domingo, 28 de fevereiro de 2010

Santos de Neymar e Marquinhos
bate Corinthians de Felipe

Apenas 9 mil torcedores estiveram na Vila Belmiro neste domingo, pra ver um dos mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro. Santos 2 x 1 Corinthians. Pena, porque com o estádio lotado os clássicos são maiores. Mas o presidente do Santos fez a escolha de colocar o preço dos ingressos nas alturas.

Os poucos que viram o jogo na Vila assistiram ao Santos anular e pôr na roda o Corinthians no primeiro tempo, que poderia ter acabado dois ou três a zero. O time da Vila fez uma primeira etapa de rolo compressor, com movimentação constante de Neymar e André, municiados por Paulo Henrique Ganso e Marquinhos, que fez uma partida soberba, pra mim ganhador do “Moto-Rádio” da tarde-noite de domingo. Aos seis minutos o Peixe já tinha perdido dois gols, ambos com Neymar, sendo o segundo ao cobrar mal um pênalti e Felipe (o melhor jogador do Corinthians) fazer grande defesa.

Dorival Júnior armou bem seu time, com Pará como ala pela esquerda e Roberto Brum, improvisado na lateral direita, mas sistematicamente derivando para o meio, como volante. Por conta disso, o Santos variou no primeiro tempo entre o 4-4-2 (do papel) e o 3-5-2 (que desnorteou o Corinthians, fazendo-o perder completamente o meio de campo).

Aos 33 do primeiro tempo, Neymar recebeu um passe primoroso de Marquinhos e fez justiça ao jogo, mandando inapelavelmente no canto direito de Felipe, um gol muito parecido ao marcado contra o Palmeiras no Paulistão do ano passado (veja os gols abaixo).



O Timão demonstrou um nervosismo anormal, como já havia acontecido na estreia na Libertadores, quando venceu o Racing do Uruguai por 2 a 1. A pressão sobre o juiz foi permanente, a começar do treinador Mano Menezes. Os corintianos quiseram apitar o jogo, mas não apitaram. A arbitragem de José Henrique de Carvalho e dos assistentes Celso Barbosa de Oliveira e Giovani Cesar Canzian foi perfeita no primeiro tempo.

2 a 0
No segundo tempo, o Corinthians equilibrou o jogo. Mas, também com um passe magistral de Marquinhos para Neymar, o pequeno craque se viu livre para cruzar com açúcar e André arrematar com categoria, aos 14 minutos. Como o Timão nunca está vencido, quando o jogo parecia resolvido, Dentinho diminuiu para 2 a 1,”achando” um gol aos 23 minutos (pra não dizer que fui eu, foi o Caio Ribeiro, na Globo, quem usou o verbo achar).

Quando o time do Mano partiria pra cima, teve Moacir e Roberto Carlos expulsos. Já tinham dois cartões amarelos e não tinha o que discutir. Mesmo assim, com nove em campo, o Corinthians, como sempre, não estava morto. Com o Timão, a partida só acaba quando termina.

E, numa falha clamorosa de Felipe, que deixou um cruzamento passar na pequena área, Tcheco não fez de cabeça porque a sorte do Santos não quis. A falha de Felipe foi a mesma do gol do Rio Claro no Pacaembu, no domingo de carnaval, que quase custou a derrota ao time. Para mim, em forma, Fábio Costa ainda é titular.

PS (22h18 do dia 1° de março): José Trajano, no programa "Linha de Passe" (ESPN-Brasil) desta segunda-feira, criticou o chororô corintiano, as atitudes do técnico Mano Menezes e resumiu: "O Santos está sendo acusado de jogar bonito".

Atualizado às 21h25 do domingo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

É Santos x Corinthians, presidente,
e não Cirque du Soleil

Ricardo Saibun/Divulgação S.F.C.
Amigos meus santistas me ligaram e mandaram até mensagem via celular protestando contra o extorsivo preço dos ingressos para o clássico Santos x Corinthians neste domingo. "Cara, tá 80 paus o jogo com o Corinthians?! Os caras tão sem juízo... tão estragando", me disse um deles por torpedo.

Num boteco, ouvi um rapaz que não conheço, tão revoltado, que disse para os companheiros de mesa: "as [torcidas] organizadas deveriam fazer alguma coisa, protestar, bloquear a entrada..." Eu não apoiaria nenhum ato desse tipo, mas protestos pacíficos, sim.

Uma amiga minha me perguntou se Santos x Palmeiras, dia 14, na Vila, também será "esse roubo". Não sei. Cabe ao clube responder. Diz essa torcedora que nunca foi à Vila Belmiro, que sonha conhecer, mas não tem condições de pagar esse preço digno de Cirque du Soleil.

Sim, porque o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro saiu-se com essa, esses dias, em entrevista à Rádio Bandeirantes: “Quando o espetáculo traz artistas de primeira grandeza é justo que o preço seja diferenciado. É por isso que o Cirque du Soleil têm ingressos com preços diferentes dos de um circo de periferia”. Ora, presidente, só banqueiros e capitalistas não enchem um estádio, e estádios sem povo são frios. Esse pensamento punitivo não é justo. E a frase é muito infeliz, porque claramente explicita preconceito contra as periferias.

Agora, o presidente santista parece temer que a Vila Belmiro fique vazia. “Se atingirmos 50% da capacidade da Vila já estaremos no lucro". Lucro financeiro? Mas como fica o torcedor comum, aquele que junta o dinheiro pra poder ver seu time? Ele fica com o osso? Agora que dá gosto ver a equipe jogar, só entra endinheirado?

Em tempo, os preços para Santos x Corinthians: cadeiras de fundo passaram de R$ 40 para R$ 160 (meia a R$ 80); arquibancada, subiu de R$ 30 para R$ 80 (R$ 40 a meia), isso só para falar dos preços normalmente mais "populares".

Quem quiser ler sobre o jogo Santos x Corinthians propriamente dito, é só clicar e ler a matéria Com Neymar e Ganso, Santos espera Corinthians na Vila.

Vou tomar uma cerveja, para esquecer o preço dos ingressos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ciro Gomes abre mais um pouco a brecha ao Palácio dos Bandeirantes

Em reunião com parlamentares e dirigentes do PT, PSB, PC do B e PDT nesta quarta-feira, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) manteve o suspense sobre a decisão que tomará em 2010: governo de SP ou Planalto? Mas deixou uma brecha mais aberta ainda à possibilidade de disputar o Palácio dos Bandeirantes. "Eu estou decidido [à candidatura à presidência], mas só o tempo vai dizer se minha decisão vai se manter ou se serviremos o país deslocando a candidatura para São Paulo", disse, para aumentar a população de pulgas atrás de muitas orelhas.

O presidente do PT paulista, Edinho Silva, mostrou ser favorável a Ciro em SP: "Nunca tivemos em São Paulo um campo partidário como esse atual. Hoje, a liderança que mais unifica é a do Ciro Gomes", pontificou. Ele se refere ao bloco partidário formado por PSB, PT, PDT, PC do B, PTC, PRB, PSC, PTN e PT do B.

Curioso é que, fora Antonio Palocci ter saído da disputa, pouca coisa mudou desde 3 de dezembro passado, quando falei sobre o rumo de Ciro, que continua afirmando acreditar que o governador paulista José Serra não será candidato à presidência da República. Questão que eu tive a oportunidade de perguntar ao próprio governador em novembro, sem ouvir sequer um sussurro de vossa excelência. Lá se vão três meses, e nada de decisão (pelo menos pública).

E Aécio Neves, que parece ter se conformado com uma vaga ao Senado, está quietinho no seu canto, à mineira.

Emidio de Souza
Já o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Emidio de Souza, em entrevista ao jornal Visão Oeste, na última semana, disse não acreditar que Serra desista de ser candidato ao Planalto. "Seria um fim melancólico para a carreira dele", avalia Emidio, que ataca: "Serra é medroso, está com medo".

Sobre as chances de ser indicado, Emidio é cauteloso: "se for para ser candidato, estou preparado. Se for para escolher outro, vou ser o militante número um".

Atualizado às 12h26

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Corinthians estreia na Libertadores
contra Racing-URU e ansiedade

Eduardo Metroviche/Visão Oeste
O Corinthians está a menos de 48 horas de sua tão esperada estreia na Libertadores, ainda mais importante para o clube porque este é ano do centenário.

Na semana passada, alguns dos principais jogadores do elenco alvinegro (Felipe, Roberto Carlos e Jorge Henrique), em entrevistas, demonstravam uma ansiedade incomum (posto que generalizada), dando literalmente de ombros para o confronto com o Rio Branco pelo Paulistão, realizado no último no sábado. Como previsto, o Timão não estava nem aí para o time de Americana e ficou no 0 a 0, na Arena Barueri. Antes, o goleiro Felipe disse: “Ainda tem mais um jogo, mas quarta-feira está aí”, referindo-se ao confronto com o Racing do Uruguai.

Penso que o maior problema do Corinthians na Libertadores é justamente a ansiedade. Não apenas pela estreia, mas também a causada pela pressão de conquistar o título mais importante de sua história para marcar seu centenário com louros dourados. “Estou ansioso para que comece logo", disse Ronaldo Fenômeno, um dos futebolistas mais vencedores do mundo, nesta segunda-feira.

Antero Greco, no programa "Sportscenter" desta segunda, na ESPN-Brasil, mais uma vez lembrou que o mundo do futebol não pode ser feito só de Libertadores. Concordo plenamente. Hoje em dia, parece que não existe mais nada a não ser Libertadores. Importantes jornalistas esportivos se referem ao Campeonato Paulista, pejorativa e deliberadamente, como "Paulistinha". Esse será tema de um post aqui. Por hora, fica o registro.

Estatística preocupante
O problema para quem gosta de estatísticas e é corintiano é que centenários não têm sido benévolos aos grandes clubes brasileiros. Pelo contrário, a maior parte dos casos é de fiascos. O único centenário de time grande que deu em sucesso (se esqueci de algum time ou cometo algum engano, me corrijam) foi o do Vasco da Gama, que aos 100 anos, em 1998, conquistou a Libertadores, embora tenha perdido o Mundial para o Real Madrid.

O Flamengo, que fez 100 anos em 1995, nem precisa lembrar. Montou um time com Edmundo, Romário, Sávio e outros. Foi um fracasso. O Botafogo, em 2004, escapou do rebaixamento na última rodada do Brasileirão. E o Fluminense, no ano de seu século, foi campeão carioca em 2002 e mais nada.

O Atlético-MG, no ano de seus cem anos (2008), nem o estadual ganhou. A mesma coisa o Grêmio, que perdeu o título do Gaúcho em 2003 para o Inter. Colorado que, em 2009, quando comemorou um século, levantou o estadual e só, conformando-se com a vaga à Libertadores 2010.

E o Coritiba, que também fez cem anos em 2009, foi rebaixado de forma melancólica, com a pancadaria no Couto Pereira no final do ano passado.

Assim, Mano Menezes, que é um grande técnico (e, na minha opinião, o mais importante nome do Timão nesta Libertadores), vai ter que mostrar também ser um bom iniciado em psicologia. A conferir.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Roman Polanski leva Urso de Prata em Berlim por "The Ghost Writer"

Em prisão domiciliar no seu chalé na Suíça, o diretor franco-suíço Roman Polanski continua sendo manchete. Seu novo filme, O Escritor Fantasma (The Ghost Writer), levou o Urso de Prata de direção no Festival de Berlim. Com distribuição da Paris Filmes, a película estréia no Brasil em 1° de maio.

O cineasta, claro, não foi a Berlim. Foi representado pelos atores Pierce Brosnan, Ewan McGregor e Olivia Williams, além dos produtores Robert Benmussa e Alain Sarde. Benmussa contou como o filme foi finalizado, já que Polanski foi preso, em setembro, antes disso. "Com a prisão, um editor realizou a montagem com determinações específicas de Polanski, que contatávamos através de um courrier", contou.

Já Polanski, em declaração que escreveu e foi lida pelo mesmo produtor, ironizou: “Mesmo se eu pudesse ir a Berlim para receber o prêmio, não iria. A última vez que fui receber um prêmio acabei na cadeia", em alusão a sua detenção no aeroporto de Zurique. Os Estados Unidos querem sua extradição para que ele cumpra pena por um caso de pedofilia ocorrido em 1977 do qual até mesmo a vítima já o perdoou (link abaixo).

O Escritor Fantasma é um thriller baseado em livro de Robert Harris. Ewan McGregor interpreta um ghost writer para escrever a biografia de um ex-primeiro-ministro britânico acusado de violar os direitos humanos (Pierce Brosnan faz o premiê e Olivia Williams, sua esposa). Depois de aceitar o trabalho, ele descobre que um outro homem, contratado antes para a mesma tarefa, apareceu morto misteriosamente. Os produtores dizem que qualquer semelhança com Tony Blair, que, submisso a George W. Bush, embarcou na aventura da guerra do Iraque, não procede.

A recepção da crítica à nova obra do diretor de O Bebê de Rosemary (1968), Chinatown (1974) e O Inquilino (1976) é das melhores.

Em tempo: o Urso de Ouro em Berlim foi para o turco Semih Kaplanoglu, por Honey, que se passa zona agrícola da Turquia e versa sobre a relação entre pai e filho na comunidade.

Leia também: A vida tormentosa de Roman Polanski , e confira a filmografia do cineasta.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dilma, Congresso do PT e Jorge Ben Jor

Elza Fiúza/ABr
O Partido dos Trabalhadores realiza esses dias seu 4° Congresso Nacional, que vai se encerrar no sábado e aclamará Dilma Rousseff como candidata à presidência da República nas eleições deste ano como a escolhida do presidente Lula.

A oficialização do nome da ministra chefe da Casa Civil não poderia ocorrer em melhor momento para ela. Como se não bastassem as boas notícias da economia (por exemplo, o país registrou recorde na criação de empregos em janeiro – 181 mil novas vagas), pesquisa Ibope/Diário do Comércio, divulgada na quinta, 18, mostra importante queda na diferença entre ela e o provável candidato da oposição, o governador José Serra. O tucano tinha 38% em dezembro, e agora caiu para 36%. Dilma subiu de 17% para 25%.

O astral do Congresso PT vai continuar alto até o fim, pois será encerrado com um show de Jorge Ben Jor, no sábado. Segundo li no Blog do Rovai, o músico teria feito uma exigência para se apresentar: ficar 15 minutos a sós com o presidente Lula.

Curioso contraponto com Caetano Veloso, que no final do ano passado deu uma entrevista polêmica ao Estadão em que chamou o presidente Lula de analfabeto (episódio já abordado aqui). Afinal, não só Caetano, mas vários outros grandes artistas brasileiros consideram Ben Jor um gênio musical popular, o que de fato é.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Muricy já era

Não podia ser diferente. Depois do vexame em pleno Palestra Itália na noite de ontem, quando foi surrado pelo São Caetano por 4 a 1 pela nona rodada do Paulistão, o treinador Muricy Ramalho caiu.

O aproveitamento do agora ex-treinador palmeirense foi medíocre: em 34 partidas, obteve 13 vitórias, 11 empates e dez derrotas.

Eu ainda não sei como um técnico limitado, que joga com três volantes e três zagueiros contra qualquer timinho, pode ser considerado um top do futebol pátrio. Se alguém souber, me explique. Certo, ele ganhou três brasileiros pelo São Paulo, mas suponho que mais devido à força e estrutura do próprio clube do que a méritos dele próprio.

A queda de Muricy é boa para o Palmeiras, que se livra de um futebolzinho tacanho, covarde, feio, construído praticamente com uma só estratégia de ataque: o chuveirinho.

E, se ele for para bem longe, o Qatar, por exemplo, todos nós ganhamos, não vendo mais as entrevistas ridículas desse homem mal humorado, mal educado, incapaz de respostas inteligentes e sempre preparado para dar patadas em qualquer um que faça uma pergunta que não seja de seu agrado. Como o José Serra. Enfim, tchau Muricy. Parabéns palmeirenses.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Santos 2 x 1 Rio Claro: pra guardar na memória

Nem precisa dizer que Santos 2 x 1 Rio Claro, neste domingo, no Pacaembu, foi um jogo histórico. Mas digo. Pela primeira vez, as três gerações se encontraram em campo: Giovanni, Robinho e Neymar. Tive o privilégio de assistir (onde gosto, na arquibancada) a essa página futebolística com Carmem, sob um sol escaldante, regados a protetor solar e água, no mais agradável estádio para se ver uma partida de futebol no estado de São Paulo, tirando a Vila Belmiro. Carmem é de Rio Claro, santista desde pequena, mas na sua cidade natal torce pelo Velo Clube (é bom que se diga).

Vamos ao jogo: Neymar e Ganso brilham
O mais esperado e ovacionado antes da partida pelos 32 mil santistas, quando o time foi anunciado pelo alto-falante, Robinho não fez uma partida tão boa quanto Neymar, que correu mais, apresentou-se mais ao jogo, procurou mais espaços, apanhou mais. Tudo mais. Superlativo. De chutes seus saíram os rebotes dos dois gols do Santos (veja abaixo). Em ambos, fez duas grandes jogadas, principalmente no segundo gol, quando deu uma finta desconcertante no zagueiro para chutar e o bom goleiro Sidney espalmar, antes da bola sobrar para Giovanni só cutucar de cabeça.

Não estou menosprezando Robinho. Com o calor sufocante, pode-se até entender que ele (vindo da gelada Inglaterra) não tivesse condições físicas como os outros atores desse prélio no qual o Rio Claro foi um bravo coadjuvante, vendendo caro a derrota. Como eu sempre digo, o futebol faz a gente ser sempre criança, e na arquibancada somos todos crianças de alguma forma. Por isso não se pode menosprezar Robinho, que (junto com Fábio Costa, Elano, Renato, Léo e companhia) me fez chorar de alegria, em 15 de dezembro de 2002.

Desfalcado nas duas laterais, o Santos de Dorival Júnior improvisou Pará na direita e Wesley Santos, outro jovem da base, na esquerda. Pará, aguerrido como sempre, não comprometeu, embora o primeiro gol tenha saído pelo seu lado, após Robinho perder a bola no meio campo, e o rio-clarense Avelar dar um chutão que por sorte encontrou Maicon Souza, que passou por Pará e cruzou para Jackson fazer 1 a 0 aos 39 minutos [falha do goleiro Felipe, que deixou a bola passar por ele no meio da pequena área].

A entrada de André – no lugar do meia Marquinhos, com um corte na cabeça – deixou o meio campo santista mais vulnerável, o que foi compensado pela garra de Germano e o altruísmo de Paulo Henrique Ganso, de quem a torcida na arquibancada injustamente já reclamava. O meia marcou e criou, se movimentou muito e ajudou a suprir a ausência de Marquinhos. Ele e Neymar foram os melhores em campo nos 90 minutos.

No segundo tempo, o Alvinegro voltou mais ligado. Mas o gol não saía. Eis que o treinador saca o incansável Germano para colocar o quase quarentão Giovanni, que na primeira bola caiu de maduro. “Pronto – pensei – perdemos o meio campo e o jogo.” Que nada. Depois de, ainda na defesa, tabelar e receber de volta a bola de Ganso, o vovô deu um passe açucarado para Neymar no lance do gol de empate (23 do segundo) e fez o da vitória (aos 40), fora alguns lampejos do velho craque, como um calcanhar que deixou André livre pela direita, mas o gol não saiu. É pena: visivelmente, Giovanni não tem mais condições de jogar 90 minutos.

A entrada de Mádson no lugar do lateral Wesley Santos (muito, mas muito mal no jogo) abriu ainda mais o time do Santos, que levou alguns contra-ataques perigosos pelo setor esquerdo. Mádson, que parece estar sendo meio esnobado pelo clube, é fundamental. Um time sem um bom banco não ganha, e o baixinho deu vida à ala esquerda, até então morta com o assustado
Wesley Santos.

O ainda vulnerável Santos é, porém, um time que promete. E mais do que o time, é bonito ver tantas crianças num Pacaembu lotado com 32 mil pessoas irmanando-se em torno de uma história. Ao contrário do que dizem uns tolos torcedores adversários (“a torcida do Santos é formada de tiozinhos”), a torcida do Santos é formada por muita gente, como esse gurizinho aí da foto, parecido com muitos que freqüentam os estádios para ver o time de Pelé, de Giovanni, de Robinho, de Neymar e de quem mais vier por aí.


Veja os gols de Santos 2 x 1 Rio Claro


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cinema para quem não pula carnaval, com uma ressalva: a folia de Santana de Parnaíba

As pessoas que não gostam de carnaval e detestam perder as horas de folga entre pedágios e neurose de estradas e praias superlotadas não precisam se desesperar. Além de não fazer nada, só encher a cara, dormir e ficar no sofá, podem assistir a ótimos, bons e nem tão bons filmes (às vezes é muito divertido uma película de puro entretenimento, desde que não seja para se deprimir com Silvester Stalone ou Arnold Schwarzenegger, comédias idiotas e outras porcarias. Um filminho ajuda a evitar o sentimento de culpa causado por não fazer absolutamente nada).

Abaixo, algumas indicações de filmes que serão exibidos em TV a cabo (eu não indico filme dublado, jamais). Lamento se tem muito Telecine, mas na HBO não achei nada para recomendar na programação que eu conheça e saiba informar. Se alguém quiser indicar outras opções, à vontade.

Tem futebol, também
(lá embaixo do post, o link).

E como sou democrático, abaixo dos filmes tem indicação também para quem quer uma cair na folia de Momo não-oficial global, o carnaval de Santana de Parnaíba (ver link abaixo), que ainda mantém a tradição de um carnaval de rua, blocos e trios elétricos. Quem prefere o carnaval de São Paulo e do Rio, favor procurar a TV Globo.

FILMES

Western - Os amantes do faroeste têm duas boas opções. Ou melhor, uma ótima e uma boa.

A ótima: Quando explode a vingança (foto), de Sergio Leone. Telecine Cult - sábado, 13, às 15h55. Já escrevi sobre este filme aqui. Não tem como não gostar, se você aprecia o gênero.

A boa: Os brutos também amam (direção de George Stevens - 1953) – domingo, 14, Telecine Cult, 12h35. Tem uns adoradores deste clássico do faroeste, alguns até acham o elenco "magnífico". Alan Ladd, que interpreta o "mocinho" Shane, é muito fraquinho. Galã que tem mais a ver com telenovela do que com faroeste. Os clichês abundam. Perto dos filmes de Sergio Leone e Sam Peckinpah, por exemplo, acho até meia-boca. Mas vale a pena para conhecer um clássico, passar o tempo.

Drama

No domingo, 22h, o Telecine Action exibe o bom drama de guerra No vale das sombras (direção de Paul Haggis - 2007). Tommy Lee Jones (foto) é um militar do Exército dos EUA que procura o filho desaparecido. A interpretação de Jones é soberba, o filme é tocante, emocionante sem ser piegas, e mostra a hipocrisia da instituição tão amada pelos norte-americanos.

Ficção-científica

O dia em que a terra parou
(dir: Scott Derrickson - 2008). Telecine Premium - terça, 16, às 16h10. Refilmagem do "clássico" (na real, um trash agradável) de 1951 dirigido por Robert Wise. Um alienígena interpretado por Keanu Reeves aparece na terra acompanhado de um robô. Ele tem que conviver com o desapreço do ser humano pela paz. Um filme bobinho, só entretenimento, mas divertido, bem melhor do que ficar vendo o carnaval dos outros.

Documentários

Quando éramos reis
(dir.: Leon Gast - 1996). Telecine Cult – terça – 16, 15h. Para quem se interessa em conhecer, lembrar ou relembrar a histórica e espetacular luta entre Muhammad Ali e George Foreman em 1974, no Zaire, considerado até hoje o maior combate do boxe de todos os tempos. O filme não é só luta. Aparecem ali personagens reais e grandiosos, como os músicos James Brown, B.B. King e o escritor Norman Mailer, entre outros. Imperdível.

Imagine – John Lennon (dir.: Andrew Solt - 1988). Cinemax, domingo, 14, 13h30. Como se pode imaginar (ops), mostra parte do material filmado deixado ppor Lennon após sua morte, em 1980, além de fragmentos da vida do beatle, assassinado em 1980 pelo imbecil Mark Chapman.


FUTEBOL
O Santos de Robinho e Neymar joga em São Paulo, no Pacaembu, contra o Rio Claro. O Corinthians pega a Lusa no Canindé, o São Paulo joga contra o Ituano e o Palmeiras enfrenta o Botafogo. Informe-se aqui.

CARNAVAL NÃO-GLOBAL (Santana de Parnaíba)
Em Santana de Parnaíba, o Carnaval é ainda à moda antiga. Veja no jornal Visão Oeste.

Atualizado à 01h37 am (para colocar os diretores dos filmes, erro imperdoável, mas corrigido!)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Relembrar é viver: "Rogério Ceni é chato pra Car****"

Depois do Rogério Ceni sentar no pênalti cobrado por Neymar, e ajoelhar no gol de letra de Robinho, e reclamar da paradinha (ou paradona, tanto faz) no primeiro gol no clássico do último domingo, nada como relembrar. Relembrar é viver. Esse vídeo tem cerca de um ano, mas merece ser relembrado.



Como disse o Glauco em post no Futepoca esta semana, após o San-São: "Claro que a ética de alguns boleiros é bastante maleável, basta classificar uma coisa como 'paradinha' e outra como 'paradona' que o dilema moral se resolve. Talvez ele tenha esquecido apenas que se adiantar na cobrança dos pênaltis é ilegal, e se alguém for ver onde o goleiro estava após a finta de Neymar, vai ter dimensão do quanto ele preza as regras do futebol".

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

E a água não vem

Obras na adutora/Divulgação Sabesp
Na cidade de Taboão da Serra, os moradores reclamam que o fornecimento de água não se normalizou quase 24 horas após o término das obras na adutora da confluência das avenidas Chucri Zaidan e Roque Petroni Junior, embora em alguns bairros a água já tenha voltado, como Jd. Maria Rosa, Jd. Monte Alegre (próximo ao Ciretran), Centro, Jd. América e Pq. Assunção.

Allan dos Reis, jornalista do site Taboão em Foco (www.taboaoemfoco.com.br), me disse que o serviço na cidade já se normalizou nos bairros próximos à região central, mas em outros não. O também jornalista Edu Toledo afirma que na Câmara Municipal moradores reclamam da falta de água e que em alguns bairros a água chega cheia de barro.

A prefeitura de Embu, cidade que também tem muitos problemas de fornecimento, divulgou em seu twitter oficial a seguinte informação: "entramos em contato com a Sabesp e eles nos informaram que a água voltará hoje ao longo do dia".

Às 15h30 de ontem, a Sabesp garantiu em seu site que "o restabelecimento total acontecerá, de forma gradual, ao longo da noite [de ontem]".

No site O Taboanense, a leitora Irene Lopes de Faria Rezende (do Jd. Panorama-Pirajussara), protesta: "já é quarta-feira e estamos esperando por promessas. Não posso ir na Sabesp e prometer que vou pagar minha conta depois. Pois se o pagamento não acontece na data certa o corte vem com certeza".

Leia sobre o tema no post abaixo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Enchentes, falta de água e propaganda

Em São Paulo, quanto mais chove, mais falta água. A Sabesp continuava na manhã desta terça-feira pelejando, como dizia minha avó, para normalizar o fornecimento que afeta quase um milhão de pessoas das regiões sul e oeste da capital e parte dos municípios de Embu, Taboão da Serra e Cotia, na Grande São Paulo, incluindo bairros paulistanos como Butantã e Vila Sônia, entre outros, onde o fornecimento de água tem sido intermitente.

A Sabesp, em vez de se concentrar no que lhe compete, faz propaganda em outros estados. Para quê, se sua área de atuação é São Paulo? No final do ano passado, questionado pelo repórter Fernando Augusto, do jornal Visão Oeste, de Osasco, sobre os gastos de publicidade da Sabesp fora do estado, o presidente da companhia, Gesner Oliveira, saiu-se com esse magnífico raciocínio: "quando a Sabesp vende fora do estado, aumenta sua receita; quando aumenta receita, aumenta capacidade de investimento, para investir em regiões que precisam, como a região Oeste".

Disse também: "Criticar a Sabesp por fazer propaganda dos seus serviços é não querer que ela cumpra sua missão pública de aumentar seus investimentos e seguir rumo à universalização". Evidentemente o leitor compreende, é cristalino como água da fonte.

E onde está o governador José Serra, que diz que trabalha "por você"? Numa aparição captada (provavelmente combinada) pelo SPTV da Globo em Itapevi, quando do desabamento de um trecho da rodovia SP-29, ao falar sobre quem mora em áreas de risco, o governador deu o seguinte conselho a esses cidadãos: "a curtíssimo prazo, quem estiver numa moradia que vai desabar, tem que sair dela". Simples.


Foto: Eduardo Metroviche/Visão Oeste
O Serra não apareceu para conversar com os cerca de 200 moradores da região do Jardim Pantanal, que protestaram na segunda-feira em frente à prefeitura de São Paulo, esgotados, humilhados com a inundação em bairros da zona leste que completa dois meses. Serra preferiu mandar sua polícia bater nos manifestantes e jogar gás de pimenta neles. E o prefeito Gilberto Kassab, não apareceu? Não, mesmo o protesto tendo sido realizado em frente à prefeitura.

Serra dá até para entender que não tenha aparecido. Está muito ocupado porque hoje ou amanhã deve receber a cantora Madonna. Já Kassab, realmente, não dá pra saber por que anda tão sumido.

PS: o prefeito apareceu. Segundo matéria do Uol, ele sobrevoou os 18 piscinões que, em tese, minimizariam os efeitos das enchentes em São Paulo e classificou a situação como "ridícula" e "vergonhosa". "A cidade está indignada", constatou, além de criticar a empresa terceirizada que "recebe recursos públicos para limpar o piscinão". E emendou, o nobre prefeito: "É inadmissível que uma empresa que se proponha a fazer a limpeza e manutenção dos piscinões, justamente em um período de chuvas, não esteja preparada para executar o serviço".

Pois é. Está lá, o prefeito, com pose de administrador. Mas “o Kassab percebeu a sujeira bem atrasado", constatou Júlio Cerqueira César Neto, professor aposentado de engenharia hidráulica da USP, na reportagem citada.

Atualizado às 18h36

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Neymar e Robinho contra Rogério Ceni é demais

O que se pode fazer, Rogério Ceni? No primeiro gol, você cai sentado, no pênalti que Neymar bateu. Você disse, Ceni, em entrevista no intervalo, que esse lance no qual você ficou sentado (diria o povo, caiu de bunda) é algo típico de Brasil, pois na Europa, onde Neymar deve jogar, segundo você, não se faz esse tipo de jogada, a da paradinha.

No segundo, você ajoelha, diante da letra de Robinho. Faz parte, Rogério Ceni, faz parte. Sentar diante de Neymar e ajoelhar diante de Robinho. Faz parte.

Vem aí a Libertadores, e quarta-feira tem o time reserva do Monterrey, que dá mais valor ao campeonato mexicano do que à Libertadores.

Deixa o Paulistinha pra lá. Como no ano passado, quando o grande Tricolor não ganhou nem Libertadores, nem Brasileiro, nem Paulistinha. Mas o fato é que os lances históricos serão históricos para sempre.

Boa noite, vou tomar uma cerveja.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Neymar, o golaço e as aves de rapina

Robinho ou Neymar? Essa é uma nova versão da velha dicotomia expressa em outras situações: Lennon ou McCartney?, Garrincha ou Pelé?, Pelé ou Maradona?, Roberto ou Erasmo Carlos?, Mangueira ou Portela?, Sartre ou Camus?

Como santista, prefiro Robinho E Neymar. Mas se tivesse de escolher um, hoje, escolheria Neymar.

O apetite da mídia por colocar a jovem joia alvinegra na Europa ou na Copa do Mundo, sinceramente, parece servir a interesses outros, parece coisa de ave de rapina, de empresário. Seleção brasileira, atualmente, mais parece uma vitrine para valorizar os melhores produtos do que um time de futebol unido por uma camisa.

Bom, mas o que realmente emociona é a arte. A arte de Neymar é de encher os olhos. A arte que o Santos Futebol Clube é capaz de gerar, geração após geração, é algo inédito. Não há clube parecido.

O gol, golaço de Neymar contra o Santo André no Bruno José Daniel na quinta-feira, 4, na vitória do Peixe por 2 a 1, é dessas imagens para guardar.

Se Deus existisse, ele não deixaria Neymar trocar o Santos por nenhum outro clube do mundo, porque Ele me atenderia, tenho certeza. Confira (ou reveja), e guarde.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Governo da Bahia quer ponte sobre a Baía de Todos os Santos! Acesse abaixo-assinado

Foto: Carmem Machado - Baía de Todos os Santos
O governo Juscelino Kubistchek é responsável por instituir no Brasil o reino das rodovias, reino que não floresceria sem a premissa da destruição de nossos patrimônios naturais. Não defendo que vivêssemos num país sem estradas e ruas de asfalto, mas a falta de planejamento, o desenvolvimento a qualquer custo e a burrice urbanística deram no caos de hoje, simbolizado pelas enchentes sem fim.

Foi Juscelino, em nome do progresso, impelido pelo capital da indústria automobilística, que sucateou até a destruição a malha ferroviária que deveria interligar as regiões deste país continental.

Em Salvador (BA), uma nova ideia de destruição é causa de um debate que já virou abaixo-assinado inspirado pelo escritor João Ubaldo Ribeiro (ao final deste post, o manifesto e o link para quem quiser assinar), com a participação de Chico Buarque, Luis Fernando Verissimo, Cacá Diegues, Milton Hatoum e outros. O governo do estado, capitaneado pelo petista Jacques Wagner, quer construir uma ponte de 13 km para ligar Salvador à cidade de Itaparica, sobre a infinitamente bela Baía de Todos os Santos. Seria uma boa maneira, por exemplo, de acabar com o trabalho dos barqueiros que levam os turistas da metrópole para a ilha (foto deste post). Mas quem se importa com eles quando estão em jogo bilhões? As maiores interessadas são as grandes construtoras. Quem mais? Isso é que é ser de esquerda.

A quem conhece Itaparica não precisa dizer nada, basta imaginar a degradação ambiental da maior ilha marítima brasileira. Um dos líderes e principais defensores do projeto no governo de "esquerda" de Jacques Wagner é o secretário de Infraestrutura do governo da Bahia, João Leão (PP), deputado federal licenciado e ex-afilhado do ex-senador Antonio Carlos Magalhães.

A ideia do secretário do petista Wagner, claro, é o progresso. No texto que inspirou o abaixo-assinado, diz João Ubaldo, que viveu em Itaparica, onde sempre passa as férias: "Conheço esse progresso. É o progresso que acabou com o comércio local; que extinguiu os saveiros que faziam cabotagem no Recôncavo; que ao fim dos saveiros juntou o desaparecimento dos marinheiros, dos carpinas, dos fabricantes de velas e toda a economia em torno deles; que vem transformando as cidades brasileiras, inclusive e marcadamente Salvador, em agregados modernosos de condomínios e shoppings acuados pela violência criminosa que se alastra por onde quer que estejamos enfurnados, ilhas das quais só se sai de automóvel, entre avenidas áridas e desertas de gente".

Os signatários dizem no documento que é "dever do governo do Estado da Bahia abrir um abrangente debate público sobre o projeto da Ponte Salvador-Itaparica".

Clique aqui para acessar o texto de João Ubaldo e o abaixo-assinado.