Como eu sempre defendi Neymar, mesmo quando quase a unanimidade da mídia adotou o rótulo de “monstro” que o perdedor René Simões achou numa noite de derrota, ou quando a mesma "crônica esportiva" resolveu colocar o “professor” Dorival como pobre vítima, me sinto à vontade para chamar a atenção para a manchete abaixo, do último dia 6, domingo de Carnaval, no Uol:
Não precisa falar muito sobre o que Neymar jogou contra a Portuguesa no tapete da Vila Belmiro, nesta quarta-feira. Quem viu, viu. Quem não viu, não viu. Fez dois golaços e deu uma beleza de passe para Léo fazer o terceiro. Fora o resto. E a manchete do Uol se torna apenas motivo de riso.
Como não dá para ver tudo, veja os gols de Santos 3 x 0 Portuguesa:
Aí, os mesmos mancheteiros de três dias atrás escrevem outra manchetezinha para vender: “Neymar ignora 'ressaca', finda jejum com dois golaços e comanda vitória do Santos”. Ora, mas que ressaca, cara-pálida? Resposta: a ressaca do que eles mesmos inventaram. Certa imprensa – e isso não vale apenas para o futebol – só funciona movida por um pêndulo que oscila entre o desejo do fracasso total e a necessidade da glória retumbante. E acha que pode mudar o mundo e os rumos da história, quando na verdade está sempre atrás de corrigir seus próprios equívocos.
Aí, os mesmos mancheteiros de três dias atrás escrevem outra manchetezinha para vender: “Neymar ignora 'ressaca', finda jejum com dois golaços e comanda vitória do Santos”. Ora, mas que ressaca, cara-pálida? Resposta: a ressaca do que eles mesmos inventaram. Certa imprensa – e isso não vale apenas para o futebol – só funciona movida por um pêndulo que oscila entre o desejo do fracasso total e a necessidade da glória retumbante. E acha que pode mudar o mundo e os rumos da história, quando na verdade está sempre atrás de corrigir seus próprios equívocos.
Alegria voltou?
O que é de se ressaltar na vitória do Santos contra a Portuguesa é que nesse jogo a alegria de jogar, ir pra cima com um repertório indefensável, num ímpeto que vai além da mera vontade de vencer, parece estar voltando após o período sombrio de Adilson Batista. A comemoração de Léo ao fazer seu gol, no gesto de espantar a ziquizira, é emblemática.
Não sei até onde Marcelo Martelotte pode ir no comando do Santos. É covardia dizer que o grande teste será a partida do dia 16 contra o Colo Colo, no Chile. Porque Martelotte não poderá ser de modo algum culpado por uma decepção na Libertadores e nem ser chamado de burro. Ao contrário do hoje técnico da Portuguesa Jorginho, que refugou quando teve a oportunidade de assumir o Palmeiras em definitivo no ano passado, o hoje “interino” do Santos demonstra coragem ao se colocar como pronto para assumir o comando.
E ao contrário de Adilson Batista, que tinha uma estrutura pronta para brilhar mas preferiu implantar a sua (sabe-se lá se por egocentrismo, incompetência técnica, ignorância ou tudo junto), Martelotte aposta no feijão com arroz, não inventa, adota um esquema mais simples onde cada um pode fazer o que sabe mais facilmente. Neymar, livre dos esqueminhas de Batista, desnorteou a defesa da Portuguesa, que nunca sabia em que lado do campo o craque iria estar dali a alguns instantes; Zé Eduardo azucrinou a defesa com movimentação constante; Elano, embora não muito bem fisicamente, desequilibrou com sua visão de jogo, aguerrimento e passes primorosos, como o do primeiro gol contra a Lusa; Diogo, que cederá o posto a Ganso, jogou com garra, atrás da linha de atacantes. No time de Martelotte, lateral é lateral, volante é volante.
À Portuguesa, resta o consolo de ter sido brava e ter ameaçado a meta santista no primeiro tempo, com vários chutes perigosos de fora da área, como o de Henrique, que explodiu na trave direita de Rafael. De resto, o time do Canindé deve agradecer por não ter saído da Vila sob uma sonora goleada.
Não sei até onde Marcelo Martelotte pode ir no comando do Santos. É covardia dizer que o grande teste será a partida do dia 16 contra o Colo Colo, no Chile. Porque Martelotte não poderá ser de modo algum culpado por uma decepção na Libertadores e nem ser chamado de burro. Ao contrário do hoje técnico da Portuguesa Jorginho, que refugou quando teve a oportunidade de assumir o Palmeiras em definitivo no ano passado, o hoje “interino” do Santos demonstra coragem ao se colocar como pronto para assumir o comando.
E ao contrário de Adilson Batista, que tinha uma estrutura pronta para brilhar mas preferiu implantar a sua (sabe-se lá se por egocentrismo, incompetência técnica, ignorância ou tudo junto), Martelotte aposta no feijão com arroz, não inventa, adota um esquema mais simples onde cada um pode fazer o que sabe mais facilmente. Neymar, livre dos esqueminhas de Batista, desnorteou a defesa da Portuguesa, que nunca sabia em que lado do campo o craque iria estar dali a alguns instantes; Zé Eduardo azucrinou a defesa com movimentação constante; Elano, embora não muito bem fisicamente, desequilibrou com sua visão de jogo, aguerrimento e passes primorosos, como o do primeiro gol contra a Lusa; Diogo, que cederá o posto a Ganso, jogou com garra, atrás da linha de atacantes. No time de Martelotte, lateral é lateral, volante é volante.
À Portuguesa, resta o consolo de ter sido brava e ter ameaçado a meta santista no primeiro tempo, com vários chutes perigosos de fora da área, como o de Henrique, que explodiu na trave direita de Rafael. De resto, o time do Canindé deve agradecer por não ter saído da Vila sob uma sonora goleada.
8 comentários:
O Léo disse que a alegria voltou ao Santos. Precisa dizer mais?
Convido todos a visitarem os comentários dos santistas descrentes e dos corintianos esperaçosos no post de exata uma semana atrás, do dia 3 de março, quinta-feira.
Obrigado.
De fato vc aparentemente vai acertando, Gabriel, em suas previsões no post "Santos se complica e Fluminense..."
Mas, no meu caso, não se trata de descrença. Trata-se de falar sobre o que eu estava vendo e de ter em mente a retrospectiva de Martelotte no ano passado, após a queda de Dorival, que foi sofrível.
O Santos jogou muito ontem, mas contra um time muito fraquinho, essa Lusa.
De qualquer maneira, por mim o Martelotte fica, já que chegou-se a especular até o Levir Culpi, deus nos livre. E eu não acho o Abel Braga nada de extraordinário, nem o Autuori.
Uma vitória contra a pobre Portuguesa da minha vovózinha, que Deus a tenha, não mostra muita coisa mesmo.
Eu sempre falei aqui que botava fé no Santos esse ano, portanto não faço parte dos "corintianos esperançosos" do Gabriel, mas começo a achar que a temporada do Santos está bem complicada. Pode até fazer uma grande libertadores e até ser campeão, mas o Neymar e o Ganso vão ter que carregar o time nas costas como no paulistinha do ano passado. Mas precisamos ver como volta o Ganso, sem ritmo de jogo, etc, etc. E carregar um time no paulistinha é uma coisa. Numa libertadores é outra. Além do mais, entre os "meninos da vila" e esse Santos de hoje teve várias baixas, entre as quais Robinho e André. E isso apesar desse tal "projeto terceira estrela" lá da baixada. Seguraram o Ganso e o Neymar só para a Libertadores. Mas o futebol brasileiro segue mesmo esse padrão: quando se monta um time forte aqui ele vira vitrine para os olheiros internacionais. Ao fim de cada semestre uma debandada. Não à toa, apenas dois times brasileiros ganharam alibertadores na década passada, em oposição aos cinco da década de 1990.
Será que o Campeonato Brasileiro vai ficar com a Rede TV? Pelo Clube dos 13 ela já ganhou. Se for assim achei ótimo, chega de Rede Globo mandando no futebol.
Impossível prever, Victor...
Felipe, se por um lado a Lusa é mesmo fraca, por outro é fácil perceber quando um time joga com alegria e gana de vencer. Se a Lusa é fraca, não o é mais do que o S. Bernardo, timinho com o qual o Peixe empatou na Vila em 1 a 1 e acabou sendo a gota d'água para o fim da breve era A. Batista.
Creio que há motivos, sim, para o ressurgimento do otimismo santista (mais moderado como o meu ou mais escancarado como de Gabriel) para a temporada.
PS 1: não concordo de modo algum com "Neymar e Ganso carregaram o time nas costas" no ano passado ou nesse ano. Uma coisa é dois craques "carregarem um time nas costas"; outra bem diferente é dois craques serem o diferencial de um time que
já é melhor do que a média no país, que em 2010 tinha Marquinhos jogando bem, Wesley matando a pau, André, Arouca... e que, se perdeu alguns, este ano tem Elano, Arouca, Léo, o ótimo e promissor goleiro Rafael e vários jovens de seleção sub-20, como o lateral Alex Sandro,o volante-lateral Danilo, os meias Felipe Anderson (guarde esse nome) e Alan Patrick...
PS 2: ué, você resolveu adotar a terminologia são-paulina ao dizer "Paulistinha"??? hahaha... quem diria!
abs
Então, quando eu falei "carregaram o time nas costas" quis dizer em relação à liderança, pois teve aquela fase ruim do Dorival Júnior, e na final do paulisTÃO (hehe), o Ganso falou "daqui não saio, daqui ninguém me tira"...
Agora o Santos está sem técnico de novo. Vai ter que reaparecer a gana da molecada...
PS: Nem paulistão nem paulistinha. Melhor campeonato paulista mesmo. De fato, não quero começar a adotar vocabulário tricoflor. É perigoso... hehe
"Agora o Santos está sem técnico de novo."
Essa afirmação pode ser precipitada! Acho que o timão do barco tem que estar na mão do Martelotte mesmo. Um cara do Santos, que conhece tudo ali, e não um franco-atirador sem projeto como Adilson Batista.
Se Martelotte conduzir com tranquilidade e um esquema tático definido (no que Adilson fracassou – no Santos como no Corinthians), o resto o time faz. Para o elenco que o Santos tem, o melhor técnico é o que não estorva... A ver
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