Luis Macedo/ Câmara dos Deputados (clique para ampliar)
Ministro da Saúde falou ontem(4) na comissão geral da Câmara |
Na sua participação na comissão geral da Câmara dos
Deputados ontem (4), para debater e esclarecer no Parlamento o programa Mais Médicos, o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, demonstrou com números alguns motivos
pelos quais fica claro que o corporativismo, o preconceito e também os enormes
interesses político-econômicos que giram em torno do assunto são muito menores do que a magnitude do problema a ser combatido e da realidade
brasileira. Afinal, não é a saúde eleita ano após ano como o principal foco das campanhas eleitorais demagógicas que infestam o horário eleitoral gratuito?
De fato, os interesses em torno da indústria da medicina são imensos. "Hospitais, equipamentos de alta tecnologia, ambulâncias,
clínicas particulares, planos de saúde, laboratórios farmacêuticos,
laboratórios de análises, tudo é uma grande rede financeiro-industrial que gira
azeitada", como lembra o companheiro João Paulo Soares no blog semgoverno.
Mas a realidade é outra nos grotões e nas periferias. O Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. Isso mesmo,
menos de 2 médicos a cada milhar de cidadãos. Na Argentina esse índice é de 3,2,
no Uruguai 3,7, isso para falar de nossos hermanos sul-americanos, que têm
índices muito parecidos com o da poderosa Alemanha (3,6) e de Portugal (na
foto acima, há alguns outros dados).
Padilha informou também que, nos últimos 10 anos, foram
criadas 146 mil vagas para primeiro emprego formal, mas foram formados apenas
93 mil médicos. Há 701 municípios no Brasil sem sequer um médico. Isso significa
que 12,6% das cidades do país não contam com nenhum doutor. A população
estimada dessas cidades é de 12 milhões.
Diante desse quadro, a oposição se vê diante de uma encruzilhada. Vai combater a Medida Provisória 621 e arcar com o prejuízo político? Por outro lado, o Mais Médicos é um programa que terá repercussões sociais inegáveis, e portanto trará votos.
Em seu discurso na Câmara, o ministro da Saúde também separou com muita segurança a
questão ideológica da social. “Não estamos trazendo para cá o regime
cubano”, disse. “Precisamos pensar acima de tudo na população e nos
profissionais de saúde”, disse Padilha. O médico é sobretudo um especialista em
gente”, afirmiu, quando foi aplaudido no Plenário. “Não sei em
que código de ética se baseiam alguns médicos – que acredito serem grupos
isolados – com a reação que tiveram [contra o programa federal]”.
Ele esclareceu também, para quem não sabe, que o acordo entre
Brasil e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), que possibilitou a
vinda dos profissionais cubanos, é o mesmo que os assinados com outros 58
países do mundo. Alguns deles da União Europeia. “Não existe nenhum paralelo de
trabalho escravo nas missões externas do trabalho médico de Cuba.”
“Alguém acha que a União Europeia permitiria trabalho
escravo em Portugal? Lá, até o presidente do sindicato dos médicos defendeu a
presença dos cubanos, como forma de garantir a presença de médicos em áreas
rurais”, falou o ministro.
2014
Padilha deve ser o candidato do PT ao governo de São Paulo
em 2014. Está se cacifando. Precisamos ver se sua ação humanitária e condizente
com um governo que faz do Estado um ente que privilegia o bem público, e não o privado,
surtirá efeito ante a população reacionária do Estado governado há 18 anos pelo
tucanato, estado onde prevalece a ideologia do individualismo e do privado como
superior ao público. E se conseguirá também vencer o esforço midiático, que
será sistemático, contra a possibilidade de ele se eleger e finalmente pôr fim
à dinastia emplumada de Alckmin, Serra, Covas e companhia.
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