quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O eterno 1 a 1


O 1 a 1 sempre foi pra mim um resultado bonito, seja no futebol de botão, quando fazíamos campeonatos espetaculares, seja no futebol até hoje. É que o 1 a 1 representa um embate, mais do que um empate. É um empate justo. Diferentemente do 0 a 0 (que é sempre decepcionante) e do 2 a 2 (que sempre deixa o sabor da derrota ou da vitória mais próximo, e por isso também decepcionante), o 1 a 1 parece a medida exata de um empate (um embate) justo no futebol. O empate entre dois que combateram bravamente, mas em algum momento reconheceram a igualdade. Não sei, tenho essa impressão.

Foi 1 a 1 o resultado do primeiro jogo de futebol que vi in loco, no campo, num dia de inverno, frio e com garoa, em 1971: Corinthians 1 x 1 Santos, com Pelé e Rivelino em campo, no Morumbi, levado por meu pai, palmeirense. Como já escrevi aqui, não lembro do jogo, de lances e nem mesmo dos gols. Lembro do 1 a 1 e do meu deslumbramento ao ver aquele gigantesco e lindo gramado verde, e as linhas brancas traçando a grande área, o meio-campo, as meias-luas, o círculo central.

Os gols da partida deste agosto de 2013


O 1 a 1 de hoje foi um belo jogo, disputado, com clima de Vila Belmiro – não pelo público, de parcos 8.120 mil pagantes, mas pelo comportamento aguerrido do time do Santos, desacreditado e abalado por uma crise política depois do vexame de Barcelona. O time mostrou que a crise é de gestão, e não técnica.

O Santos tomou um gol bobo logo aos 3 minutos do primeiro tempo, em cabeçada do zagueiro Paulo André graças a bobeira geral da zaga, que marcou a bola. Tomar 1 a 0 do Corinthians de Tite costuma ser difícil de reverter, pois a equipe é compactada, marca no campo todo, tem índices altos de posse de bola e um contra-ataque que costuma ser mortal, seja nos tempos de Émerson Sheik, seja hoje com Romarinho.

Mas o time de Claudinei Oliveira, que, pressionado pelo vexame no Camp Nou, começara a primeira etapa afobado e nervoso, conseguiu empatar logo aos 9 do segundo tempo (com justiça, diga-se). Foi um passe de Montillo que lembrou Diego em 2002, aquela enfiada para Alberto fazer o 1 a 0 no jogo de ida (que acabou 2 a 0) da final do Brasileiro de 11 anos atrás. Com o gol de William José, o Santos foi crescendo no segundo tempo. Encurralou o Timão e não ganhou por pouco.

(Parênteses para a arbitragem: o juiz Marcelo Aparecido de Souza acertadamente expulsou Paulo André e Willian José, mas o atacante do Santos foi tolo ao entrar na briga entre Neilton e Gil. Se Willian José não tivesse um chilique, Gil e Neilton teriam levado um amarelo cada um e tudo ficava por isso mesmo.)

A partir das expulsões, o Santos perdeu o ímpeto com que partia pra cima do Corinthians. Willian José, que fez o belo gol do empate, prejudicou muito o seu time (mas também, convenhamos, com esse nome não dá: ou é Willian ou é Zé – Wiiliam José é um nome péssimo para um camisa 9).

E foi 1 a 1. 

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