domingo, 6 de março de 2016

Dilma Rousseff, Getúlio Vargas e as coincidências



Fotos: Lula Marques (Agência PT) e Reprodução
Ponto comum entre 1954 e 2016

Há um ano, postei no Facebook um artigo de F. William Engdahl, engenheiro (Princeton), pós-graduado em economia comparativa (Estocolmo), pesquisador de economia, geopolítica e geologia. No artigo, Engdahl chama a atenção para uma série de coincidências envolvendo o então (recém-confirmado nas urnas) segundo mandato de Dilma Rousseff e o interesse dos Estados Unidos em cercar e acabar com essa brincadeira de esquerda no poder no Brasil. O alerta de Engdahl está mais atual do que nunca. Mas, como sabemos, não existem coincidências na história.

Depois da condução coercitiva de Lula na sexta-feira (que alguns analistas viram como um ensaio), ao atropelo da lei e da Constituição, e as novas conclamações e insinuações para que as Forças Armadas façam valer o artigo 142 da Constituição, conforme "informações" colhidas por colunistas e porta-vozes das organizações Globo (Merval Pereira e Ricardo Noblat), o país chega ao alerta máximo. O objetivo é ao mesmo tempo derrubar Dilma (que colabora para a atual situação com um governo hesitante) e evitar que Lula sobreviva politicamente, custe o que custar.

Estamos cada vez mais próximos de 1954 (com o cerco a Getúlio Vargas) e a 1964 (o cerco a Jango). O cerco a Dilma e Lula parece uma triste e sinistra repetição da história. Mas, entre as datas 1954 e 2016, há um ponto em comum: a Petrobras. Por isso, 1954 e 2016 têm mais semelhanças entre si do que qualquer uma delas com 1964, apesar de o processo político ser muito semelhante entre as três.

No citado artigo, Engdahl chamou a atenção para uma coincidência envolvendo a visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao Brasil, Joe Biden, em maio de 2013:

"Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado 'Movimento Passe Livre', relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica 'Revolução Colorida', ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento."

Não sou eu quem fala, é F. William Engdahl.

Antes disso, lembra o analista de Princeton, Dilma "sobreviveu a uma enorme campanha do Departamento de Estado americano  para ganhar o segundo turno contra Aécio Neves, apoiado pelos Estados Unidos. No entanto, é já claro que Washington abriu um novo assalto contra um dos principais líderes do grupo de não-alinhados BRICS, das economias emergentes. (...) Livrar-se da presidente do Brasil é uma prioridade."

Disse ainda o analista, em artigo de novembro de 2014:

"A razão pela qual Washington quer se livrar de Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças dos BRICS que assinaram a formação de um crédito de US $ 100 bilhões do Banco de Desenvolvimento. (...) Dentro do Brasil, ela é apoiada por milhões de brasileiros de baixa renda que foram retirados da pobreza por seus vários programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subvenção econômica para as mães de baixa renda e famílias. O Bolsa Família e as políticas econômicas de seu partido trouxeram um número estimado de 36 milhões de famílias a sair da pobreza via Rousseff, algo que cria apoplexia em Wall Street e Washington."

Concluindo: a operação Lava Jato, PSDB, entidades afins, a mídia e golpistas em geral só estão exercendo um papel secundário e auxiliar de uma política maior, segundo o raciocínio de Engdahl.

Leia aqui o artigo de F. William Engdahl, publicado logo após a reeleição de Dilma, em novembro de 2014: BRICS’ Brazil President Next Washington Target


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