terça-feira, 6 de junho de 2017

Putin e Erdogan alertaram Dilma e Lula sobre manifestações de 2013, diz Fernando Haddad


"Tenho para mim que o impeachment de Dilma não ocorreria não fossem as Jornadas de Junho", diz ex-prefeito de São Paulo


Ainda bem que é Fernando Haddad quem fala, e não eu (quando falei que o início do golpe foram as manifestações de 2013, colegas e até amigos vieram pra cima de mim como se eu fosse um blasfemo).

O trecho abaixo é de Haddad publicado na Piauí, agora em junho.

"Durante os protestos de 2013 no Brasil, a percepção de alguns estudiosos da rede social já era de que as ações virtuais poderiam estar sendo patrocinadas. Não se falava ainda da Cambridge Analytica, empresa que, segundo relatos, atuou na eleição de Donald Trump, na votação do Brexit, entre outras, usando sofisticados modelos de data mining data analysis. Mas já naquela ocasião vi um estudo gráfico mostrando uma série de nós na teia de comunicação virtual, representativos de centros nervosos emissores de convocações para os atos. O que se percebia era uma movimentação na rede social com um padrão e um alcance que por geração espontânea dificilmente teria tido o êxito obtido. Bem mais tarde, eu soube que Putin e Erdogan (presidentes da Rússia e da Turquia) haviam telefonado pessoalmente para Dilma e Lula com o propósito de alertá-los sobre essa possibilidade."

A íntegra do texto de Haddad está aqui.

E, abaixo, o link de um artigo de F. William Engdahl, publicado logo após a reeleição de Dilma, em novembro de 2014, no qual o pesquisador chamou a atenção para uma coincidência envolvendo a visita do então vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Brasil, em maio de 2013:

"Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado 'Movimento Passe Livre', relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica 'Revolução Colorida', ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento."

O link com o artigo de Engdahl: BRICS’ Brazil President Next Washington Target

Acho que não precisa desenhar.

O único comentário que me ocorre: como podem Lula, Dilma e seus assessores serem tão ingênuos, ou "republicanos", como preferiam dizer? Certamente não foram só Putin e Erdogan que  os alertaram. Mas quantos tenham sido, foi inútil.

3 comentários:

Alexandre Maretti disse...

Uma ação estratégica muito bem feita dos EUA. Parabéns...diante de uma mídia servil, retrógrada, uma população facilmente persuadida e alianças vulneráveis às águias devoradoras de ratos. Contando com a incapacidade de reação da esquerda, mal preparada e ingênua, o molho está pronto.. vamos nos servir.

marco antonio ferreira disse...

Haddad é um político esquisito, ( no sentido de estranho, não comum) na política brasileira. Cenário que não quis admiti-lo no "club", inclusive a trecnocrata Dilma, recém ascendida a condição de política. Tampouco a oposição culta, sic, FHC.
Talvez, e talvez mesmo, seja a soberba do Haddad, assim como a de Dilma, que não deixou que tudo se completasse, um segundo mandato. O eleitor gosta de votar no chefe, no que sabe mais, no que é mais bonito, e não é feio quenem ele, sic. Mas o eleitor não gosta de quem sabe muito, tanto que ele não entende. Tipos que sabem já de tudo, muito moderno. Mas que ninguém entende do que fala. Daí vem Dória. Moderno também, com uma vantagem: todo mundo entende, sic. A imprensa então!
Imprenssa, MPL, Judiciário.
Um pouquinho de fogo amigo, inveja, ciúmes, e pronto. fim de sonho.
Pelo menos esse é o script, sic, até aqui, mas o próprio ensaio do Haddad é sinal de luta, Vamos lá, eu não tenho mais nada que fazer.

Eduardo Maretti disse...

Achei o texto de Haddad muito interessante. Mas tem uns problemas.
Por exemplo, ele fala da mídia, Folha, Globo etc... Mas, para o bem ou para o mal, sequer menciona a mídia de esquerda ou "alternativa". Isso é sintomático. Na gestão dele, Haddad tratou essa mídia como se "terceira divisão". Foi dar entrevista à RBA, por exemplo, uns 2 anos depois de assumir a prefeitura, depois de muita insistência. O chefe dele na Secom, o tal Nunzio Briguglio, tinha a visão de que tem que falar com a grande mídia, pra dar visibilidade (mas essa é a posição do PT como um todo, e uma de suas principais falhas, coisa de amador na política, sentar com o inimigo). Aí ele vai e só falava com os mais escrotos. Jovem Pan principalmente, onde os caras chamam o Lula de "bandido", "chefe de quadrilha" e coisas assim, literalmente. Enfim, esse é um problema sério.

Mas o texto é rico. Se tiver tempo ainda escrevo sobre ele. Mas o texto mostra um quase rompimento com a Dilma. Isso é óbvio.