Divulgação/site oficial
A cantora, compositora e atriz Ana de Hollanda – irmã de Chico Buarque – será a ministra da Cultura de Dilma Rousseff.
Não sei quais são as propostas de Ana, o que ela pode fazer na pasta. Não posso nem elogiar nem criticar. Afinal, muitos bombardearam a nomeação de Gilberto Gil em 2003 e, ao fim e ao cabo, a gestão de Gil foi bastante razoável. Ser filha de Sérgio Buarque de Hollanda – esse historiador extraordinário cuja obra dispensa comentários – não garante que ela será uma boa ministra, mas seus princípios (filha de quem é) aliados às diretrizes de um governo popular descendente de Lula dão certa tranqüilidade. A nova ministra tem alguma experiência: foi secretária Municipal de Cultura de Osasco entre 1986 e 1988 e diretora do Centro de Música da Funarte, de 2003 a 2007.
A cantora, compositora e atriz Ana de Hollanda – irmã de Chico Buarque – será a ministra da Cultura de Dilma Rousseff.
Não sei quais são as propostas de Ana, o que ela pode fazer na pasta. Não posso nem elogiar nem criticar. Afinal, muitos bombardearam a nomeação de Gilberto Gil em 2003 e, ao fim e ao cabo, a gestão de Gil foi bastante razoável. Ser filha de Sérgio Buarque de Hollanda – esse historiador extraordinário cuja obra dispensa comentários – não garante que ela será uma boa ministra, mas seus princípios (filha de quem é) aliados às diretrizes de um governo popular descendente de Lula dão certa tranqüilidade. A nova ministra tem alguma experiência: foi secretária Municipal de Cultura de Osasco entre 1986 e 1988 e diretora do Centro de Música da Funarte, de 2003 a 2007.
Gil e Lula
Quando Gilberto Gil foi nomeado ministro da Cultura logo no início do primeiro mandato de Lula, a escolha foi recebida com desconfiança. Um artista ser ministro!? Mas, no decorrer de sua gestão, Gil fez um trabalho interessante, porque tentou democratizar as verbas da cultura, historicamente insuficientes e sempre monopolizadas por setores conhecidos.
Quando Gilberto Gil foi nomeado ministro da Cultura logo no início do primeiro mandato de Lula, a escolha foi recebida com desconfiança. Um artista ser ministro!? Mas, no decorrer de sua gestão, Gil fez um trabalho interessante, porque tentou democratizar as verbas da cultura, historicamente insuficientes e sempre monopolizadas por setores conhecidos.
O ministro Gil foi bastante criticado por parte da comunidade artística. O poeta Ferreira Gullar (ex-comunista), o cineasta Luiz Carlos Barreto, Gerald Thomas (a própria encarnação da egolatria), atores como Marco Nanini e até o velho parceiro de Tropicália, Caetano Veloso, estavam na linha de frente dos descontentes. Os argumentos eram vários. Mas, na verdade, o motivo das críticas era um só. Esses e outros figurões da produção cultural brasileira, autoconsiderados portavozes da cultura do país, acostumados a ser financiados pelo Estado, perderam parte da mamata e, no fundo, era isso o que os incomodava.
Em ótima entrevista a Pedro Alexandre Sanches da revista CartaCapital, em janeiro de 2006, Gil rebateu essas críticas com autoridade: “Eles tinham acesso a recursos que estão sendo redistribuídos...”.
"...Os artistas consagrados e bem-sucedidos não gostam de ser elencados na classe dominante, mas são. Nós somos classe dominante", disse então Gilberto Gil. “Estamos tentando trabalhar com um pouco mais de atendimento periférico, com os Pontos de Cultura, as políticas para museus que estamos descentralizando.”
“[Sobre cinema] Acredito que essas queixas são em relação ao atendimento geral que o ministério e as estatais vêm dando aos filmes, adotando políticas públicas de fomento um pouco mais abertas e democráticas”.
"...Os artistas consagrados e bem-sucedidos não gostam de ser elencados na classe dominante, mas são. Nós somos classe dominante", disse então Gilberto Gil. “Estamos tentando trabalhar com um pouco mais de atendimento periférico, com os Pontos de Cultura, as políticas para museus que estamos descentralizando.”
“[Sobre cinema] Acredito que essas queixas são em relação ao atendimento geral que o ministério e as estatais vêm dando aos filmes, adotando políticas públicas de fomento um pouco mais abertas e democráticas”.
Com Gil, sob Lula, o MinC, na medida do possível, tentou deslocar o eixo dos privilégios, uma política que espelhou, ou tentou espelhar, a política social do governo em outras áreas. Não é tarefa fácil desbastar privilégios tão incrustados na produção cultural de um país continental. De qualquer maneira, isso irritou profundamente os que encaravam o MinC como uma espécie de cartório ou despachante dos seus próprios interesses, quais sejam, dos latifundiários da cultura no Brasil. O sucessor de Gil, Juca Ferreira, manteve a linha, com discrição. Com Ana de Hollanda, espera-se que essa política seja aprofundada.
Leia aqui na íntegra a importante entrevista de Gilberto Gil a CartaCapital, em janeiro de 2006
Atualizado à 00:21.
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4 comentários:
É, por mais que o Gil tenha feito uma política razoável à frente do Ministério da Cultura, é fato que essa praia continuou pra lá de abandonada - uma comparação pequena e ilustrativa: o orçamento do SESC de SP de um mês é o equivalente ao do MC em um ano. O sobrenome da futura ministra é emblemático na história da cultura brasileira. Não conheço sua trajetória política, mas oxalá ela conte também com um orçamento decente para a pasta.
Valente Edu!
Bastante valioso e elucidativo o seu comentário. A gestão Gil/Lula no Minc e a continuidade que lhe aplicou o Ministro Juca/Lula é marco de sensível mudança na direção do Ministério da Cultura, que, então, pela primeira vez na história, mesmo com verbas ainda restritas que precisam ser aumentadas, privilegiou toda uma política cultural de feitio popular, incentivou os movimentos culturais das comunidades interioranas nacionais, semeou bibliotecas em mais diversos municípios distantes e de todos os tamanhos, serviu de bom modelo administrativo para várias secretarias de cultura dos estados, projetou com ênfase a cultura popular brasileira no exterior e, sobretudo, democratizou a ação do Minc. Estou esperançoso de que a nova ministra Ana de Holanda prossiga com esse intuito em sua gestão ministerial. Saudemos com otimismo a nova ministra que, dentre suas muitas virtudes pessoais, é mulher belíssima, o que sem dúvida tb merece realce.
Viva o Povo Brasileiro! Viva a mulher brasileira, todos elas, belas ou feias, jovens ou velhas, pouco importa, pois são mais da metade da terra e do céu de nossa nação! Se o melhor do Brasil é o povo brasileiro, decerto, o melhor do povo brasileiro são as mulheres do Brasil! E longa vida para todos nós neste instante histórico feliz de nossa brasilidade! Viva o Brasil!
Além do extraordinário gênio artístico, e de ser um cara antenado com todas as manifestações culturais e musicais, Gil sempre teve um pé na política e na administração. Bancário na juventude, era seu próprio empresário, e tinha exercido um mandato de vereador em Salvador.
Falta ao Minc são mais verbas, para que um maior número de bons projetos passe na peneira das seleções. Sorte e sucesso à próxima ministra!
Quem sabe Ferreira Gullar não faz parcerias culturais no Maranhão, com verbas privadas de seu amigo Sarney?
Com certeza Edu, por mais que não conheçamos o perfil administrativo e legislativo da nova ministra temos uma medida na orientação política da futura presidenta, de que novos ventos devem arejar a política no Brasil.
Devemos torcer, não a torcida vazia e retórica do jogo de cartas marcadas, mas a torcida da esperança renovada de políticas que realmente contemplem, em qualquer medida e de qualquer forma, a condição do popular em nosso país.
Viva a Dilma, viva o povo, viva a vida!
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