terça-feira, 12 de junho de 2012

Santos x Corinthians fazem "jogo do século" pela Libertadores


Nos bons tempos do boxe, quando havia uma grande luta (como Muhammad Ali x Joe Frazier, por exemplo) costumava-se dizer: “a luta do século”. Claro que era “força de expressão”. Houve muitas “lutas do século”. Mas o termo cabe perfeitamente ao duelo Santos x Corinthians pela semifinal da Libertadortes nas quartas-feiras, 13 e 20 de junho. E, no caso, não apenas no sentido figurado, pois para alguns este é de fato o encontro do século entre os alvinegros, embora para mim a decisão do Brasileirão de 2002 tenha sido mais importante.

Ricardo Saibun - Divulgação/ Santos F.C.
Alessandro terá a infeliz missão de marcar Neymar pela esquerda

Com Neymar em campo, e se de quebra Paulo Henrique Ganso jogar na Vila Belmiro, creio que se pode dizer que o Santos é favorito para ir à final em busca do quarto título, o que alguns corintianos reconhecem, inclusive neste blog. Mas “clássico é clássico e vice-versa”, como diz a sabedoria popular, e é arriscado para qualquer time enfrentar o Corinthians com a soberba do favoritismo. O Timão nunca chegou à final da competição.

Bem montado, entrosado como um todo e sólido na defesa, apoiada pelo meio de campo com Paulinho e Ralf, o Corinthians tomou só dois gols nesta edição da Libertadores, mas, é preciso dizer, enfrentou um grande time, o Vasco (**), enquanto o Santos teve em seu caminho duas potências do futebol sul-americano, Internacional e Vélez Sarsfield, tendo passado por ambos.

Pontos fracos

Tanto o time de Muricy Ramalho quanto a equipe de Tite têm problemas e pontos fracos. O Alvinegro da Vila tem laterais ruins e uma defesa que tem sido segura, mas pode ser considerada lenta. Para sua sorte, o maior defeito do time da capital é justamente seu ataque, que, se já é normalmente limitado, piorou ainda mais com a péssima fase de Liédson. Nesse mata-mata isso pode ser fatal, pois raramente o Santos deixa de fazer gols. Outro problema do Santos de Muricy é tático. É montado com base no famoso “dá no Neymar”. Se o craque não está bem, o time cai absurdamente, pois parece que o treinador não tem opções e variações de ataque.

Este é o quinto mata-mata entre os rivais neste século. Nos anteriores, o Peixe levou a melhor em dois (finais do Brasileiro de 2002 e do Paulistão de 2011), enquanto o Timão se deu bem nos outros dois (semifinal do Paulista de 2001 e final de 2009*). Não quero fazer previsões estranhas ao futebol em si, mas achei esquisito a Conmebol escalar o juiz carioca Marcelo de Lima Henrique para o jogo na Vila, um árbitro que nunca apitou uma partida de Libertadores na vida.

Se Ganso não tiver condições, Borges (o popular Borges manteiga) deve entrar no ataque e Alan Kardec ser recuado para o meio. Eu poria Léo no lugar de Ganso. O veterano lateral pode ser considerado responsável pelo time ter batido o Vélez nas quartas. Daria mais movimentação contra a muralha corintiana.

As escalações devem ser as seguintes:

Santos: Rafael, Henrique, Edu Dracena, Durval, Juan; Adriano, Arouca, Elano, Ganso, Neymar; Alan Kardec

Corinthians: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Jorge Henrique e Emerson Sheik.

**Errare humanum est - Eu disse no terceiro parágrafo deste post que o Corinthians "não enfrentou nenhum grande time" nesta Libertadores. Errei. Enfrentou o Vasco da Gama.


Grêmio x Palmeiras

Pena que não poderei ver o primeiro duelo entre Luiz Felipe Scolari x Vanderlei Luxemburgo pela semifinal da Copa do Brasil, no mesmo dia e horário de Santos x Corinthians. O jogo será no Olímpico. Já a partida de volta entre Palmeiras e Grêmio será na quinta-feira, dia 21, na Arena Barueri, e esta poderei assistir. Acho que o Grêmio tem um favoritismo claro contra o Verdão.

*Atualizado às 20:54

13 comentários:

Mayra disse...

Edu, como já disse a outro amigo santista, de modo simples e direto: esta Libertadores é nossa.

Saudações corinthianas com todo o respeito e alegria inominável pelo título histórico que se aproxima!!!

Leandro disse...

"...mas, é preciso dizer, não enfrentou nenhum grande time, enquanto o Santos teve em seu caminho duas potências do futebol sul-americano, Internacional e Vélez Sarsfield, tendo passado por ambos."
Esta parte é para fazer piada, não é?
O Vasco, também potência neste campeonato sulamericano desde o final dos anos 40 (embora isto pareça besteira, e seja), está bem acima do razoável Inter e do bom Velez, sem contar que EMELEC, Táchira e Nacional paraguaio também deixam no chinelo qualquer dos outros ridículos adversários que o Santos teve pela frente.
Mas uma coisa é fato: o Santos é favorito, com ou sem Ganso.
Em tempo: Discordo que este seja o embate do século, e concordo que a final de 2002 foi mais significativa. Esta e também a final de 1984, onde o Timão foi escandalosamente garfado com a não assinalação de um pênalti sobre Zenon.
Que não seja novamente garfado agora, quando o boquirroto presidente corinthiano, embora com carradas de razão, teve o desatino de declarar para todos os microfones do continente que esta recém incensada "Copita" é na verdade um sulamericano de várzea que quer ser a busca do cálice sagrado.
Do século ou não, é um embate interessante, mas não tem nada de do século, década ou coisa que o valha. Vamos devagar com o andor que o santo é de barro.

Paulo M disse...

Os corintianos, bem representados pela Mayra, já estão vendo miragens, he he. Certamente vão tentar copiar a marcação do Velez pra ver se param o Neymar. Se não conseguirem é sinal de que têm muito que aprender ainda. Mas o negócio mesmo é esperar pra ver esse jogo, como o Palmeiras x Grêmio no Olímpico. Os gaúchos são favoritos mesmo. Temos um meio-de-campo que não é dos melhores, mas futebol é futebol... Se surpreendermos o Tricolor dos Pampas, vamos pra final de igual pra igual com Coritiba ou São Paulo. Chegamos à semifinal espero que pra fazer um bom papel. E... vai que dá, Curíntiaaa... kkkkkkkk

Eduardo Maretti disse...

É com prazer que vejo Mayra e Leandro reaparecerem no blog, ela com a fé, ele com a razão (o que não faz o Timão!...). No caso da fé, discordo totalmente (rs), porque minha fé é outra... no caso da razão, concordo em parte: não foi uma piada, Leandro, foi um lapso. Por isso coloquei um "erramos" na postagem (prefiro ser honesto e corrigir do que ser desonesto e simplesmente apagar - como já vi gente fazer).

Quanto aos outros argumentos, discordo. Emelec + Táchira + Nacional paraguaio = nada.

O Santos jogou contra dois adversários fracos (The Strongest e Bolívar), é verdade, mas nas alturas de La Paz, onde até a sempre poderosa seleção brasileira já perdeu da péssima seleção boliviana, jogando naquelas condições. O Santos tb ganhou do tal Juan Aurich (uma merda de time) no Peru, mas num campo de society, num dos jogos mais violentos que o Santos enfrentou nos últimos tempos (coisas de Libertadores - e nesse ponto concordo). Tanto que o próprio Neymar, honestamente, afirmou: "se eu não tivesse dado uma pipocada, esta hora eu não estaria aqui, mas no hospital". É verdade. Eu vi o jogo, vc viu?

Pra terminar, tenho vários amigos corintianos, e alguns deles manifestam o que eu digo a eles: um "falso desdém" pela Libertadores. Dizer que "a Copita é na verdade um sulamericano de várzea que quer ser a busca do cálice sagrado" não cola, mano.

Saudações

Leandro disse...

Edu,
Se comparados a Bolívar ou Juan "Aliche", o EMELEC e o Nacional do Paraguai são, respectivamente, a Hungria de 54 e a Holanda de 74.
Quanto à importância da competição, a história gloriosa do seu time me dá razão, pois ele deixou de disputá-la para ir jogar na África e na Europa, em vez de lutar pelo tri, tetra, penta, hexacampeonato.
Se tinha que levantar dinheiro para manter Pelé e cia. precisamos pesquisar mais, até porque, naquela época a brasileirada não saía com tanta frequência assim para times de fora.
Torcerei pelo Timão como torci na final da Copa SP deste ano (que ganhamos) ou no Paulistão deste ano (que vocês ganharam), mas me poupem deste negócio de jogo do século, pelo amor de Ogum, Darwin e Jorge da Capadócia.

Eduardo Maretti disse...

Leandro: "Torcerei pelo Timão como torci na final da Copa SP deste ano (...) ou no Paulistão deste ano (...), mas me poupem deste negócio de jogo do século, pelo amor de Ogum, Darwin e Jorge da Capadócia".

Definitivamente, descreio desta afirmação. Como já falei em outra oportunidade, você tem um lado gozador inegável.

Quanto a mim, nesses dias estou mais para Nossa Senhora do Mont Serrat do que para Ogum, Darwin ou Jorge da Capadócia, hehe.

Leandro disse...

Pô, Edu... Eu esperava que você invocasse meu lado gozador no ponto em que me referi à Holanda de 74... (risos)

Eduardo Maretti disse...

Achei meio disparatada mesmo essa passagem da Holanda, mas não dá pra aceitar todas as provocações, rs.

Como dizia Osmar Santos, agora "vamo pro jogo, meu garotinho!"

Leandro disse...

Pode parecer disparatada, mas não é.
É sincera, como é a constatação relativa à importância da competição.
E independente da real importância dela, "vamos à luta", como diria o pessoal da foice e do martelo nos idos de 1989.

Gabriel Megracko disse...

Ora, ora, Leandro, diria que você é um cara de sorte, porque dentre os "milhões" de corintianos você é o único que não vai passar mais nervoso amanhã que passou numa final de paulista.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Eu acho bem midiático mesmo esse negócio de "mais importante clássico alvinegro desde 1913", ou "jogo do século", "do milênio", do cenozóico superior ou coisa que o valha. Vende bastante jornal esportivo, dá audiência depois da novela, mas é muito pobre para definir a história do clássico mais antigo de São Paulo (e portanto o clássico mais clássico). Mas tampouco posso me dizer um felizardo como Leandro. Não, meu caro companheiro de sofrimento alvinegro de Parque São Jorge (rs), o jogo de hoje é um pouco mais que uma final de paulista. Acho que o Corinthians joga leve, sabendo que se perder, afinal, terá perdido para um grande time, que tem sobretudo um grande craque, mas joga com a consciência da importância, da responsabilidade, e do tamanho do que está em disputa. Uma final de Libertadores, fato inédito em nossa gloriosa história (que não é menos gloriosa pela ausência do fato).

Sinto, como a Mayra, que os deuses do futebol, este ano, estão conosco. Doze anos depois das semifinais contra o Palmeiras, uma história parecida se repete. Mas dessa vez o desfecho terá de ser diferente. Sinto alguma coisa no ar, não sei bem o que é... Acho que todo o panteão das religiões cristãs, hinduístas, muçulmanas, xamânicas ou marxistas, este ano, estão vestindo o nosso manto sagrado, a camisa do Timão... hahahah

Eduardo Maretti disse...

Curioso isso de vocês implicarem com o termo "jogo do século". Que, aliás, eu coloquei entre aspas, além de reforçar com as frases "força de expressão” e "houve muitas 'lutas do século”'... e ainda ter dito que "para mim a decisão do Brasileirão de 2002 tenha sido mais importante".

Mas não dá para simplesmente ignorar que em quase 100 anos de existência do clássico mais importante de São Paulo é a primeira vez que Santos e Corinthians disputam um jogo de Libertadores. É informação, é notícia e dá audiência, sim. Blog é mídia também, e precisa de audiência.

É óbvio que os corintianos querem de antemão minimizar uma eventual desclassificação. Mas para muitos corintianos é, sim, o "jogo do século".

Abraços e até breve.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Não é minimizar uma possível derrota. Nossa atitude é a mais humilde possível. Esse é mais um campeonato que disputamos tendo somente um bom time, a nossa camisa e a nossa determinação. E é com a tranquilidade da humildade que fomos à Vila hoje e fizemos uma partida perfeita, para entrar para a história. E é com a mesma humildade e respeito que na semana que vem jogaremos no Pacaembu, nossa "casa". Respeitando o time do Santos, a torcida do Santos, a história do Santos. E sem atirar objetos no gramado. Saudações corintianas.