Apesar de algumas vozes acharem que o governo brasileiro e,
particularmente, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foram muito
cautelosos sobre a questão da espionagem norte-americana, na minha modesta
opinião o tom adotado por Cardozo foi adequado.
Relembrando: segundo documentos vazados pelo ex-analista da
NSA Edward Snowden, a presidente Dilma Rousseff foi espionada pelos serviços de
inteligência dos Estados Unidos, que tiveram acesso a conversas telefônicas e
e-mails trocados por Dilma com dezenas de assessores.
“Agora vêm informações que, se confirmadas, são muito
graves. Violam a soberania do país. São violações à privacidade de nossa chefe
de Estado e dos cidadãos brasileiros, que deve ser defendida de forma
intransigente pelo Estado brasileiro”, disse Cardozo.
O que os mais esquerdistas (ouvi alguns) queriam? Que o Brasil rompesse relações diplomáticas com os Estados Unidos? Bem, acho que o Brasil já ultrapassou a adolescência histórica.
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Enquanto isso, os Estados Unidos estão prestes a atacar a
Síria. "O que tem a ver o cu com as calças?", perguntaria um caipira
de Taubaté, por exemplo (mas o linguajar seria outro: "que que tem a vê o
cu cas carça?"). Ora, tem tudo a ver.
Os EUA são o xerife do mundo. Obama é o Pat Garret do
momento. A diferença entre Obama e Bush é apenas a porcentagem de melanina na
pele.
Fico a pensar: o que fará a Rússia diante da concretização
de um ataque à Síria, que, junto com o Egito (Estado hoje desmantelado
por um golpe militar), tem sido ao longo das últimas décadas a grande ameaça
geopolítica e militar ao sionismo? (ressalva: o Egito de Mubarak, domesticado,
esteve ao longo dos últimos 40 anos a serviço de EUA/Israel, enquanto a Síria
sempre se manteve na aliança oposta, com a Rússia e o anti-sionismo).
E a gigantesca e silenciosa China, que, como a Rússia, faz
parte do Conselho de Segurança permanente da ONU?
É possível que o mundo esteja na iminência de ter de refazer
suas fronteiras. Alguma coisa, na verdade muita coisa, está fora da ordem. E
algo vai acontecer.
3 comentários:
Também acho que o governo brasileiro não tem que sair chutando o balde. Mas se os Estados Unidos não explicarem muito bem explicadinho essas espiadas (e têm uma semana pra isso), Dilma tem de cancelar sua viagem aos EUA. O momento é crucial, e tenho a impressão de estarmos no clímax de um jogo de xadrez: os Estados Unidos ameaçam atacar a Síria porque, entre outras, levaram xeque russo de Eduard Snowden e da própria Rússia, que concedeu asilo a ele. Em outras palavras, é possível que os EUA e Israel tenham levado nocaute na guerra mais importante da era da informática, a guerra cibernética, e queiram agora apelar pra força militar. Perguntado se Snowden ainda tem material que possa causar prejuízo aos EUA, Glenn Greenwald, seu porta-voz no The Guardian, respondeu: "Sim, em um minuto, o maior estrago da história dos Estados Unidos". O sequestro do material que estava em posse do namorado de Glenn Greenwald prova que não há blefe na resposta. Eles também estão acuados. Falta a China, até agora em cima do muro, tomar a mesma atitude enérgica que subjuga uma Taiwan indefesa.
Acho também, Paulo, como alguém disse (não lembro quem - tanta coisa que a gente lê), que um dos fatores de os EUA atacarem a Síria (se é que vão atacar) é que não podem atacar o Irã.
Eles estão botando fogo no mundo, esses filhos da puta.
Acho que deve se considerar em alta conta isso que você diz: "é possível que os EUA e Israel tenham levado nocaute na guerra mais importante da era da informática, a guerra cibernética, e queiram agora apelar pra força militar".
Mas isso é um dos fatores. Há outros a considerar, e o Irã (que nem mencionei no post) é um dos mais fortes.
Acho inacreditável que em pleno século 21, no ano da graça de 2013, esses canalhas ainda continuem operando as máquinas de guerra sem a menor piedade, e, pior, cada vez mais mortais. Um dia isso vai ter que ter um fim.
Viva a paz!
Give Peace A Chance
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