Valter Campanato/ABr
Estávamos em um táxi, reta final da campanha presidencial. O motorista, um nordestino da Paraíba (não lembro de que cidade) era caladão. Carmem mencionou a eleição, querendo saber dele em quem votaria. Um pouco relutante, disse que ia votar na Dilma. Sua relutância, percebemos depois, era porque não queria polêmicas (ou, quiçá, arrogância tucana) dentro do seu táxi. Pois foi só falarmos que nós também íamos votar em Dilma Rousseff que ele desatou a falar. “Eu voto em quem o presidente mandar”, disse. “E olha, se estiver difícil em 2014 e o homem se candidatar, nem o diabo pode com ele”. E depois explicou que nunca um presidente tinha “olhado pelo povo” do nordeste como Lula. “Onde eu morava não tinha nem luz, e agora tem. As pessoas têm geladeira, televisão”, explicou.
O tucanato, os kassabistas e os demos não sabem como esconder seu pavor pela presença de Lula na campanha de Haddad, cuja candidatura foi lançada oficialmente neste sábado. Porque sabem que não há cabo eleitoral mais poderoso do que Lula.
PPS (o partido da Soninha Francine) e PSDB disseram que entrarão com representação na Justiça contra o PT, o ex-presidente Lula e o SBT por propaganda eleitoral antecipada em favor do pré-candidato à prefeitura paulistana, pela participação no programa do Ratinho.
De resto, os líderes tucanos acusam o golpe que representa a presença de Lula na campanha de Haddad. É só entrar na página do PSDB na internet para constatar isso. O edificante “Sérgio Guerra critica postura antidemocrática de Lula”. Ou Aécio Neves, um líder mais importante do que o fanfarrão Guerra, afirma: “As últimas declarações do presidente Lula só acentuam a necessidade de retorno do PSDB para garantir a liberdade de imprensa e o respeito às instituições”, afirmou ele, sobre a presença de Lula no Ratinho, quando o ex-presidente afirmou que “não permitirá” a volta dos tucanos à presidência da República. Só mesmo rindo da luta tucana para “garantir a liberdade de imprensa e o respeito às instituições”.
Não me culpem nem acusem de nada, por favor. Vão reclamar com o Bill Gates.
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2 comentários:
kkkkkkk...
O moribundo PSDB que vá reclamar para o Bispo. Propaganda antecipada eles também fazem. Vamos acabar com a hipocrisia. Tem mil e uma formas de fazer marketing, e o Lula paralisado e sem abrir a boca num programa popular como o do Ratinho já dá marketing. Abrindo a boca, então... Fazer o quê? Fazer o que se os líderes demo-tucanos têm gosto de chuchu (caso de Alckmin), de jiló (caso de Serra), ou têm pinta de abercrombie boy (caso de Aécio) e não empolgam a população?? huehue
Fato. Em 2014, com o Lula recuperando a boa e velha forma, será eleito quem for apoiado por ele. Em termos nacionais, não há nenhum líder hoje capaz de rivalizar com o velho operário. Mas, em São Paulo, esse ano, bastará o cabo eleitoral Lula para vencer essa população conservadora e antilulista de São Paulo? Tenho minhas dúvidas. Acho que no final do ano vamos de novo ter que engolir aquele prefeito sabor jiló que já conhecemos... rsrs...
O PSDB não é, apenas para quem não quer ver, o representante da camada social e da elite burguesa e pequeno-burguesa que quer nos impregnar com seu discurso classe média baixo e moralizante, fundado se não me engano em 1988 com promessas de um partido inovador que intermediaria, apoiado por intelectualóides ruminantes, os ideais da direita e da esquerda em crise pela queda do Muro de Berlim e da União Soviética. Traiu o povo. Na época, nos anos 80, alguns seguidores de seu ideal, por exemplo a revolução cubana, persistiam nesse ideal. Começo a achar que estavam certos, pois pode não haver ideal plausível que não passe por formas de rompimento bruscas.
É um escândalo (como no futebol diria Osmar Santos) que nenhum órgão da nata da imprensa brasileira, que espalha a moral que mencionei acima (exceto a TV Record, evangélica), cite ao menos de passagem o provável envolvimento de Roberto Civita no caso Cachoeira. Cai por terra, definitivamente, o discurso dessa moralidade e o da liberdade de imprensa. É por essa derrocada de valores que Millor Fernandes disse (nos anos 80!) que a humanidade nunca esteve tão perto do abismo. Quer dizer, estávamos à beira do abismo 30 anos atrás, e continuam achando que o certo é defender o lucro, a posse e os direitos de gente como o filho de Eike Batista. Danem-se os professores, os hospitais públicos, o transporte público e os homens que limpam nossos lixos do alto de suas vassouras. O importante é não fumar e não dirigir depois do porre.
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