quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Padilha explica o Mais Médicos no Congresso: “Não estamos trazendo para cá o regime cubano”



Luis Macedo/ Câmara dos Deputados (clique para ampliar)
Ministro da Saúde falou ontem(4) na comissão geral da Câmara

Na sua participação na comissão geral da Câmara dos Deputados ontem (4), para debater e esclarecer no Parlamento o programa Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, demonstrou com números alguns motivos pelos quais fica claro que o corporativismo, o preconceito e também os enormes interesses político-econômicos que giram em torno do assunto são muito menores do que a magnitude do problema a ser combatido e da realidade brasileira. Afinal, não é a saúde eleita ano após ano como o principal foco das campanhas eleitorais demagógicas que infestam o horário eleitoral gratuito?

De fato, os interesses em torno da indústria da medicina são imensos. "Hospitais, equipamentos de alta tecnologia, ambulâncias, clínicas particulares, planos de saúde, laboratórios farmacêuticos, laboratórios de análises, tudo é uma grande rede financeiro-industrial que gira azeitada", como lembra o companheiro João Paulo Soares no blog semgoverno.

Mas a realidade é outra nos grotões e nas periferias. O Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. Isso mesmo, menos de 2 médicos a cada milhar de cidadãos. Na Argentina esse índice é de 3,2, no Uruguai 3,7, isso para falar de nossos hermanos sul-americanos, que têm índices muito parecidos com o da poderosa Alemanha (3,6) e de Portugal (na foto acima, há alguns outros dados).

Padilha informou também que, nos últimos 10 anos, foram criadas 146 mil vagas para primeiro emprego formal, mas foram formados apenas 93 mil médicos. Há 701 municípios no Brasil sem sequer um médico. Isso significa que 12,6% das cidades do país não contam com nenhum doutor. A população estimada dessas cidades é de 12 milhões.

Diante desse quadro, a oposição se vê diante de uma encruzilhada. Vai combater a Medida Provisória 621 e arcar com o prejuízo político? Por outro lado, o Mais Médicos é um programa que terá repercussões sociais inegáveis, e portanto trará votos.

Em seu discurso na Câmara, o ministro da Saúde também separou com muita segurança a questão ideológica da social. “Não estamos trazendo para cá o regime cubano”, disse. “Precisamos pensar acima de tudo na população e nos profissionais de saúde”, disse Padilha. O médico é sobretudo um especialista em gente”, afirmiu, quando foi aplaudido no Plenário. “Não sei em que código de ética se baseiam alguns médicos – que acredito serem grupos isolados – com a reação que tiveram [contra o programa federal]”.

Ele esclareceu também, para quem não sabe, que o acordo entre Brasil e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), que possibilitou a vinda dos profissionais cubanos, é o mesmo que os assinados com outros 58 países do mundo. Alguns deles da União Europeia. “Não existe nenhum paralelo de trabalho escravo nas missões externas do trabalho médico de Cuba.”

“Alguém acha que a União Europeia permitiria trabalho escravo em Portugal? Lá, até o presidente do sindicato dos médicos defendeu a presença dos cubanos, como forma de garantir a presença de médicos em áreas rurais”, falou o ministro.

2014

Padilha deve ser o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2014. Está se cacifando. Precisamos ver se sua ação humanitária e condizente com um governo que faz do Estado um ente que privilegia o bem público, e não o privado, surtirá efeito ante a população reacionária do Estado governado há 18 anos pelo tucanato, estado onde prevalece a ideologia do individualismo e do privado como superior ao público. E se conseguirá também vencer o esforço midiático, que será sistemático, contra a possibilidade de ele se eleger e finalmente pôr fim à dinastia emplumada de Alckmin, Serra, Covas e companhia.

Nenhum comentário: