quinta-feira, 13 de agosto de 2015

No tabuleiro político, Eduardo Cunha é o bispo, que tem vida curta no xadrez




Está na Folha de S. Paulo online desta quinta-feira 13 a manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre as manobras jurídicas (como se não bastassem as políticas) do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do glorioso PMDB do Rio de Janeiro. Diz Janot:

"O inquérito investiga criminalmente a pessoa de Eduardo Cunha, que tem plenitude de meios para assegurar sua defesa em juízo e, como seria de se esperar, está representado por advogado. O investigado solicitou a intervenção da advocacia pública em seu favor, sob o parco disfarce do discurso da defesa de prerrogativa institucional. O que se tem, então, é um agravo em matéria criminal em que a Câmara dos Deputados figura como recorrente, mas cujo objeto só a Eduardo Cunha interessa (...)

"O agravo em questão evoca, em pleno século XXI, decantado vício de formação da sociedade brasileira: a confusão do público com o privado."

A matéria da Folha está aqui.

Mesmo quem não é familiarizado com termos jurídicos há de reconhecer nas palavras de Rodrigo Janot um cenário nebuloso para Cunha na seara jurídica. O cenário pode ficar ainda mais carregado de nuvens escuras para o presidente da Câmara (e aí já politicamente) se Renan Calheiros mantiver o acordo negociado com o Palácio do Planalto desde a semana passada. Nesse caso, o Senado presidido por Renan seria o freio às sandices de Cunha na Câmara. Porque seria Eduardo Cunha contra Renan, Michel Temer e o governo.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Os próximos lances no tabuleiro vão definir o papel de Eduardo Cunha no xadrez político do primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff. Especificamente quanto a essa partida, acredito que terminará no final de 2015. Nela, penso eu, Cunha terá desempenhado o papel do traiçoeiro bispo.

Numa partida de xadrez (e quem joga só um pouquinho de xadrez sabe disso) o bispo normalmente tem vida curta, embora eficiente para golpes diagonais, que são muito perigosos. Mas tem menos abrangência do que o cavalo. Seja como for, a vida do bispo deve necessariamente ser mais curta do que a da torre, da rainha e do rei. Em alguns acasos, até mais curta do que a de alguns peões.

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