Coube ao jornalista Alberto Dines, na minha opinião, fazer
as duas observações mais interessantes na entrevista concedida por Pablo Capilé
e Bruno Torturra, da Mídia Ninja, na entrevista ao Roda Vida na noite desta
segunda-feira.
Primeiro, ao lembrar a política da Folha de S. Paulo, em meados
dos anos 70 para a frente, de incorporar algumas das demandas do ideário trazido
nas páginas da chamada imprensa “alternativa” (Pasquim como símbolo dela) dos
anos 1960 e 70. Quem tem minha idade, um
pouco menos ou mais, não há de se esquecer dos acalorados debates e fermentação
de ideias que o chamado “projeto Folha” trouxe às suas páginas com Tarso de
Castro, Lourenço Diaféria, Paulo Francis e outros.
A proposta da Mídia Ninja – que, aliás, não é invenção dela
–, de fazer o jornalismo em tempo real, com um tom de militância ou não, tende
obviamente a ser incorporada pela grande mídia de hoje, talvez de maneira mais rápida
do que se espera. Portais importantes na internet desenvolvem esse “novo
jornalismo” pulverizado e ao alcance de todos não é de hoje e eventos como o
tsunami no Japão em março de 2011 mostram que um celular com câmera pode ser o suficiente
para se fazer uma “grande reportagem”.
A segunda observação de Dines foi sobre um fato que
realmente chamou a atenção: a Mídia Ninja, organização que tende a ser
identificada com causas libertárias, ou no mínimo democráticas, praticamente
ter ignorado a vinda do papa Francisco ao Brasil como gancho para discutir uma das pautas mais importantes no país atualmente: o Estado laico.
Afinal, debates sobre o direito das mulheres sobre o próprio
corpo ou a questão da homofobia, entre outros temas, estão na ordem do dia
permanentemente, numa conjuntura em que um grupo de evangélicos retrógrados se
apossou da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Quanto a esse negócio de moeda própria ou moeda alternativa
e compartilhamento de casas fora do eixo, tenho cá a impressão de que se trata
apenas de uma espécie de eufemismo econômico. Isso porque, admita-se ou não,
com dinheiro de brinquedo ou de verdade, o que vigora ainda é a mais-valia. O
que traz riqueza aos capitalistas é a força de trabalho. E ponto. Alguém trabalha e alguém lucra.
Na semana passada, o André Forastieri entrevistou o Bruno
Torturra e lá pelas tantas o jornalista do coletivo jornalístico que é a sensação
do momento, ex-revista Trip e TV Globo, perguntado sobre se é petista,
respondeu o seguinte:
“Pessoalmente, votei no Haddad e fiz campanha para que fosse
eleito. Também votei na Dilma, no Lula duas vezes. Assinei a ata de fundação da
Rede Sustentabilidade da Marina Silva, faço parte de Rede Pense Livre,
apadrinhada por FHC, acho o PSOL um partido cada vez mais interessante. E não,
não sou petista, nem tucano, nem Marineiro... Não entendo a política como uma
guerra de gangues”.
A concepção ideológica de Torturra me remeteu à célebre
frase de Gilberto Kassab, ao fundar o PSD: “[O partido] Não será de direita,
não será de esquerda, nem de centro. É um partido que terá um programa a favor
do Brasil, como qualquer outro deve ter".
De resto, e aqui é uma elucubração a que me permito, com
esse discurso tão Marina, talvez Torturra não esteja sendo tão inocente e
idealista quanto parece.
Leia também: Sobre o jornalismo Ninja
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2 comentários:
Edú, realmente só o Dines se preoucupa com jornalismo, o restante sô grana. Ainda assim decepcionante a tal Singer. Cínica, como todos alí, mas ela como Obdusman deveria se preocupar com jornalismo. Parecia umagente de segurança. A questão do edital da Petrobrás foi. sujo, rasteiro,mentiroso, igualzinho o jornal que ela trabalha.
Mas ela tomou uma voadora do Capilé da qual vai custar esquecer... no link...
http://www.youtube.com/watch?v=KN5X4VozAh0
abraços
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