HENRIQUE FONTANA
Dilma Rousseff foi uma figura marcante na noite deste 10 de
maio de 2017 em Curitiba, apesar de relegada a um óbvio e natural segundo plano. Não pelo que disse, mas por sua presença até certo
ponto surpreendente. Por ter sido a primeira a discursar no ato, depois do depoimento
de Lula ao juiz Sérgio Moro na (a partir de hoje) mundialmente famosa 13ª Vara
Federal, a chamada República de Curitiba.
A presença de Dilma no evento teve um caráter absolutamente
simbólico. Em que pese seus notórios erros políticos (e até por eles), que seria repetitivo
enumerar aqui, Dilma é quem foi derrubada pela articulação da qual Michel Temer
é apenas uma marionete. Dilma cometeu erros, e não foram
poucos, mas ela não pode ser, sozinha, responsabilizada pelo golpe. O seu
grande erro foi o início do segundo mandato, mas aí as coisas já estavam meio
difíceis (sim, inclusive por erros dela). O ciclo das commodities, que empurraram os dois mandatos de Lula, tinha acabado. E o acordo
com o PMDB não foi ela quem fechou, anos antes.
A articulação que levou a marionete Temer ao poder, como se
sabe, envolve interesses globais: a destruição do Brasil como nação, da
Petrobras (como possibilidade de nação), uma das maiores companhias de petróleo
do mundo, colocada na bacia das almas por interesses materializados pela Lava
Jato, com seu pretexto de combater a corrupção.
"Tenho certeza que o país não vai continuar por
esse caminho de golpe atrás de golpe", disse Dilma em Curitiba. Os mais exigentes
poderiam dizer que faltou uma preposição na frase de Dilma. Sim, faltou a
preposição. Mas a frase, aparentemente simples, é carregada de muitas verdades
intrínsecas. Porque estamos vendo, desde o ano passado, a comprovação de que Temer não passa mesmo de uma marionete
manipulada pelas gigantescas corporações dos Estados Unidos da América, a Roma
contemporânea.
E só uma nação mobilizada pode conter a Roma contemporânea.
Não depende só de Lula ou de Dilma, nem de ambos juntos. O Brasil precisa ser
uma nação.
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