Resenha da Copa do Mundo [8 - segunda-feira, 30 de junho]
A palavra épico está se tornando um clichê para se referir a
jogos desta Copa do Mundo espetacular. Mas de novo recorro a ela para falar
desse jogo impressionante, antológico, digno de adjetivos, algo de que não
gosto na escrita, que foi Alemanha 2 x 1 Argélia pelas oitavas-de-final, em Porto Alegre.
Ivo Gonçalves/ PMPA
Cheguei a ficar triste com a desclassificação dos argelinos, que os alemães só conseguiram derrotar depois de lutar incessantemente por 120 minutos.
Foi o único time africano para o qual torci nesta Copa. Têm um futebol
insinuante, como disse o Gerd Wenzel.
Bem montado na defesa, a começar do goleiro Raïs M'Bolhi, com suas intervenções incríveis, com contra-ataques espetaculares, uma
vontade quase religiosa de vencer, mas muito diferente daquela vontade bruta e
ignorante que às vezes vemos em certos times. A gana do time da Argélia parece
ter a ver com a biografia de seu técnico, o bósnio Vahid Halilhodzic, que vale
a pena conhecer: Sobrevivente de guerra, ídolo no Nantes e cavaleiro
francês: conheça Vahid Halilhodzic.
Poucas vezes vi na vida um jogo com intensidade igual. Parabéns
à Argélia, o país de Albet Camus. E a Alemanha, com seu futebol tático, continua
devendo.
Já a França bateu a fraca Nigéria por 2 a 0. Bem
penteadinhos, os franceses pareciam que estavam jogando uma partida de futebol
de praia. Com postura blasé, a seleção francesa se baseia na rapidez, na troca
de bola rápida, mas tem uma defesa vulnerável, principalmente pelas alas, e meu palpite é que, se a Argélia não bateu a Alemanha, não
vão ser os franceses.
2 comentários:
Também gostei muito do jogo. Para quem gosta de futebol, foi um presente. Mas se esta Copa começou com quedas surpreendentes de grandes seleções, parece ter cessado com as surpresas e sucumbido ao previsível, que é a permanência dos "experientes", dos que já eram esperados: França, Alemanha, Argentina, Brasil e outros. Entretanto, fica a impressão de que várias seleções já não são inexpressivas. E a cada jogo, podemos constatar as idiossincrasias culturais, o jeito de ser mesmo, de cada povo. Essa riqueza de conhecimento que nos proporciona uma Copa deveria ser levada em conta pelos que insistem em dizer que futebol é uma bobeira sem sentido. Espero que o Brasil possa conter seu traço mais incrustado, que é a emotividade. Fico pensando que a seleção brasileira poderia ter sido mais bem escalada para fazer jus ao grande evento que está sendo a Copa das Copas, a Copa no Brasil. Mas isso o Felipão nos tirou. Acredito que o campeão sairá do comjunto Holanda-França-Alemanha. Pode até ser o Brasil, mas isso já é torcida.
Concordo com quase tudo. Só acrescento a Argentina como um dos candidatos ao título, e tiro a França...
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