Fotos: Lula Marques (Agência PT) e Reprodução
Ponto comum entre 1954 e 2016 |
Há um ano, postei no Facebook um artigo de F. William Engdahl, engenheiro
(Princeton), pós-graduado em economia comparativa (Estocolmo), pesquisador de
economia, geopolítica e geologia. No artigo, Engdahl chama a atenção para uma
série de coincidências envolvendo o então (recém-confirmado nas urnas) segundo mandato de Dilma Rousseff e o
interesse dos Estados Unidos em cercar e acabar com essa brincadeira de esquerda
no poder no Brasil. O alerta de Engdahl está mais atual do que nunca. Mas, como sabemos, não existem coincidências na história.
Depois da condução coercitiva de Lula na sexta-feira (que
alguns analistas viram como um ensaio), ao atropelo da lei e da Constituição, e
as novas conclamações e insinuações para que as Forças Armadas façam valer o
artigo 142 da Constituição, conforme "informações" colhidas por colunistas
e porta-vozes das organizações Globo (Merval Pereira e Ricardo Noblat), o país
chega ao alerta máximo. O objetivo é ao mesmo tempo derrubar Dilma (que colabora para a atual situação com um governo hesitante) e evitar que Lula sobreviva politicamente, custe o que custar.
Estamos cada vez mais próximos de 1954 (com o cerco a
Getúlio Vargas) e a 1964 (o cerco a Jango). O cerco a Dilma e Lula parece uma
triste e sinistra repetição da história. Mas, entre as datas 1954 e 2016, há um ponto em comum: a Petrobras. Por isso, 1954 e 2016 têm mais semelhanças entre si do que qualquer uma delas com 1964, apesar de o processo político ser muito semelhante entre as três.
No citado artigo, Engdahl chamou a atenção para uma
coincidência envolvendo a visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao Brasil,
Joe Biden, em maio de 2013:
"Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70
por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos
em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado 'Movimento
Passe Livre', relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de
ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito
violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica 'Revolução Colorida',
ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele
se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por
cento."
Não sou eu quem fala, é F. William Engdahl.
Antes disso, lembra o analista de Princeton, Dilma "sobreviveu a uma enorme campanha do Departamento de Estado americano para ganhar o segundo turno contra Aécio Neves, apoiado pelos Estados Unidos.
No entanto, é já claro que Washington abriu um novo assalto contra um dos
principais líderes do grupo de não-alinhados BRICS, das economias emergentes.
(...) Livrar-se da presidente do Brasil é uma prioridade."
Disse ainda o analista, em artigo de novembro de 2014:
"A razão pela qual Washington quer se livrar de
Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças dos BRICS que
assinaram a formação de um crédito de US $ 100 bilhões do Banco de
Desenvolvimento. (...) Dentro do Brasil, ela é apoiada por milhões de
brasileiros de baixa renda que foram retirados da pobreza por seus vários
programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subvenção econômica
para as mães de baixa renda e famílias. O Bolsa Família e as políticas econômicas de seu partido trouxeram um número
estimado de 36 milhões de famílias a sair da pobreza via Rousseff, algo que cria apoplexia em Wall Street
e Washington."
Concluindo: a operação Lava Jato, PSDB, entidades afins, a mídia e
golpistas em geral só estão exercendo um papel secundário e auxiliar de uma política
maior, segundo o raciocínio de Engdahl.
Leia aqui o artigo de F. William Engdahl, publicado logo após a reeleição de Dilma, em novembro de 2014: BRICS’ Brazil President Next Washington Target
Nenhum comentário:
Postar um comentário