quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Cálculos políticos e o fator Eduardo Campos


O governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, está desembarcando do governo. É uma das notícias a serem mais comemoradas pela oposição, senão a mais importante, em 2013, fora a efêmera queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff após as manifestações de junho, queda que foi também de governadores como o paulista Geraldo Alckmin, devidamente omitida pelas manchetes. Mas, como mostram as mais recentes pesquisas, Dilma voltou a subir no conceito popular e as manchetes agora ganham a colaboração de Campos.


Elza Fiúza/Agência Brasil
Eduardo Campos (ao fundo) tenta se cacifar para 2018?

O governador do PSB dá ânimo às ainda inconsistentes esperanças tucanas para 2014, na medida em que, supostamente, segundo cálculos tucanos, dividirá parte do eleitorado de Dilma e poderá, junto com Aécio Neves e Marina Silva (se esta conseguir registrar seu partido ou uma legenda que a receba), forçar a realização de um segundo turno.

O problema é que cálculos políticos estão longe da matemática. Na política, muitas vezes 2 + 2 não é = 4. O lance de Eduardo Campos em si era até certo ponto esperado. No final de março, portanto há quase seis meses, conversei com o deputado petista Ricardo Berzoini para uma matéria e já então ele me disse: “Acho que Eduardo tende a ser candidato. Ao que tudo indica, ele aposta que, sendo candidato agora, coloca o nome no quadro nacional e tem a oportunidade de se divulgar nacionalmente, tendo em vista 2018. Ele se coloca agora para já estar na cena nacional em 2018”.

Só que, com a mesma frieza com que via os movimentos do governador, Berzoini não achava à época (e acredito que continua não achando) que os votos de Campos virão do eleitorado de Dilma assim como num passe de mágica, como aposta a oposição. “O governador de Pernambuco vai disputar tanto o voto da base do governo como também os votos do Aécio. Pelo perfil dele, pela necessidade de ficar, digamos, numa zona cinzenta entre situação e oposição. Ele não tem como dizer que é oposição porque participou como ministro e governador apoiado por Dilma e Lula. Não tem como dizer que é situação porque, se fosse situação, seria só apoiar a Dilma.” Bingo.

Fora essa encruzilhada, Campos também enfrenta forte oposição dentro de seu próprio partido. Cid Gomes, por exemplo, governador do Ceará, irmão de Ciro Gomes, já manifestou com toda a ênfase possível que desaprova a ambição para ele prematura do colega de Pernambuco e sua justificativa é baseada em raciocínio semelhante ao de Berzoini em março. Cid apoia Dilma e diz que irá com ela até 2014.

Campos enfrentar Dilma no Nordeste, onde ela tem a esmagadora maioria herdada de Lula, vai ser uma tarefa inglória. E ainda pesará sobre ele a pecha de “trairagem”, termo que Cid Gomes teria usado para se referir aos chefes de seu partido, do qual Eduardo Campos é o presidente.

De resto, o governador de Pernambuco tem ainda um tempo para refletir se apostará nessa empreitada de curto prazo que, a longo prazo, pode lhe custar bastante caro. 

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