Rod Steiger (à esq.) e James Coburn
O que faz as pessoas amarem o western, ou, como a gente dizia, o faroeste? Claro que há os que, por ideologia, odeiam esse gênero de cinema. Porque é violento, porque é a “manifestação do imperialismo ianque”, porque, enfim, muitas vezes se confunde arte com política ou qualquer outra tolice.
O western seduz o que há de épico na alma humana. Ou, pelo menos, nas almas que têm o épico como arquétipo. Por isso é difícil explicar a paixão pelo gênero.
Pensei nisso revendo o belo Giù la testa (1971), do mestre Sergio Leone (1929-1989), filme também conhecido em inglês como A Fistful of Dynamite, e que entre nós recebeu o péssimo título Quando explode a vingança.
Não é tão importante quanto Era uma vez no Oeste (Once upon a time in the West, de 1968) ou Três homens em conflito (Il buono, il brutto, il cattivo – 1966), as duas obras-primas de Leone.
Quando explode a vingança é a história do encontro improvável entre um guerrilheiro irlandês que lutou em seu país pela independência, no grupo que deu origem ao IRA (sigla em inglês de Exército Republicano Irlandês), e um bandido comum que vagava pela aridez do México na época da revolução mexicana, nas primeiras duas décadas do século XX.
Como uma visão surrealista, o irlandês John Mallory, interpretado por James Coburn, aparece de motocicleta entre carroças e cavalos, para espanto do mexicano Juan Miranda (Rod Steiger) e sua família. Acabam sendo cúmplices. O mexicano, pensando no grande assalto ao banco que sonha realizar, se interessa pelo enorme conhecimento de explosivos revelado pelo irlandês. Um conduz o outro a realizar seus próprios desígnios, enquanto, em flash back, se revela a história de amor e traição vivida por John Mallory/James Coburn em seu país natal, na luta pela independência da Irlanda.
Em A Fistful of Dynamite está a síntese do italiano Leone: o humor e o drama, que se fundem não só em sua obra, mas tantas vezes na vida das pessoas e das nações; a paródia ao western grandiloqüente, falso, americanófilo como o dos filmes de John Wayne; o roteiro por vezes – e deliberadamente, como reforço da paródia – inverossímil; a fotografia exuberante; os planos longos que emocionam; a música magistral de Ennio Morricone, que não é um dado a mais do filme, mas é parte intrínseca da narrativa.
Fora os elementos acima, vale mencionar o grande talento de Leone como diretor de ator. Ele conseguiu por exemplo a proeza de fazer Charles Bronson ser um grande ator, em Era uma vez no Oeste, talvez o maior western de todos os tempos. Em Quando explode a vingança, Rod Steiger (Sindicato de Ladrões, Doutor Jivago) e James Coburn (Pat Garrett & Billy The Kid, um grande faroeste de Sam Peckinpah) não parecem interpretar, mas literalmente são os personagens.
Clint Eastwood dedicou seu grande filme, na minha opinião, Os Imperdoáveis, a dois mestres: Sergio Leone e Don Siegel.
Voltarei a falar do mestre Sergio Leone (o barbudo da foto abaixo).
Segue uma filmografia do diretor. Para quem quer algo mais completo, pode ir ao site imdb.com, no link do diretor aqui abordado, onde as informações, fichas técnicas etc. são bastante abrangentes.
Filmografia de Sergio Leone
Era uma vez na América (1984)
Meu Nome É Ninguém (1973)
Quando Explode a Vingança (1971)
Era uma vez no Oeste (1968)
Três Homens em Conflito (1966)
Por Uns Dólares a Mais (1965)
Por um Punhado de Dólares (1964)
O Colosso de Rodes (1961)
Os Últimos Dias de Pompéia (1959)
O que faz as pessoas amarem o western, ou, como a gente dizia, o faroeste? Claro que há os que, por ideologia, odeiam esse gênero de cinema. Porque é violento, porque é a “manifestação do imperialismo ianque”, porque, enfim, muitas vezes se confunde arte com política ou qualquer outra tolice.
O western seduz o que há de épico na alma humana. Ou, pelo menos, nas almas que têm o épico como arquétipo. Por isso é difícil explicar a paixão pelo gênero.
Pensei nisso revendo o belo Giù la testa (1971), do mestre Sergio Leone (1929-1989), filme também conhecido em inglês como A Fistful of Dynamite, e que entre nós recebeu o péssimo título Quando explode a vingança.
Não é tão importante quanto Era uma vez no Oeste (Once upon a time in the West, de 1968) ou Três homens em conflito (Il buono, il brutto, il cattivo – 1966), as duas obras-primas de Leone.
Quando explode a vingança é a história do encontro improvável entre um guerrilheiro irlandês que lutou em seu país pela independência, no grupo que deu origem ao IRA (sigla em inglês de Exército Republicano Irlandês), e um bandido comum que vagava pela aridez do México na época da revolução mexicana, nas primeiras duas décadas do século XX.
Como uma visão surrealista, o irlandês John Mallory, interpretado por James Coburn, aparece de motocicleta entre carroças e cavalos, para espanto do mexicano Juan Miranda (Rod Steiger) e sua família. Acabam sendo cúmplices. O mexicano, pensando no grande assalto ao banco que sonha realizar, se interessa pelo enorme conhecimento de explosivos revelado pelo irlandês. Um conduz o outro a realizar seus próprios desígnios, enquanto, em flash back, se revela a história de amor e traição vivida por John Mallory/James Coburn em seu país natal, na luta pela independência da Irlanda.
Em A Fistful of Dynamite está a síntese do italiano Leone: o humor e o drama, que se fundem não só em sua obra, mas tantas vezes na vida das pessoas e das nações; a paródia ao western grandiloqüente, falso, americanófilo como o dos filmes de John Wayne; o roteiro por vezes – e deliberadamente, como reforço da paródia – inverossímil; a fotografia exuberante; os planos longos que emocionam; a música magistral de Ennio Morricone, que não é um dado a mais do filme, mas é parte intrínseca da narrativa.
Fora os elementos acima, vale mencionar o grande talento de Leone como diretor de ator. Ele conseguiu por exemplo a proeza de fazer Charles Bronson ser um grande ator, em Era uma vez no Oeste, talvez o maior western de todos os tempos. Em Quando explode a vingança, Rod Steiger (Sindicato de Ladrões, Doutor Jivago) e James Coburn (Pat Garrett & Billy The Kid, um grande faroeste de Sam Peckinpah) não parecem interpretar, mas literalmente são os personagens.
Clint Eastwood dedicou seu grande filme, na minha opinião, Os Imperdoáveis, a dois mestres: Sergio Leone e Don Siegel.
Voltarei a falar do mestre Sergio Leone (o barbudo da foto abaixo).
Segue uma filmografia do diretor. Para quem quer algo mais completo, pode ir ao site imdb.com, no link do diretor aqui abordado, onde as informações, fichas técnicas etc. são bastante abrangentes.
Filmografia de Sergio Leone
Era uma vez na América (1984)
Meu Nome É Ninguém (1973)
Quando Explode a Vingança (1971)
Era uma vez no Oeste (1968)
Três Homens em Conflito (1966)
Por Uns Dólares a Mais (1965)
Por um Punhado de Dólares (1964)
O Colosso de Rodes (1961)
Os Últimos Dias de Pompéia (1959)
2 comentários:
Incrível como a genialidade é um diferencial.
Leone é um desses, digno de reverência. Com certeza,
se não tivesse visto algum filme do Leone, estaria procurando
algo para ocupar um grande vazio em mim. Muito bem sintetizado
o texto, Edu.
Sérgio Leone é massa!
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