POESIA
A lenda onírica do escorpião
Aquilo que é natural:
uma explosão espalhando um coração:
galáxia fictícia
que gerou um sistema solar inteiro
de planetas desabitados.
E, fechados em um círculo de fogo,
um escorpião e um homem
travando a batalha egoísta
por um universo que pertencia às estrelas,
por um chão que aos olhos cabia fecundar
– Talvez em sonhos.
A mensagem de um milhão de mitos
transformou o chão do homem em uma poça
envenenada pela cauda do animal acuado na noite.
E de manhã já não havia mais nada.
Apenas a criação da criatura,
que em minutos levou o veneno aos céus.
Orion está morto.
(Edu Maretti/1983)
6 comentários:
Olha só. E não é que o Edu também é poeta? Então o meu amigo Gabriel "tem tutano", como se diz lá no nordeste [tem a quem puxar]. Me lembrou um pouco alguns poemas oníricos do Borges. Muito bom. Abraços!
Valeu pelas palavras, Felipóvski!
Tinha um erro de digitação no poema. Onde se lia "envenenada pela causa do animal acuado na noite", o certo era "envenenada pela cauda do animal acuado na noite"... cauda do animal, e não causa.
Mas já corrigi lá.
Muito bonito esse poema. Engraçado que na quarta feira à noite, com o céu bem limpo, (aqui em SP isso é difícil, mas achei que estava mais limpo do que em outras noites) dava para ver algumas estrelas mais nítidas e a constelação de Escorpião bem acima e a meia lua se pondo.
A constelação de escorpião é lindíssima. Nesses dias, ela pode ser facilmente vista mais ou menos "a pino", em cima de nós, por volta das 20h ou 21h...
Consigo enxergar Orion mais nesse belo poema do que no céu noturno, embora adore também as estrelas e esse bicho extraordinário e suicida, tão comum e tão raro de se ver, mas que eu vi ao vivo e a cores duas ou três vezes na minha infância. É onírico mesmo o poema, como muito bem disse o Cabañas.
Bah! correu pelas veias e em centésimos chegou ao cérebro.
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