sexta-feira, 12 de julho de 2013

De tabaco e políticas higienistas [2]



Estava para ser votado ontem, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, projeto do senador Paulo Davim (PV-RN) que restringe os pontos de vendas de cigarros (PLS 139/2012).  A votação foi adiada por pedido de vista.

O projeto proíbe a comercialização de cigarro e produtos derivados em postos de gasolina, supermercados, estabelecimentos de venda ou consumo de alimentos, lojas de conveniência e bancas de jornal. Quer dizer, os tabagistas vão ter que apelar para estratégias de armazenamento.

Acho que a onda de proibicionismo que assola o país faz mais mal à saúde do que o cigarro. Tudo bem proibir fumar em locais fechados, bares, restaurantes etc. Mas a política de proibir pura e simplesmente é algo que a história já demonstrou ser não apenas contraproducente como burra (ou mal intencionada), e a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos na primeira metade do século passado é um exemplo paradigmático. Viu, senador Davim? Paradigmático.

Já escrevi aqui, no post De tabaco e políticas higienistas, no Dia Mundial sem Tabaco em 2011, o que acho sobre o assunto, reproduzindo inclusive a opinião do deputado estadual de São Paulo Adriano Diogo (PT), que escreveu, a propósito da política do ex-governador José Serra em São Paulo: 

Por trás disso tudo está a política higienista de Andrea Matarazzo, o fascismo silencioso e perverso de Serra, a síndrome por uma sociedade perfeita e sem vícios. Esta é a eugenia serrista. E qualquer semelhança com a eugenia nazista não é mera coincidência. Adolf Hitler é o precursor das campanhas públicas anti-tabagistas. Na década de 1930 e início da década de 1940 ele comandou a campanha anti-tabagista mais poderosa do mundo, que muito se assemelha à lei que foi sancionada, pois restringia o fumo em lugares públicos, além de estabelecer normas para o consumo em restaurantes e cafés”.

Como se vê, a visão serrista de saúde pública, a do moralismo e da proibição, faz escola. Moralismo e proibição que engendram a deduragem, o incentivo ao monitoramento do indivíduo e do domínio policial sobre as relações. Segundo o higienista-senador Paulo Davim, sua proposta se justifica pelo fato de o tabaco está associado ao crescimento de diversas doenças crônicas que levam à morte. “Restringir os locais onde se pode comprar cigarro constitui não apenas a imposição de maiores dificuldades para o consumo, mas também uma estratégia efetiva para reduzir sua promoção”, diz o senador.

Sugiro ao nobre parlamentar, já que ele está preocupado com a saúde dos brasileiros e com a morte, que apresente projetos contra os agrotóxicos, contra os conservantes, os refrigerantes, a propaganda de remédios na televisão, contra os alarmes sonoros que perturbam o sono das pessoas, o escapamento dos carros que exalam fumaça venenosa, o óleo diesel, os antidepressivos tarja preta e também contra a tristeza e a ignorância, que também matam, de câncer e outras enfermidades, embora mais sub-repticiamente.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Edu, peço até desculpas por minhas palavras que talvez soem " chulas " mas na minha opinião todas essas proibições são uma grande hipocrisia.
É a mesma coisa que " As Cruzadas " que assassinavam pessoas em nome de Deus. O tal Dawim diz que está preocupado com nossa saúde, então que faça projetos para melhoria de atendimento em Hospitais do SUS e etc...Morrer todos vamos um dia e a doença causadora da morte é necessária para irmos embora quando nossa hora chegar. Minha avó NUNCA ingeriu bebida alcoólica e NUNCA fumou e morreu de câncer no pulmão, e como ela tenho minhas primas até com a mesma idade minha que já tem câncer e NUNCA fumaram. Esse papo de proibição é realmente um falso moralismo. Esses políticos precisam é TRABALHAR de verdade e parar de inventar coisas fúteis e se preocupar com o que realmente importa.

marco antonio ferreira disse...

Bem , unknown ja disse, completo que Partido verde, e Senado combinam, lugar de nada pra fazer. Partido verde, cópia da Alemanha, agora vem aí o partido Pirata, também da Alemanha. Não tem nada pra fazer, e nem criatividade, já que para ter criatividade é preciso mais do que querer aparecer, necssário vontade e observação. Reparem que o sen. é do RN, que tem necessidades maiores, e onde o costume de fumar não tão comum, ( todo o nordeste fuma menos que o sudeste e sul) Bem, enfim, é chover no molhado. Reforma política?