terça-feira, 20 de março de 2012

Perguntar não ofende: o Brasil tem ministro de Minas e Energia ou do Meio Ambiente?


A pergunta do título me ocorre porque mais uma tragédia ambiental de responsabilidade da gigante do petróleo Chevron veio a público na semana passada e até agora não se ouviu um pio de Edison Lobão, aquele mesmo do grupo de José Sarney, ex-PFL, que se bandeou para o PMDB e hoje, dizem, é o suposto ministro das Minas e Energia.

Chevron destrói litoral brasileiro e governo nada diz

Devo ser mesmo um ingênuo. Não consigo entender como uma mega-companhia destrói o meio ambiente de um país, continua operando e causando tragédias ambientais e o homem que responde pelo governo brasileiro sobre Minas e Energia permanece mudo como um boneco de cera.

Ah, sim, deve ser porque o governo brasileiro possui uma pasta chamada de Ministério do Meio Ambiente, pela qual responde a ministra Izabella Teixeira. Esta, figura meramente decorativa, manifestou-se duas vezes, de maneira pífia, na semana passada. Na primeira, afirmou: "Pelas primeiras informações, foi um vazamento de pequeno porte, não expressivo, mas estamos esperando dados concretos”. Na segunda, sua fala foi ainda pior: num debate sobre economia ambiental no evento "Rumo à Rio+20", ela se recusou a comentar o caso: “Não vou falar sobre a Chevron. Aqui é outro fórum: o debate é a Rio +20. A gente ainda está aguardando informações.”

Representantes da Chevron terão que prestar esclarecimentos à Comissão de Meio Ambiente do Senado sobre o novo vazamento, no Campo de Frade, na Bacia de Campos. E isso vai resolver alguma coisa ou v ai ser mais um espetáculo de cinismo?

E, no último sábado, a Justiça Federal do Rio, a pedido do Ministério Público Federal, determinou que 17 executivos das empresas Chevron e Transocean estão proibidos de deixar o país sem autorização judicial. Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, o MPF apurou que a "operação temerária que causou o dano ambiental" (em novembro de 2011) foi "planejada ou aprovada ou operada por todos os requeridos, cientes de que perfuravam zona mais alta de pressão" (íntegra para assinantes).

A Chevron foi multada em US$ 27 milhões pelos danos ambientais causados em novembro. O valor equivale a 0,014% da receita de US$ 198 bilhões da companhia em 2010, segundo o Radar Econômico, do Estadão.

Também hoje, de acordo com a Agência Brasil, um inspetor da Marinha brasileira sobrevoou o Campo de Frade, na Bacia de Campos, para verificar a extensão da mancha de óleo. Detalhe: o sobrevoo foi feito em uma aeronave da Chevron Brasil Upstream, empresa responsável pela extração de óleo no local.

A atual gestão ambiental no país mostra que o Meio Ambiente está muito longe de ser uma preocupação do governo Dilma. Mais ou menos como a Cultura, pasta na qual a ministra Ana de Hollanda resiste incrivelmente contra tudo e contra toda a comunidade cultural brasileira, apoiando descaradamente a política do Ecad e sendo apoiada inexplicavelmente pela presidente Dilma.

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