fazendinha, vai ser superada. Adilson Batista ainda não provou ser "o cara" em sua carreira. No Cruzeiro, fez um bom trabalho, mas não ganhou nenhum título importante. A vitória contra o Flamengo neste domingo por 1 a 0 (veja o gol e os melhores momentos do jogo, abaixo) foi conquistada com muito suor, e quase escapou, aos 43min do segundo tempo, quando Julio Cesar fez uma defesa milagrosa, corrigindo um erro dele mesmo ao sair jogando errado.

6) Já o Santos, classificado para a Libertadores, campeão paulista e da Copa do Brasil, com seus 134 gols em 48 partidas em 2010 (média de 2,8 por jogo), vai em vôo de cruzeiro. No Brasileirão, o que vier é lucro, mas o time deve crescer e pode acossar Corinthians e Fluminense na disputa pelo título nacional.

7) (Atualizado às 15h40) Como o leitor deve ter notado, a intenção deste pequeno balanço foi falar dos times que me parecem, no momento, com chances de título (exceto o São Paulo, que acho muito difícil ser campeão). Só não falei do Internacional. Finalista da Libertadores, o Colorado de Celso Roth pode sem dúvida chegar lá, pelo time que tem. Mas, ganhando a Libertadores ou não, o Inter já está no Mundial da FIFA. O time vai focar o Brasileiro ou vai "priorizar" o Mundial?

Veja os melhores momentos de Corinthians 1 x 0 Flamengo

6 comentários:

Anônimo disse...

Edu,

Foram três grandes alegrias nos últimos dias... Vou comentar apenas a arrogância dos “carinhas”:


Arrogância: A (negativo) + rogar, do Latim rogare, (pedir com fervor): “aquele que não sabe pedir; portanto... não obtém."

Paulo M disse...

Perfeito o balanço do brasileirão. Dois comentários com relação a Palmeiras 1 x 1 Goiás, ontem. Primeiro: a arbitragem no futebol brasileiro facilita pra que um time que precisa de gol cave falta nos arredores da área, principalmente em final de partida. Qualquer disputa de bola, atira-se ao chão e pronto: é muito mais fácil cruzar a bola com ela parada e sem marcação do que ter de criar jogadas com sete ou oito adversários tentando destuir. E a juizada se deixa enganar. Segundo, minhas as palavras de Roberto Galluzzi, do Blog do Torcedor, da globo.com: "Se é pra escalar 3 defensores pra proteger a zaga – Pierre, Edinho e Márcio Araújo – que usássemos uma composição mais forte – Pierre, Marcos Assunção e Tinga – principalmente por contarmos com o ainda insipiente Patrick pra municiar o ataque (...). É difícil entender a razão de continuarmos insistindo com um '2º volante' que precisa de 10 partidas pra se destacar numa. Pra mim Tinga é titular e Marcos Assunção também não deveria ficar de fora."

Felipe Cabañas da Silva disse...

Washington é um atacante medíocre. Muricy Ramalho e seu chuveirinho previsível é um esquema em curva descendente (e não me diga que o fato de ter sido chamado à seleção significa muita coisa). Deco está em fim de carreira. O time do Fluminense não tem nada que o Corinthians não tenha.
É um grande candidato a ser um Palmeiras-2009 ou Grêmio-2008, isso sim.

Acharia mais natural se você dissesse que o grande candidato ao título é o Santos. Que birra com o alvi-negro do Parque São Jorge.

Eduardo Maretti disse...

Só não digo que o Santos é UM DOS favoritos porque não sei como será a motivação do grupo depois de dois títulos e já na Libertadores.

Eu não disse que desconsidero o Corinthians. Só disse que,pelo menos os jogos que vi neste Brasileiro, não me convenceu. Nada demais. E não sei como o time vai assimilar a saída de Mano.

Entre Muricy (repito pela enésima vez: de futebol feio) e Adilson, um ganhou três títulos brasileiros, tem um vice (com o Inter) e um Paulista pelo São Caetano. O Adilson parece que tem futuro, mas não ganhou nada ainda. Quer dizer, ganhou o dificílimo campeonato mineiro.

Eduardo Maretti disse...

PS: é verdade, Paulo, é muito irritante essa profusão de faltas inexistentes nos arredores da área. Entra campeonato e acaba campeonato, isso continua. Os juízes marcam, também, não (ou não só) porque caem na onda dos cai-cai, mas porque é mais fácil apitar o jogo parando toda hora. Cansa menos. São ruins mesmo.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Ah... eu queria fazer um comentário sobre o São Paulo mas terminei esquecendo.

Eu vejo que a obsessão sãopaulina com a libertadores e os torneios internacionais (em "ter passaporte") é bem ao gosto das obsessões internacionais de nossas elites (elite intelectual inclusa) que sempre acha a grama do vizinho mais verde e mais macia, está sedenta pela última moda em Nova Iorque e em Paris (inclusive aquela que vem da Rive Gauche). Que, enfim, de um modo geral, acha tudo que é nacional muito banal e um tanto quanto desprezível. O São Paulo é a cara dos sãopaulinos. E o Corinthians, o time da massa operária, começou a entrar nessa onda de obsessão pra carimbar o passaporte. Se me perguntarem se eu quero uma libertadores, óbvio que eu quero, com unhas e dentes. Mas, grandes clubes do mundo, de grande prestígio, não realizaram ainda essa internacionalização. E, via de regra, são os times dos pobres, da massa nacional mesmo, que não tem grana pra carimbar o passaporte. Vejam o caso do Arsenal, por exemplo.

Enfim, continuo achando que é só o Corinthians desencanar dessa obrigação internacional que muitas libertadores virão.