O 1 a 1 sempre foi pra mim um resultado
bonito, seja no futebol de botão, quando fazíamos campeonatos espetaculares, seja
no futebol até hoje. É que o 1 a 1 representa um embate, mais do que um empate.
É um empate justo. Diferentemente do 0 a 0 (que é sempre decepcionante) e do 2
a 2 (que sempre deixa o sabor da derrota ou da vitória mais próximo, e por isso
também decepcionante), o 1 a 1 parece a medida exata de um empate (um embate) justo no
futebol. O empate entre dois que combateram bravamente, mas em algum momento reconheceram a
igualdade. Não sei, tenho essa impressão.
Foi 1 a 1 o resultado do primeiro jogo de futebol que vi in
loco, no campo, num dia de inverno, frio e com garoa, em 1971: Corinthians 1 x 1 Santos,
com Pelé e Rivelino em campo, no Morumbi, levado por meu pai, palmeirense. Como
já escrevi aqui, não lembro do jogo, de lances e nem mesmo dos gols. Lembro do
1 a 1 e do meu deslumbramento ao ver aquele gigantesco e lindo gramado verde, e
as linhas brancas traçando a grande área, o meio-campo, as meias-luas, o
círculo central.
Os gols da partida deste agosto de 2013
Os gols da partida deste agosto de 2013
O 1 a 1 de hoje foi um belo jogo, disputado, com clima de
Vila Belmiro – não pelo público, de parcos 8.120 mil pagantes, mas pelo
comportamento aguerrido do time do Santos, desacreditado e abalado por uma
crise política depois do vexame de Barcelona. O time mostrou que a crise é de
gestão, e não técnica.
O Santos tomou um gol bobo logo aos 3 minutos do primeiro
tempo, em cabeçada do zagueiro Paulo André graças a bobeira geral da zaga, que
marcou a bola. Tomar 1 a 0 do Corinthians de Tite costuma ser difícil de
reverter, pois a equipe é compactada, marca no campo todo, tem índices altos de
posse de bola e um contra-ataque que costuma ser mortal, seja nos tempos de
Émerson Sheik, seja hoje com Romarinho.
Mas o time de Claudinei Oliveira, que, pressionado pelo
vexame no Camp Nou, começara a primeira etapa afobado e nervoso, conseguiu
empatar logo aos 9 do segundo tempo (com justiça, diga-se). Foi um passe de
Montillo que lembrou Diego em 2002, aquela enfiada para Alberto fazer o 1 a 0
no jogo de ida (que acabou 2 a 0) da final do Brasileiro de 11 anos atrás. Com
o gol de William José, o Santos foi crescendo no segundo tempo. Encurralou o
Timão e não ganhou por pouco.
(Parênteses para a arbitragem: o juiz Marcelo Aparecido de Souza acertadamente
expulsou Paulo André e Willian José, mas o atacante do Santos foi tolo ao entrar
na briga entre Neilton e Gil. Se Willian José não tivesse um chilique, Gil e
Neilton teriam levado um amarelo cada um e tudo ficava por isso mesmo.)
A partir das expulsões, o Santos perdeu o ímpeto com que
partia pra cima do Corinthians. Willian José, que fez o belo gol do empate,
prejudicou muito o seu time (mas também, convenhamos, com esse nome não dá: ou
é Willian ou é Zé – Wiiliam José é um nome péssimo para um camisa 9).
E foi 1 a 1.
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