Foto: Rosinei Coutinho/STF |
Terá sido a concessão de liminar pelo ministro Teori
Zavascki, na noite desta terça-feira, em pedido da Advocacia Geral da União, um
indício de que ainda podemos acreditar que a Constituição não será rasgada?
Difícil responder. Mas a decisão do ministro (veja íntegra em link abaixo), relator da operação Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal, é sem dúvida um freio na absurda e crescente sequência
de violações a garantias fundamentais inscritas na Constituição, que culminou
com a escuta da conversa da presidente da República e Lula.
Teori Zavascki determinou a remessa das investigações que
envolvam Lula ao próprio STF, retirando a competência do juiz Sérgio Moro, da
Justiça Federal em Curitiba. “O ministro determina, ainda, a suspensão dos
efeitos da decisão da 13ª Vara Federal (de Curitiba) que autorizou a divulgação
das conversações telefônicas interceptadas entre a presidente e o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva”, diz a página do STF.
A nomeação de Lula como ministro continua suspensa, por
decisão de Gilmar Mendes, mas o ato de Mendes de enviar o processo a Moro fica
anulado.
Sobre a divulgação dos grampos, Teori escreveu: "Há de
se reconhecer, são irreversíveis os efeitos práticos decorrentes da indevida
divulgação das conversações telefônicas interceptadas. Ainda assim, cabe
deferir o pedido no sentido de sustar imediatamente os efeitos futuros que
ainda possam dela decorrer e, com isso, evitar ou minimizar os potencialmente
nefastos efeitos jurídicos da divulgação".
Agora, espera-se o julgamento do Plenário da corte. A
parcela da sociedade comprometida com a luta e a garantia de direitos duramente
conquistados e inscritos na Constituição, depois de uma ditadura de 21 anos, readquire
um sopro de confiança de que ainda existe Justiça e Judiciário neste país.
Seja como for, é apenas uma liminar. E é apenas um caso. A
guerra jurídica não vai ter fim tão cedo.
A ministra Rosa Weber vai relatar o habeas corpus
apresentado pela defesa de Lula no STF. A nomeação do ex-presidente como
ministro de Dilma foi suspensa pela liminar de Gilmar Mendes. Rosa Weber
é a mesma que, ao condenar José Dirceu sem provas no “mensalão”, argumentou com
a seguinte declaração: ”Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou
condená-lo porque a literatura jurídica me permite”.
Acredito, pelo que acompanho do caso e do posicionamento dos
ministros sobre vários temas ao longo do tempo, que no Plenário do STF quatro votos podem ser
favoráveis, não a Lula, mas à cidadania: Luís Roberto Barroso, Cármem Lucia,
Marco Aurelio e o presidente da corte, Ricardo Lewandowski. Talvez Teori. O fato
de ele ter concedido a liminar não quer dizer que seu voto será favorável , mas
indica que ele está alinhado com parâmetros legalistas. Se for assim, faltaria
um voto. Mas posso estar errado.
Leia a íntegra da decisão de Teori Zavascki: MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 PARANÁ
Leia a íntegra da decisão de Teori Zavascki: MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 PARANÁ
2 comentários:
Mas porque o plenário negaria seu direito de ser ministro? Não faz sentido.
Ontem foi um d9a horrível veremos hoje.
Marco, não faz sentido mesmo, mas "por que o plenário negaria seu direito de ser ministro?" Ora, por questões políticas. Tudo depende do jogo.
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