quarta-feira, 30 de março de 2011

Professor espera que, desta vez, Bolsonaro "tenha o que merece"

Ricardo Dias/ Foto: Eduardo Metroviche

Professor do departamento de Comunicação Social do Unifieo, em Osasco, Ricardo Dias falou ao blog sobre o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Na última segunda-feira, no programa CQC, ao responder a uma pergunta da cantora Preta Gil sobre o que ele diria se seu filho se apaixonasse por uma negra, o parlamentar afirmou: “não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja”.

Diante da repercussão, em entrevista a Terra Magazine o deputado disse, depois, que tinha entendido a pergunta errado: “Eu entendi que ela me perguntou o que eu faria se meu filho namorasse um gay”. Leia depoimento do professor Ricardo Dias.

Fatos Etc - Como o senhor recebe as declarações racistas e homofóbicas do deputado Bolsonaro ao programa CQC?
Ricardo Dias - É uma pessoa desclassificada, uma pessoa desprezível. Nós sabemos que ele tem um histórico de denúncias, de ter sido denunciado por crimes e não ter sido condenado. Eu imagino o seguinte: se o tipo de declaração que ele deu já não tem algum propósito no sentido de criar essa dúvida na cabeça das pessoas. Então, na verdade, ele estava se referindo ao negro ou estava se referindo aos homossexuais? Como se uma declaração dessas, com relação aos homossexuais, não fosse também passível de crime de homofobia. Mas eu fico pensando se ele não fez isso de propósito para confundir qualquer julgamento por parte da Justiça. Eu espero que isso não aconteça e que ele, se possível, seja condenado não só por racismo, como também por homofobia.

O mais assustador é que ele é um homem público, eleito deputado federal, que deliberadamente comete um crime inafiançável que é o racismo, como se nada o amedrontasse. O senhor teme a impunidade mais uma vez, nesse caso?
Temo. Temo sim, porque a questão foi colocada nesses termos, para causar dúvida. E infelizmente nós sabemos que, por questões jurídicas, é em dúvida pro-réu [In dubio pro reo, princípio jurídico da presunção da inocência]. Mas nós estamos sentindo bons ventos soprando com relação à Justiça, que tem se posicionado de forma cada vez mais coerente, mais clara. Então quem sabe desta vez ele tenha o que merece.

2 comentários:

Paulo M disse...

O Brasil está (penso eu) um ou mais passos na frente, no que diz respeito a racismo, de povos cultos, desenvolvidos e intelectualizados. Duvido que na Europa um caso assim ganhasse tanta repercussão, porque lá o racismo me parece ainda uma fatia inerente à alma das pessoas. A imensurável sensibilidade do povo brasileiro o faz já entender que o racismo não tem mais lugar, até porque, como disse Caetano Veloso, é o maior país negro no mundo fora da África. A lei anti-racismo reforça isso. O deputado tem de ser cassado e preso pra endossar o que reza a legislação do Brasil, pra que não se dê margem a dúvidas.

Gabriel Martiniano disse...

Pessoas como o Bolsonaro são capazes de levar um país inteiro para um lado obscuro, perigoso, onde a discussão não seria sobre o que podemos melhorar, mas como fazer para não piorar.

Bolsonaro não será condenado pq suas palavras foram meticulosamente colocadas numa ordem que não podemos chegar a uma conclusão, apenas a de que ele é de uma espécie que poderia ser extinta a qualquer momento.