Como jornalista, mantenho o protocolo. Como blogueiro, não.
Deixo o protocolo da isenção de lado apenas para falar de
figuras secundárias, ou desprezíveis, da história brasileira. Por exemplo, o editor-chefe
da revista Época, da editora Globo, Diego Escosteguy, que no Twitter fez sérias
ameaças, veladas, ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal, após o ministro ter decidido que o comando de Curitiba deve enviar
ao STF o processo de investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, retirando a competência do todo poderoso Sérgio Moro.
"Será difícil conter o ânimo da população contra Teori.
A revolta começou agora e vai piorar", previu o jornalista porta-voz da família Marinho.
Já o "artista" Lobão, figura de quem só se pode
ter o sentimento de pena ou piedade, postou, também no Twitter, o endereço do
filho do ministro Teori Zavascki no Rio Grande do Sul, convocando seus
seguidores para protestar em frente ao endereço. As palavras de Lobão,
proferidas nos alto-falantes golpistas desde que o "artista" perdeu a
noção, como se diz, seriam cômicas, se não fossem tristes.
Lobão não passa de uma caricatura muito pobre do personagem Höfgen, do
livro Mefisto, de Klaus Mann. Höfgen, um ator, tem muitas ideias platônicas sobre a grandeza
da Arte, e graças a essas ideias é cooptado pelo nazismo. Lobão, que fez
trabalhos importantes no rock brasileiro, infelizmente se perdeu na loucura do
fascismo. A diferença é que Höfgen (um personagem fictício) era grande, e Lobão (um personagem real) é muito pequeno, tão pequeno que dá pena.
Seja como for, a verdade é que vivemos em uma República que
tolera o crime, ao invés de combatê-lo. Se estivéssemos nos Estados Unidos ou
na Rússia, ou quiçá na China, tanto faz, esses dois personagens (Escosteguy e
Lobão) poderiam estar na cadeia, por incitar a violência contra um ministro da
Suprema Corte. Seria um crime federal, mas no Brasil é liberdade de expressão.
Pobres de nós, que estamos cercados de pessoas que acreditam
em criaturas tristes e grotescas como Lobão, Escosteguy ou José Serra. A
esperança é de que #NãoPassarão.
Lobão, Escosteguy ou José Serra talvez figurem futuramente,
de alguma maneira, nos livros das escolas, mas de modo algum terão a menor
relevância. Serão esquecidos após a contaminação e a cura. Serão condenados à "imortalidade
risível", para usar o termo de Milan Kundera.
A eles, a essas personagens desprezíveis, dedico uma frase
do grande escritor argentino Jorge Luis Borges: "Tanta soberba, e os dias
passam, inúteis".
2 comentários:
"A favela é a nova senzala/Correntes da velha tribo/E a sala é a nova cela/Prisioneiros nas grades do vídeo (...)/O café, um cigarro, um trago/Tudo isso não é vício/São companheiros da solidão/Mas isso só foi no início/Hoje em dia somos todos escravos/E quem é que vai pagar por isso?" Lobão, véio, que diabos deu em você?
Às vezes acho que esse cara tomou um ácido e pirou, não voltou mais da viagem.
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