segunda-feira, 7 de julho de 2014

As semifinais



Resenha da Copa do Mundo [12 - segunda-feira, 7 de julho]


Brasil x Alemanha
Holanda x Argentina



Marcello Casal Jr/ Agência Brasil


Não tem como apontar favoritos. Com Neymar no time, jogando em casa e considerando que a Alemanha é freguesa do Brasil, o time de Felipão levaria um favoritismo, na minha opinião. Os times jogaram três partidas oficiais na história e a seleção brasileira ganhou todas: 4 a 0 (1999 - Copa das Confederações), 3 a 2 (2005 - Copa das Confederações) e 2 a 0 (2002 – final da Copa do Mundo). No total foram 21 jogos entre as duas seleções, com 12 vitórias brasileiras, 5 empates e 4 dos alemães.

A verdade é que o time brasileiro, que já era limitado, perde ainda mais “em carisma, futebol e alegria com a saída do Neymar”, como disse Paulo M. em comentário ao post anterior ao falar da Copa sem o craque brasileiro. Se o Brasil vai superar a perda e ultrapassar a eficiência germânica, seja com Willian ou Bernard, só conferindo. A escolha de Scolari deve ser Willian, que joga com Oscar no Chelsea e, além de ser mais jogador, é a solução mais óbvia também por isso.

Fala-se em garra e união para suplantar a ausência do craque do time e ter força para bater uma equipe que tem o goleiro Neuer, Lahm, Özil, Schweinsteiger, Müller e até Klose, jogador que às vezes joga, às vezes não, e pode fazer seu 16o. gol, ultrapassando Ronaldo como o jogador com o maior número de gols em todas as copas. Mais uma vez penso em como poderia ser diferente se o elenco tivesse jogadores como Ganso, Robinho e Kaká para poder usar numa hora dessa. E ainda tem que pensar na mudança na dupla de zaga, já que Thiago Silva, suspenso, será substituído por Dante.

Dante é canhoto, e David Luiz, embora destro, prefere jogar pela esquerda, mas vai ser deslocado para a direita da defesa para Dante entrar. Mudar uma defesa que está dando certo num jogo como esse... Ou seja, o time perde a força do ataque e muda a defesa contra um time organizado, forte no ataque, com uma bola parada perigosíssima, e que joga em bloco. 

Já a outra semifinal, também de impossível prognóstico, reúne um time que vem crescendo ao longo da competição (Argentina), mas perdeu Di Maria (o melhor da seleção sem contar Messi) e outro que joga com impressionante frieza (Holanda) e tem em Van Gaal um técnico que decide jogos.

Não tenho esse negócio meio bobo de torcer contra a Argentina, como muitos que ficam papagaiando uma rivalidade que, aliás, nem é tão grande para os argentinos, pois para eles os maiores rivais são historicamente Uruguai e Inglaterra.

Mas, no caso, vou torcer para a Holanda, embora às vezes a gente só descubra para quem vai torcer num jogo desse quando ele começa e a gente vê para onde o coração aponta.

Na verdade a Holanda é o único dos semifinalistas que não tem título mundial, já tendo passado perto muitas vezes e chegado ao vice-campeonato três vezes (1974, 1978 e 2010). Acredito que a Holanda mereceria um título, pela história que já construiu no futebol.

Argentina x Holanda vai ser a paixão com que os Hermanos encaram uma partida como essa contra o jogo matemático e tático com que o time de Van Gaal tem jogado nesta Copa. Falaram mal da Holanda por ter vencido a Costa Rica nos pênaltis. Mas, por incrível que pareça, dava a impressão que os holandeses tinham o tempo todo certeza de que venceriam. É impressionante a calma com que esse time joga. E às vezes é mais difícil vencer um timinho retrancado e limitado como essa Costa Rica do que um grande oponente. A Holanda chutou três bolas na trave, o goleiro consta-riquenho defendeu tudo e, ao fim, ganhou a Copa do Mundo com a classificação de um grande time.

Tenho acertado palpites aqui no blog. Disse no  post sobre as quartas de final (resenha 10) que “meu palpite é de que as semifinais serão Brasil x Alemanha e Holanda x Argentina”. E também, na resenha 11, antes de Brasil x Colômbia, que “acho que nesta sexta-feira nós passamos pela Colômbia. Meu palpite é 2 a 1”.

Os palpites anteriores eram baseados em alguma, ou muita, lógica, ao contrário das semifinais. Mas, para não perder o hábito, acho que a final vai ser Brasil x Holanda.

4 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Sempre achei que a rivalidade com a Argentina era inventada e politicamente contraproducente. Tenho um carinho pela Argentina porque meu avô materno nasceu em La Plata, veio para o Brasil com 7 anos, torcia para o Palmeiras e o Boca Juniors e, nos últimos anos de vida, sofrendo de Alzheimer, só falava castellano. Era meio argentino, meio brasileiro.

Porém, nada como uma copa em solo nacional para observar algumas coisas que, do contrário, não se manifestariam. Vejo que os argentinos manifestam uma grande rivalidade FUTEBOLÍSTICA com o Brasil. Não à toa, em todos os jogos da Argentina, o canto que mais se destaca é o tal "Brasile, decime que se siente", no qual eles provocam o Brasil lembrando do gol de Caniggia (após uma jogada de mestre de Maradona) que eliminou o Brasil da Copa de 1990 ("nunca nos vamos a olvidar"). Malas. Mas, contraditoriamente, estou achando gostosa essa provocação, desde que essa rivalidade se restrinja ao duelo futebolístico e não ganhe estúpidos contornos políticos e xenofóbicos. Um dos motivos pelos quais acho que os clubes empolgam mais que a seleção é a enorme rivalidade clubística, que torna as conquistas mais saborosas e as derrotas mais doloridas. Confesso que todo esse consenso em torno da seleção me dá um certo tédio. Os argentinos estão deixando a copa mais interessante, mas, se o Brasil não puder ser campeão, que seja a Holanda. Aguentar argentino tricampeão vai ser dose pra elefante. rs

Eduardo Maretti disse...

haha, verdade Felipe. Argentino tricampeão e no Maracanã! Fala sério!

Concordo com praticamente tudo que vc disse.. Mas não entendi o que você quis dizer com "consenso em torno da seleção", que te dá tédio. Consenso sobre o futebol que o time de Felipão vem jogando? Ou em relação a torcer? Não acho que haja consenso, nem quanto a uma coisa nem quanto a outra. Ontem vi um bom debate em torno de Brasil x Alemanha no Linha de Passe na ESPN/Br. Lá, como em vários lugares, entre torcedores comuns menos, mas também, não há consenso em torno do Brasil contra a gigante Alemanha. Há um "relismo" em relação ao fato de que a equipe alemã é mais time hoje. O que não ganha jogo, como a gente sabe...

O carinho que você tem pela Argentina é semelhante ao meu pela Itália, já que meu avô paterno nasceu em Modena...

Enfim, também acho que os argentinos manifestam uma grande rivalidade FUTEBOLÍSTICA em relação a nós. Qualquer um que visite Buenos Aires comprova isso na prática, pois eles nos tratam com muita cordialidade.

Aliás, tem uma matéria interessante sobre isso que fiz pra RBA:

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/rivalidade-de-argentinos-e-maior-com-ingleses-e-uruguaios-do-que-com-brasileiros-2740.html

abraços

Felipe Cabañas da Silva disse...

O consenso a que me referi é mais em relação a torcer mesmo. Em redes de televisão de menor qualidade (nem preciso citar nomes) esse consenso quase se transforma numa ditadura, com os locutores mal narrando os gols dos adversários, como se todo indivíduo diante da televisão estivesse torcendo pela seleção brasileira. Toda copa é um enxoval de vinhetas, propagandas, jingles e promoções procurando fabricar a imagem de um país unido em torno da seleção. Isso me dá tédio. Em linguagem mais popular, me dá bode. rs

Mas, daí, tomei uma decisão nesta copa: não mais assistirei aos jogos da seleção por aquela emissora, com aquele locutor. Estou vendo outra copa. Minha relação com a seleção é outra. O ufanismo e a histeria, em outros canais, diminuem a níveis menos inaceitáveis.

(Nesta copa, de fato, esse consenso diminuiu, porque tem um monte de abutre torcendo contra, porque acha que assim, quem sabe, seu candidato possa se sair melhor nas eleições de outubro.)

Diga-se de passagem, quando essas emissoras tentam fabricar consenso em torno do Corinthians, também me dá bode. Penso: estão tentando fabricar uma imagem do meu time que não corresponde à realidade. Mas é que Corinthians é Corinthians. Não há locutor que estrague. Ou melhore. rs

Eduardo Maretti disse...

Pois é, mas eu não vejo jogo da Copa na Globo, nem na FoxSports (nesta vi alguns tapes à noite de jogos a que não pude assistir), nem na Band. Estraga tudo, são horríveis. Outro dia estava vendo o tape de Argentina x Suíça e um narrador pavoroso (nem sei o nome) de repente diz: "A Suíça é o Brasil na Libertadores!". Um lixo.