terça-feira, 24 de abril de 2012

Movimento pede a Daniela Mercury que cancele show em Israel


Reprodução
A cantora baiana
Um abrangente grupo de movimentos sociais do Brasil e de Portugal, partidos políticos e sindicatos de várias tendências enviou uma carta à cantora Daniela Mercury pedindo à artista para cancelar o show marcado para o próximo dia 10 de maio em Israel. A ação faz parte da campanha por Boicotes, Desinvestimento e Sanções (BDS) ao apartheid promovido contra palestinos pelo estado israelense.
A carta à cantora afirma:

Amigos palestinos, admiradores de sua música nos escreveram assim que souberam que você pretende fazer um show em Israel, em maio próximo.

“Como parte do chamado feito pela sociedade civil palestina em 2005 para o Boicote, o Desinvestimento e Sanções (BDS), e inspirado pelo boicote cultural ao apartheid na África do Sul, o povo palestino pede a artistas internacionais que se juntem ao movimento BDS cancelando shows e eventos em Israel, que só servem para igualar o ocupante ao ocupado e, portanto, promover a continuação da injustiça (...)

“Em outubro de 2010, o sul-africano Desmond Tutu, consagrado com o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o apartheid, apelou à ópera de seu país cancelar a apresentação agendada em Israel. Um show em território israelense enfraquece a chamada para o BDS até que Israel cumpra os requisitos básicos do direito internacional, pondo fim à ocupação militar, à tomada de terras e à construção de novas colônias nos territórios palestinos. Na mesma linha, respeite os direitos humanos, à autodeterminação do povo palestino e ao retorno a suas terras e propriedades.”

No apelo à cantora baiana, o movimento destaca que “a participação em um show em Israel não é um ato neutro, desprovido de qualquer mensagem política”. Referindo-se a Daniela Mercury, enfatiza: “você estará apoiando a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade. Qualquer afirmação em contrário que um artista deseje fazer por meio de sua participação nesse evento será ofuscada pelo fato de que está atravessando um piquete internacional, estabelecido pela grande maioria das organizações da sociedade civil na Palestina. Na verdade, uma mensagem de paz justa atingirá muito mais pessoas, incluindo israelenses, se você cancelar a sua participação”.

Artistas engajados

Elvis Costello, Gil Scott Heron, Carlos Santana, Devendra Banhart e os Pixies se recusaram a realizar shows em Israel em 2010.

Roger Waters (da lendária banda Pink Floyd) é um dos artistas que assumiram abertamente a defesa da causa palestina. Em entrevista coletiva no Rio de Janeiro por ocasião de suas apresentações no Brasil, ele criticou no começo de abril o governo israelense e declarou seu apoio à campanha BDS. Por isso, Waters foi acusado de fazer “declarações antissionistas” pelo advogado da Federação das Indústrias do Rio de janeiro, Ricardo Brajterman, segundo a coluna de Ancelmo Gois, de O Globo.

Já Roberto Carlos...

Já o brasileiro Roberto Carlos, um dos artistas mais populares do país, deu um show em Tel Aviv em setembro de 2011. O espetáculo movimentou cerca de R$ 30 milhões, segundo a imprensa divulgou. Lembremos que Roberto Carlos há décadas prega em suas músicas a paz dos homens e canta o amor pelo próximo e a Jesus.

O problema é justamente o dinheiro: o enorme giro de capital interessa mais aos superstars do que qualquer causa humanitária ou política. Daniela Mercury – que defende a sustentabilidade, os índios e é embaixadora da Unicef – vai quebrar essa lógica ou seu lado empresária vai falar mais alto?

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