terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pablo Capilé e Bruno Torturra, da Mídia Ninja, no Roda Viva



Coube ao jornalista Alberto Dines, na minha opinião, fazer as duas observações mais interessantes na entrevista concedida por Pablo Capilé e Bruno Torturra, da Mídia Ninja, na entrevista ao Roda Vida na noite desta segunda-feira.

Primeiro, ao lembrar a política da Folha de S. Paulo, em meados dos anos 70 para a frente, de incorporar algumas das demandas do ideário trazido nas páginas da chamada imprensa “alternativa” (Pasquim como símbolo dela) dos anos 1960 e 70.  Quem tem minha idade, um pouco menos ou mais, não há de se esquecer dos acalorados debates e fermentação de ideias que o chamado “projeto Folha” trouxe às suas páginas com Tarso de Castro, Lourenço Diaféria, Paulo Francis e outros.

A proposta da Mídia Ninja – que, aliás, não é invenção dela –, de fazer o jornalismo em tempo real, com um tom de militância ou não, tende obviamente a ser incorporada pela grande mídia de hoje, talvez de maneira mais rápida do que se espera. Portais importantes na internet desenvolvem esse “novo jornalismo” pulverizado e ao alcance de todos não é de hoje e eventos como o tsunami no Japão em março de 2011 mostram que um celular com câmera pode ser o suficiente para se fazer uma “grande reportagem”.

A segunda observação de Dines foi sobre um fato que realmente chamou a atenção: a Mídia Ninja, organização que tende a ser identificada com causas libertárias, ou no mínimo democráticas, praticamente ter ignorado a vinda do papa Francisco ao Brasil como gancho para discutir uma das pautas mais importantes no país atualmente: o Estado laico.

Afinal, debates sobre o direito das mulheres sobre o próprio corpo ou a questão da homofobia, entre outros temas, estão na ordem do dia permanentemente, numa conjuntura em que um grupo de evangélicos retrógrados se apossou da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Quanto a esse negócio de moeda própria ou moeda alternativa e compartilhamento de casas fora do eixo, tenho cá a impressão de que se trata apenas de uma espécie de eufemismo econômico. Isso porque, admita-se ou não, com dinheiro de brinquedo ou de verdade, o que vigora ainda é a mais-valia. O que traz riqueza aos capitalistas é a força de trabalho. E ponto. Alguém trabalha e alguém lucra.

Na semana passada, o André Forastieri entrevistou o Bruno Torturra e lá pelas tantas o jornalista do coletivo jornalístico que é a sensação do momento, ex-revista Trip e TV Globo, perguntado sobre se é petista, respondeu o seguinte:

“Pessoalmente, votei no Haddad e fiz campanha para que fosse eleito. Também votei na Dilma, no Lula duas vezes. Assinei a ata de fundação da Rede Sustentabilidade da Marina Silva, faço parte de Rede Pense Livre, apadrinhada por FHC, acho o PSOL um partido cada vez mais interessante. E não, não sou petista, nem tucano, nem Marineiro... Não entendo a política como uma guerra de gangues”.

A concepção ideológica de Torturra me remeteu à célebre frase de Gilberto Kassab, ao fundar o PSD: “[O partido] Não será de direita, não será de esquerda, nem de centro. É um partido que terá um programa a favor do Brasil, como qualquer outro deve ter".

De resto, e aqui é uma elucubração a que me permito, com esse discurso tão Marina, talvez Torturra não esteja sendo tão inocente e idealista quanto parece.

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2 comentários:

marco antonio ferreira disse...

Edú, realmente só o Dines se preoucupa com jornalismo, o restante sô grana. Ainda assim decepcionante a tal Singer. Cínica, como todos alí, mas ela como Obdusman deveria se preocupar com jornalismo. Parecia umagente de segurança. A questão do edital da Petrobrás foi. sujo, rasteiro,mentiroso, igualzinho o jornal que ela trabalha.

Edu Maretti disse...

Mas ela tomou uma voadora do Capilé da qual vai custar esquecer... no link...

http://www.youtube.com/watch?v=KN5X4VozAh0

abraços