quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Não acredito em bruxas nem em surpresas das margens de erro, mas que las hay...



Por Paulo Donizetti de Souza (Revista do Brasil)
na Rede Brasil Atual

No início da tarde [de quarta-feira, 3], circulou em alguns sites o resultado de uma pesquisa telefônica diária feita por um instituto para o PT. O chamado “tracking” – sondagem diária feita, prática comum a todos os partidos que têm candidatos competitivos – ratificava a queda de Celso Russomanno, do PRB, atribuindo-lhe 29% das intenções de voto. Em segundo aparecia o petista Fernando Haddad, com 21%, seguido pelo tucano José Serra, com 16%.

No início da noite, veio o resultado do Datafolha: 25% para Russomanno, 23% para Serra e 19% para Haddad. Ambos acusaram também um leve movimento de subida de Gabriel Chalita (PMDB), na casa dos 12%. A chamada “margem de erro” é de dois pontos para mais ou para menos.

O cenário faz lembrar a eleição para governador de 1998. Na sexta-feira, 2 de outubro, a dois dias da eleição, o instituto da empresa Folha da Manhã trazia Paulo Maluf folgado na liderança, com 31%, seguido pelo conservador Francisco Rossi (18%), o candidato do PSDB à reeleição Mario Covas (16%) e a petista Marta Suplicy (15%).

A tendência era causar um rebuliço no segmento do eleitorado que refutava a hipótese de ver Maluf e Rossi. E estimular uma movimentação em direção ao chamado voto útil. E o rebuliço se confirmou.

No domingo, Maluf fechou a votação com 32%. Covas acabou saltando para 22,95% e Marta, para 22,5%. Rossi acabou em quarto, com 17,11%. A pergunta é: seria possível, em três dias, Covas crescer 6 pontos e Marta avançar 7,5 pontos? (Rossi, curiosamente, ficou na margem de erro.) Ou será que havia indicadores de que Marta crescia mais do que Covas e poderia ser ela a mais forte concorrente a chegar ao segundo turno para enfrentar Maluf?

A seguir o “pânico” provocado pelo Datafolha, migraram mais votos de Marta para Covas. Para se ter ideia, bastaria a Marta permanecer com 38 mil desses votos migrados para que fosse ela a classificada.

Resta uma reflexão ao eleitorado que pretende votar em Fernando Haddad ou em Gabriel Chalita, possíveis vítimas de um suposto pânico em direção ao voto anti-Russomanno: seria o Datafolha, instituto vinculado ao jornal que age assumidamente como principal “partido de oposição” ao PT, capaz de manipular o resultado de uma pesquisa com vistas a beneficiar José Serra?

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