Resenha da Copa do Mundo [14 - quarta-feira, 9 de julho]
Valter Campanato/ Agência Brasil
Hermanos comemoram ida à final, o que não acontecia desde 1990 |
Torci para a Holanda, mas não fiquei insatisfeito com a
classificação argentina.
Minha rivalidade com a Argentina de Di Stéfano, Maradona e Messi
é apenas futebolística, e não cultural, política ou outra. Adoro Buenos Aires e
lá qualquer brasileiro é sempre muito bem recebido. Admiro o futebol argentino,
que encanta e surpreende, mas sobretudo encanta com sua magia, porém achava, e
ainda acho, que a Holanda merece um título, pela história que construiu no
futebol.
Posto isso, a Argentina merece estar na final, depois de um
jogo muito ruim em que tanto os hermanos como os orange só pensaram em não
perder e não tomar gol. Renegaram o ataque. Os craques Messi e Robben, muito marcados, tiveram atuação apagada. As equipes preferiram deixar na mão dos deuses
e ir para a disputa de pênaltis. Nenhum dos dois mereceu ganhar o jogo e
qualquer um que vencesse os pênaltis teria merecido. Foi a Argentina.
A Alemanha tem enorme favoritismo na final. Não vai fazer 7
a 1 na Argentina. Mas se der a lógica, os germânicos devem levantar a quarta
Copa do Mundo, repetindo 1954, 1974 e 1990, evitando que o time de Messi
conquiste o Mundial, o que conseguiu em 1978 e 1986.
Nota curiosa é que Argentina x Alemanha fazem a negra.
Decidiram as copas de 1986, vencida pelos sul-americanos comandados por
Maradona por 3 a 2, e de 1990, que os germânicos conquistaram por 1 a 0 graças
a um pênalti inexistente marcado pelo árbitro da partida no finzinho do jogo.
Pareceu-me à época que aquele pênalti a favor da Alemanha na final de 90 foi premeditado,
como se a Fifa, então, se vingasse da “mano de Diós” de Maradona de quatro anos
antes.
Mas na final de domingo, a Argentina vai precisar encontrar
uma fórmula mágica para vencer o coração da Alemanha, que é seu meio de campo
monstruoso formado por Schweinsteiger, Kroos, Khedira e Özil, e ainda com Müller
circulando pelo campo.
Mascherano (que tem jogado uma barbaridade, um verdadeiro
líder que o Brasil nunca teve), Biglia, Enzo Pérez e Messi foi o meio de campo
argentino que enfrentou a Holanda, e que não me parece páreo para o quarteto
alemão, mesmo que Di Maria volte e jogue no sacrifício. Messi fez um jogo
apagado contra a Holanda. Talvez o jogo mais franco e agressivo da Alemanha
favoreça seu jogo, talvez ele encontre espaços.
Enfim, a Alemanha deve ser a campeã da Copa das copas no
Maracanã, no próximo domingo. A menos que o imponderável apareça, e Messi
brilhe. Senão, vai ser difícil. "Vai ser difícil porque [a Argentina] tem pela frente uma Alemanha quase perfeita", disse o comentarista argentino Juan Pablo Sorín, da Espn, agora há pouco, que sabe do que está falando. Foi um grande lateral esquerdo e jogou até 2006 pela seleção argentina.
Outro comentarista do mesmo canal, o Mauro Cézar, disse uma frase interessante: "A Argentina tem mais apetite, a Alemanha tem mais time".
Enfim, a ver.
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