Ator na Vila Madalena/foto: Eduardo Maretti
Eu estava com amigos na Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, na última quinta-feira, 7, quando um desses amigos informou que Paulo César Pereio estava por ali.
O ator gaúcho nascido em Alegrete em 19 de outubro de 1940 já atuou, entre outros, em filmes como Terra em transe (direção de Glauber Rocha, 1967), interpretando um estudante; Vai trabalhar, vagabundo (Hugo Carvana, 1973), como o personagem Russo; Toda nudez será castigada (Arnaldo Jabor, 1973), como Patrício; Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (Hector Babenco, 1977), como Doutor Moretti; Chuvas de Verão (Cacá Diegues, 1978), como Juraci; Eu te amo (Arnaldo Jabor, 1981), como Paulo.
Em seu mais recente filme, É proibido fumar, de Anna Muylaert, lançado em dezembro último, ele teve participação especial. Faz atualmente o programa de entrevistas "Sem Frescura", do Canal Brasil (terças-feiras, 19h30).
Quando eu avisei que ia falar com Pereio, o mesmo amigo que me informara de sua chegada ao bar alertou para eu não ir. “Ele pode te mandar tomar no cu”, disse meu amigo, zelando pela minha saúde mental.
Mas eu fui. Foi um improviso, quase impossível, dado o alto volume das dezenas de conversas que se superpunham entre as mesas e a calçada onde muitos estavam, fumando. Não reparei se Pereio fumava.
A mini-entrevista ficou assim:
O que você está fazendo na Vila Madalena?
Eu tô comprando tempo.
Como se sabe, você é gaúcho. Por que escolheu morar em São Paulo?
Porque aqui eu posso ser confundido com um ser humano.
Qual o melhor filme que você já fez?
Essa pergunta eu não respondo.
Por quê?
Porque eu não sou crítico, eu sou artista. Artista não pode ser crítico. [A crítica] Entra pra consciência dele [artista] e passa a proibir ele de fazer aquilo. Eu perco o direito de pisar na bola, porque essa merda entra pra minha consciência... Então eu não critico porque eu não quero ficar estéril. Era só.
PS: Não tive sequer tempo de perguntar o que Pereio acha da lei antifumo do Serra. Ele mesmo se encarregou de encerrar o papo. Achei melhor não contrariar.
Eu estava com amigos na Mercearia São Pedro, na Vila Madalena, na última quinta-feira, 7, quando um desses amigos informou que Paulo César Pereio estava por ali.
O ator gaúcho nascido em Alegrete em 19 de outubro de 1940 já atuou, entre outros, em filmes como Terra em transe (direção de Glauber Rocha, 1967), interpretando um estudante; Vai trabalhar, vagabundo (Hugo Carvana, 1973), como o personagem Russo; Toda nudez será castigada (Arnaldo Jabor, 1973), como Patrício; Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (Hector Babenco, 1977), como Doutor Moretti; Chuvas de Verão (Cacá Diegues, 1978), como Juraci; Eu te amo (Arnaldo Jabor, 1981), como Paulo.
Em seu mais recente filme, É proibido fumar, de Anna Muylaert, lançado em dezembro último, ele teve participação especial. Faz atualmente o programa de entrevistas "Sem Frescura", do Canal Brasil (terças-feiras, 19h30).
Quando eu avisei que ia falar com Pereio, o mesmo amigo que me informara de sua chegada ao bar alertou para eu não ir. “Ele pode te mandar tomar no cu”, disse meu amigo, zelando pela minha saúde mental.
Mas eu fui. Foi um improviso, quase impossível, dado o alto volume das dezenas de conversas que se superpunham entre as mesas e a calçada onde muitos estavam, fumando. Não reparei se Pereio fumava.
A mini-entrevista ficou assim:
O que você está fazendo na Vila Madalena?
Eu tô comprando tempo.
Como se sabe, você é gaúcho. Por que escolheu morar em São Paulo?
Porque aqui eu posso ser confundido com um ser humano.
Qual o melhor filme que você já fez?
Essa pergunta eu não respondo.
Por quê?
Porque eu não sou crítico, eu sou artista. Artista não pode ser crítico. [A crítica] Entra pra consciência dele [artista] e passa a proibir ele de fazer aquilo. Eu perco o direito de pisar na bola, porque essa merda entra pra minha consciência... Então eu não critico porque eu não quero ficar estéril. Era só.
PS: Não tive sequer tempo de perguntar o que Pereio acha da lei antifumo do Serra. Ele mesmo se encarregou de encerrar o papo. Achei melhor não contrariar.
5 comentários:
Edu, sua entrevista foi fantástica. Curto e grosso. Sem mais delongas. Beijos e parabéns pela ousadia
Só dele não ter te mandado tomar no cu, foi uma baita conquista!
Genial, simplesmente genial. Uma grande mini entrevista.
Edu! Jornalismo verdade é isso. Quando crescer eu quero ser assim "quem nem você" (rsrssr). Abrax. Emerson
Edu, vou chover no molhado, como se dizia antigamente, com respeito à essa entrevista. Em um momento em que quase tudo já foi dito sobre quase tudo que existe, o menos é mais.
Quem conhece a trajetória do ator irá achar impressionante a coerência dele: pessoa, persona, personagem _ como enxergar os limites de cada um dos Pereios.
Você precisou de apenas quatro perguntas e breves respostas para revelar-nos quem é esse ótimo talento da dramaturgia brasileira.
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