sábado, 12 de janeiro de 2013

PM cerca Museu do Índio, mas governo diz que não tem data para demolição




Paulo Virgilio

Repórter da Agência Brasil

Rio - Soldados do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de janeiro cercam desde às 6h de hoje (12) o antigo Museu do Índio, situado no entorno do estádio do Maracanã, na zona norte da capital fluminense. O prédio, que deverá ser demolido para as obras de modernização do complexo esportivo do estádio para a Copa do Mundo de 2014, está ocupado desde 2006 por cerca de 30 índios, que ali fundaram a Aldeia Maracanã.

Segundo Afonso Apurinan, um dos indígenas moradores da aldeia, o grupo recebeu informações na semana passada de que a desocupação do prédio ocorreria neste domingo (13). “Fomos pegos de surpresa com a chegada hoje dos PMs [policiais militares]”, disse. Apurinan disse que a disposição do grupo é “resistir à desocupação”.

No dia 20 de dezembro passado, a Câmara Municipal do Rio colocou em votação projeto de lei do vereador Reimont (PT), que propunha do tombamento do prédio, onde funcionou o antigo Serviço de Proteção ao Índio, antecessor da atual Fundação Nacional do Índio (Funai). No entanto, não houve quórum para a votação, que foi adiada.

O governo do estado informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há data prevista para a demolição do prédio do antigo museu. As obras no entorno do Maracanã estão a cargo da prefeitura do Rio e envolvem a derrubada da Escola Municipal Friedenreich, que será transferida para outro local, e do Parque Aquático Julio Delamare.


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Comentário do blog: esse é um emblemático exemplo de algo que já abordei aqui. "Orlando S. Junior, sociólogo, diz à ESPN Brasil que o processo é um desrespeito à dignidade humana e não tem a menor transparência. A comunidade não é nem consultada nem participa das decisões que promovem a “limpeza” para retirar a população humilde de onde mora."

O post, de fevereiro de 2012, está aqui: A cidadania e as comunidades estão fora da Copa do Mundo no Brasil. Nada mudou desde então.

A afirmação do sociólogo não se referia, à época daquele post, especificamente, ao caso da Aldeia Maracanã, que está, entretanto, inserido no contexto geral que acontece em todo o Brasil: o rolo compressor do poder público passa por cima das comunidades e da cidadania para que as obras para a Copa do Mundo se realizem, satisfazendo os interesses do grande negócio ao qual o Estado (em todas as esferas) criminosamente se submete. O patrimônio histórico dos índios será demolido para a construção de um estacionamento.

5 comentários:

Alexandre M disse...

Isso é sacanagem. Se os índios hoje, tivessem em suas mãos o poder de armas, que não fossem arco e flecha, mas outras armas, talvez ouvissem com mais atenção aos seus apelos, em virtude da justiça e de sua própria defesa. Afinal, navegar é preciso.

Mayra disse...

Olha que legal que filmaram essa cena - um dos índios esculhambando a repórter da Globonews, por ter veiculado uma mentira, e a dita, tão fina e educada, sequer olha na cara do rapaz:
http://mariafro.com/2013/01/14/indigena-da-um-pito-em-reporter-da-globo-news-por-veicular-mentiras-na-cobertura-da-ocupacao-aldeia-maracana/

Eduardo Maretti disse...

Muito bom esse vídeo!

Mayra disse...

Já está rolando um abaixo-assinado contra a demolição do prédio:

http://www.defender.org.br/abaixo-assinado-o-brasil-quer-salvar-o-museu-do-indio-do-brasil/

Alexandre M disse...

Legal isso. Pode dar uma força maior.

http://tvuol.uol.com.br/videos.htm?tag=copa+do+mundo+2014-_118589&discard_cache=true&video=demolicoes-para-copa-geram-polemica-0402CD193164D4914326