quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Podemos da Espanha e as esquerdas


O partido espanhol de esquerda Podemos tem servido de inspiração, modelo e exemplo para várias pessoas, no Brasil inclusive. Pensando nisso, achei interessante o que disse hoje um de seus porta-vozes, o advogado Rafael Mayoral, sobre a questão da identidade, ou não, entre os movimentos de esquerda no mundo.




O dirigente disse o seguinte, ao ser instado a opinar sobre o “bolivarianismo” sul-americano, questão que pressupõe a comparação entre os exemplos venezuelano e espanhol como caminhos (paralelos ou não?) da esquerda: “Nós não copiamos ninguém. Podemos funciona porque é uma expressão política que responde às necessidades e às aspirações do nosso povo. Quando deixarmos de ser assim, deixaremos de funcionar. Se nos perguntarem o que se deve fazer, responderemos: que ninguém nos copie. Copiar é um erro.”

Membro da executiva do Podemos, o ativista concedeu coletiva a jornalistas na manhã/tarde desta quarta-feira no Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, em São Paulo, onde estive como repórter da RBA (a matéria aqui). 

Essa abordagem (“copiar é um erro") das idiossincrasias nacionais é interessante, e de certo modo nova, politicamente, apesar do tom que denota também o conhecido orgulho espanhol. Mas a posição manifestada pelo dirigente do Podemos é, como eu disse, interessante. 

Sou um dos muitos que cresceram sob a égide da luta ideológica entre facções esquerdistas, que, segundo as conveniências ou meros gostos pessoais (muitas vezes baseados no desconhecimento das Culturas nacionais – com C maiúsculo mesmo), adotam esta ou aquela “corrente”.

“Sou trotskista”; “sou stalinista”; “não, a revolução é maoista”; “sou leninista”, “sou castrista, viva Cuba”; “acredito no PCI”...

Em 1989 a esquerda brasileira se dividiu entre Brizola e Lula – e deu em Collor.

Reflexões.

Mayoral enfatizou (ou se esforçou para esclarecer) que o projeto do Podemos, segundo ele, tem como uma das bases um princípio jurídico, o que é importante: “Queremos um projeto alternativo que converta a Declaração dos Direitos Humanos em uma realidade para os povos. Defendemos a necessidade da tipificação de delitos econômicos de lesa-humanidade”. O aumento da mortalidade infantil na Grécia, “sendo submetida a um terrorismo econômico”, é um exemplo de violação dos direitos humanos, disse.

No Brasil ainda estamos falando em golpe, algo que supostamente a Constituição de 1988 tinha abolido.

A Constituição brasileira de 1988 incorpora, ainda que tardiamente, o próprio espírito da Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que é do longínquo dia 10 de dezembro de 1948.

Diz a Declaração das Nações Unidas, por exemplo:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”

Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades  estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”

A semelhança com os princípios inscritos no artigo 5° da nossa Constituição de 1988 não é mera coincidência. Mas esses princípios infelizmente ainda não vigoram no Brasil, nem em várias partes do mundo.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pensamento para sexta-feira [60] – Ucrânia



Conhecido como miliciano “Texas”, cidadão norte-americano que foi combater no leste da Ucrânia contra as forças fascistas do governo ucraniano conta episódio em escola destruída na batalha.






quinta-feira, 2 de julho de 2015

A indignação de Joanna Maranhão


Reprodução
O depoimento em vídeo que a nadadora pernambucana Joanna Maranhão postou hoje na internet é muito significativo. “Vou para o Pan-Americano, vou defender o meu país, mas não vou estar representando essas pessoas que batem palmas pra Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha, Malafaia... Não são vocês que estou representando. A torcida de vocês não faço questão nenhuma de ter.”

A intervenção indignada (assista ao vídeo abaixo) foi um desabafo depois do espetáculo circense neofascista a que assistimos ontem na Câmara dos Deputados, patrocinado por Eduardo Cunha.

"Já e a segunda vez que eu amanheço e tomo conhecimento dessas manobras criminosas que Eduardo Cunha tem feito no Congresso e eu sinto um desgosto muito grande", disse Joanna, sobre a desfaçatez cínica com que o presidente da Câmara passou por cima da Constituição e da Democracia e fez aprovar em primeiro turno a redução da maioridade penal, exatamente como fizera com a PEC do financiamento privado de campanhas eleitorais.

O mundo de atletas é um mundinho estreito. A todo momento vemos esses analfabetos políticos dizerem (literalmente) amém a tudo, atribuir qualquer conquista ou derrota à vontade do senhor. Agora há pouco, minutos atrás, o atacante Fred, do Fluminense, chamado a falar de seu gol contra o Santos no Maracanã, começou assim: "fui abençoado com esse gol..."

Atualmente (e no jogo Santos x Fluminense os dois times festejaram gols assim) você não vê mais nem mesmo comemoração de gol. Os jogadores fazem uma rodinha, ajoelham e levantam as mãos ao céu. Quase todos os gols agora são comemorados assim! É inacreditável, é doentio. Estou convencido de que é também por causa dessa mente obtusa e acéfala que o futebol brasileiro está como está, embora haja outros fatores, que não vêm ao caso aqui.

Vi o River Plate eliminar o Cruzeiro da Libertadores por 3 a 0, em Minas, em maio. O jogo mostrou bem o que é um time que tem cérebro, tática e cultura (River) contra um bando de pentecostais que só falam no "senhor". Os argentinos jogam futebol e pensam, os brasileiros nem jogam bola e muito menos pensam mais.

Enfim, muito bem-vindo o depoimento de Joanna Maranhão. Corajosa e politizada, a atleta brasileira mostra que não é por ser uma esportista que a pessoa precisa ser despolitizada, egoísta e imbecil.

Veja o vídeo postado pela nadadora.