quinta-feira, 10 de março de 2011

Alegria parece estar voltando à Vila Belmiro

Como eu sempre defendi Neymar, mesmo quando quase a unanimidade da mídia adotou o rótulo de “monstro” que o perdedor René Simões achou numa noite de derrota, ou quando a mesma "crônica esportiva" resolveu colocar o “professor” Dorival como pobre vítima, me sinto à vontade para chamar a atenção para a manchete abaixo, do último dia 6, domingo de Carnaval, no Uol:

Não precisa falar muito sobre o que Neymar jogou contra a Portuguesa no tapete da Vila Belmiro, nesta quarta-feira. Quem viu, viu. Quem não viu, não viu. Fez dois golaços e deu uma beleza de passe para Léo fazer o terceiro. Fora o resto. E a manchete do Uol se torna apenas motivo de riso.

Como não dá para ver tudo, veja os gols de Santos 3 x 0 Portuguesa:




Aí, os mesmos mancheteiros de três dias atrás escrevem outra manchetezinha para vender: “Neymar ignora 'ressaca', finda jejum com dois golaços e comanda vitória do Santos”. Ora, mas que ressaca, cara-pálida? Resposta: a ressaca do que eles mesmos inventaram. Certa imprensa – e isso não vale apenas para o futebol – só funciona movida por um pêndulo que oscila entre o desejo do fracasso total e a necessidade da glória retumbante. E acha que pode mudar o mundo e os rumos da história, quando na verdade está sempre atrás de corrigir seus próprios equívocos.

Alegria voltou?
Léo lustra a chuteira do craque - Foto Ricardo Saibun/SFC

O que é de se ressaltar na vitória do Santos contra a Portuguesa é que nesse jogo a alegria de jogar, ir pra cima com um repertório indefensável, num ímpeto que vai além da mera vontade de vencer, parece estar voltando após o período sombrio de Adilson Batista. A comemoração de Léo ao fazer seu gol, no gesto de espantar a ziquizira, é emblemática.

Não sei até onde Marcelo Martelotte pode ir no comando do Santos. É covardia dizer que o grande teste será a partida do dia 16 contra o Colo Colo, no Chile. Porque Martelotte não poderá ser de modo algum culpado por uma decepção na Libertadores e nem ser chamado de burro. Ao contrário do hoje técnico da Portuguesa Jorginho, que refugou quando teve a oportunidade de assumir o Palmeiras em definitivo no ano passado, o hoje “interino” do Santos demonstra coragem ao se colocar como pronto para assumir o comando.

E ao contrário de Adilson Batista, que tinha uma estrutura pronta para brilhar mas preferiu implantar a sua (sabe-se lá se por egocentrismo, incompetência técnica, ignorância ou tudo junto), Martelotte aposta no feijão com arroz, não inventa, adota um esquema mais simples onde cada um pode fazer o que sabe mais facilmente. Neymar, livre dos esqueminhas de Batista, desnorteou a defesa da Portuguesa, que nunca sabia em que lado do campo o craque iria estar dali a alguns instantes; Zé Eduardo azucrinou a defesa com movimentação constante; Elano, embora não muito bem fisicamente, desequilibrou com sua visão de jogo, aguerrimento e passes primorosos, como o do primeiro gol contra a Lusa; Diogo, que cederá o posto a Ganso, jogou com garra, atrás da linha de atacantes. No time de Martelotte, lateral é lateral, volante é volante.

À Portuguesa, resta o consolo de ter sido brava e ter ameaçado a meta santista no primeiro tempo, com vários chutes perigosos de fora da área, como o de Henrique, que explodiu na trave direita de Rafael. De resto, o time do Canindé deve agradecer por não ter saído da Vila sob uma sonora goleada. 

8 comentários:

Victor disse...

O Léo disse que a alegria voltou ao Santos. Precisa dizer mais?

Gabriel Megracko disse...

Convido todos a visitarem os comentários dos santistas descrentes e dos corintianos esperaçosos no post de exata uma semana atrás, do dia 3 de março, quinta-feira.

Obrigado.

Eduardo Maretti disse...

De fato vc aparentemente vai acertando, Gabriel, em suas previsões no post "Santos se complica e Fluminense..."

Mas, no meu caso, não se trata de descrença. Trata-se de falar sobre o que eu estava vendo e de ter em mente a retrospectiva de Martelotte no ano passado, após a queda de Dorival, que foi sofrível.

O Santos jogou muito ontem, mas contra um time muito fraquinho, essa Lusa.

De qualquer maneira, por mim o Martelotte fica, já que chegou-se a especular até o Levir Culpi, deus nos livre. E eu não acho o Abel Braga nada de extraordinário, nem o Autuori.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Uma vitória contra a pobre Portuguesa da minha vovózinha, que Deus a tenha, não mostra muita coisa mesmo.

Eu sempre falei aqui que botava fé no Santos esse ano, portanto não faço parte dos "corintianos esperançosos" do Gabriel, mas começo a achar que a temporada do Santos está bem complicada. Pode até fazer uma grande libertadores e até ser campeão, mas o Neymar e o Ganso vão ter que carregar o time nas costas como no paulistinha do ano passado. Mas precisamos ver como volta o Ganso, sem ritmo de jogo, etc, etc. E carregar um time no paulistinha é uma coisa. Numa libertadores é outra. Além do mais, entre os "meninos da vila" e esse Santos de hoje teve várias baixas, entre as quais Robinho e André. E isso apesar desse tal "projeto terceira estrela" lá da baixada. Seguraram o Ganso e o Neymar só para a Libertadores. Mas o futebol brasileiro segue mesmo esse padrão: quando se monta um time forte aqui ele vira vitrine para os olheiros internacionais. Ao fim de cada semestre uma debandada. Não à toa, apenas dois times brasileiros ganharam alibertadores na década passada, em oposição aos cinco da década de 1990.

Victor disse...

Será que o Campeonato Brasileiro vai ficar com a Rede TV? Pelo Clube dos 13 ela já ganhou. Se for assim achei ótimo, chega de Rede Globo mandando no futebol.

Eduardo Maretti disse...

Impossível prever, Victor...

Felipe, se por um lado a Lusa é mesmo fraca, por outro é fácil perceber quando um time joga com alegria e gana de vencer. Se a Lusa é fraca, não o é mais do que o S. Bernardo, timinho com o qual o Peixe empatou na Vila em 1 a 1 e acabou sendo a gota d'água para o fim da breve era A. Batista.

Creio que há motivos, sim, para o ressurgimento do otimismo santista (mais moderado como o meu ou mais escancarado como de Gabriel) para a temporada.

PS 1: não concordo de modo algum com "Neymar e Ganso carregaram o time nas costas" no ano passado ou nesse ano. Uma coisa é dois craques "carregarem um time nas costas"; outra bem diferente é dois craques serem o diferencial de um time que
já é melhor do que a média no país, que em 2010 tinha Marquinhos jogando bem, Wesley matando a pau, André, Arouca... e que, se perdeu alguns, este ano tem Elano, Arouca, Léo, o ótimo e promissor goleiro Rafael e vários jovens de seleção sub-20, como o lateral Alex Sandro,o volante-lateral Danilo, os meias Felipe Anderson (guarde esse nome) e Alan Patrick...

PS 2: ué, você resolveu adotar a terminologia são-paulina ao dizer "Paulistinha"??? hahaha... quem diria!

abs

Felipe Cabañas da Silva disse...

Então, quando eu falei "carregaram o time nas costas" quis dizer em relação à liderança, pois teve aquela fase ruim do Dorival Júnior, e na final do paulisTÃO (hehe), o Ganso falou "daqui não saio, daqui ninguém me tira"...
Agora o Santos está sem técnico de novo. Vai ter que reaparecer a gana da molecada...

PS: Nem paulistão nem paulistinha. Melhor campeonato paulista mesmo. De fato, não quero começar a adotar vocabulário tricoflor. É perigoso... hehe

Eduardo Maretti disse...

"Agora o Santos está sem técnico de novo."

Essa afirmação pode ser precipitada! Acho que o timão do barco tem que estar na mão do Martelotte mesmo. Um cara do Santos, que conhece tudo ali, e não um franco-atirador sem projeto como Adilson Batista.

Se Martelotte conduzir com tranquilidade e um esquema tático definido (no que Adilson fracassou – no Santos como no Corinthians), o resto o time faz. Para o elenco que o Santos tem, o melhor técnico é o que não estorva... A ver