quarta-feira, 1 de maio de 2013

Há 19 anos – tinha uma Tamburello no meio do caminho


Reprodução


Na manhã de 1° de maio de 1994, um domingo, estávamos em casa. Acordamos cedo para mais uma vez assistir a uma corrida de Fórmula 1. Ou melhor, para ver uma corrida de Ayrton Senna, que corria naquela temporada pela funesta Williams.

A corrida de Ímola seria a mais triste que jamais veríamos. Testemunhamos a morte do lendário piloto ao vivo. Incrédulos e tolamente esperançosos (pois ele já havia morrido na pista), só quando ouvimos, horas depois, a confirmação da notícia é que acreditamos que era verdade. Chorei.

“Tamburello era uma curva, atualmente uma chicane, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália” (Wikipedia). Nessa curva, sete anos antes, quase o também brasileiro Nelson Piquet deixou sua vida ao bater de traseira, num gravíssimo acidente. Era uma curva maldita. Senna precisou morrer para transformarem-na em uma chicane.

Tinha chegado ao fim a carreira e a vida do tricampeão mundial (1988, 1990 e 1991) e vencedor de 41 corridas, na prova em que ele conseguira sua 65ª pole position e liderava, seguido, simbolicamente, pelo alemão Michael Schumacher, que herdaria o reinado na categoria. Com certeza a enorme antipatia que sempre nutri pelo alemão se deve à emblemática segunda posição que ele ocupava naquela corrida no instante do acidente.

Almoçamos e depois fomos andar na avenida Paulista, para espairecer. Andamos silenciosos. Parecia absurdo que as pessoas passassem pela rua conversando, rindo, como se fosse um dia qualquer. Porque não era. Era 1° de maio de 1994.

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Leia também – e relembre alguns momentos históricos de Ayrton Senna nas pistas:

"A melhor volta da história"

Pensamento para domingo: Ayrton Senna - Interlagos, 1991

Ayrton Senna é o rei de Mônaco


Um comentário:

Paulo M disse...

Senna era tão apaixonante e vencedor que nos acostumou mal à sensação de nos sentirmos desacostumados com derrotas. Nesse dia primeiro de maio, me recusei a levantar cedo pra ver o que eu julgava que seria mais uma derrota pro alemão Shumacher. Senna não ia bem no mundial. Naquela manhã, minha mulher me acordou dizendo: "Senna teve um acidente". E eu, mais puto ainda (pois achava que se não visse a corrida daria sorte ao piloto), respondi decepcionado: "Dane-se!" "Mas foi grave", disse ela. Levantei da cama de súbito, liguei a TV e logo a voz embargou, e intuí que o destino decidira amputar mais um pedaço do espírito vitorioso brasileiro.
Ayrton deixou de herança o amor pela vitória até a morte. E morreu líder.