sexta-feira, 28 de junho de 2013

Números mostram que educação está longe de ser prioridade no governo de Geraldo Alckmin


Foto: Roseli Costa


Estudo feito pela liderança do PT na Assembleia Legislativa, a partir de dados do orçamento do estado de São Paulo, mostra dados sintomáticos da visão da educação no governo de Geraldo Alckmin. 

As obras de expansão da rede física escolar, entre 2011 e 2012, caíram cerca de 25%, de R$ 1,002 bilhão, em 2012, para R$ 751 milhões em 2013. A redução é de R$ 251,2 milhões.

Em aperfeiçoamento dos profissionais do ensino fundamental e médio, em relação ao ano passado, o orçamento em vigor registrou este ano queda de 15,34% no primeiro (de R$ 71,4 milhões para R$ 60,4) e 25,8% no segundo, que diminuiu de R$ 52,9 milhões para R$ 39,2 milhões.

O Programa Ler e Escrever, lançado em 2007 na gestão de José Serra (PSDB) para promover a melhoria do ensino em toda a rede estadual, com ações incluindo apoio aos professores e distribuição de materiais pedagógicos e outros subsídios, teve recursos e número de alunos beneficiados reduzidos. Na peça orçamentária de 2012, eram 681.763 alunos, com verbas de R$ 85,9 milhões. Em 2013, os números caíram para 661.731 (2,9%) e R$ 65 milhões (24,3%), respectivamente.

O programa de alimentação escolar apresenta redução dos recursos (de R$ 368 milhões para R$ 336 milhões), enquanto o número de alunos a ser alcançado aumentou de 2.140.622 para 2.208.489, o que pode representar a diminuição da qualidade nutricional oferecida aos alunos, segundo o estudo.

O programa Escola da Família, criado na primeira gestão de Alckmin, que previa o funcionamento das escolas em fins de semana para atividades das comunidades onde se localizam, foi reduzido pela metade no governo de José Serra (2007-2010) e, no segundo mandato de Alckmin, permanece estagnado. Em 2012, eram 2.390 escolas participantes do programa, número que permanece igual este ano. Os recursos, porém, aumentaram de R$ 103,5 milhões para 119,3 milhões.

Enxugamento

No mesmo dia em que se vale de pronunciamento para anunciar cortes de R$ 355,5 milhões que incluem fechamento de secretaria, fusões e venda de veículos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pede que a Assembleia Legislativa aprove um projeto de lei que vende 600 terrenos a R$ 900 milhões – incluindo o local onde fica o Ginásio do Ibirapuera, na zona sul da capital. Ao mesmo tempo, o tucano investe R$ 226 milhões em publicidade só neste ano, totalizando quase R$ 2,5 bilhões nos últimos dez anos de administração do PSDB.

Guilherme Lara Campos/Palácio dos Bandeirantes

O governador culpou a revogação do aumento de tarifas de trens e metrô, anunciado no dia 19 após forte mobilização popular, pela necessidade de cortar de outras fontes, embora conte com ao menos R$ 12 bilhões em caixa e tenha deixado todos os anos de executar parte do orçamento estadual, que só em 2013 prevê R$ 173 bilhões em despesas.

A matéria completa sobre esses e outros números do governo Alckmin está neste link: Alckmin corta R$ 355 milhões, mas vende 600 terrenos a R$ 900 milhões – da Rede Brasil Atual

6 comentários:

Roseli Costa disse...

Seu post, Edu, retrata claros e desanimadores números acerca do desempenho nada promissor do nosso governador. Quero, ainda, dissertar um pouco sobre dados não numéricos - afinal, não tenho facilidade de acesso a eles - advindos de minha vivência no magistério que podem atestar ainda mais o que os números gritam. No governo Serra/Alckmin, foram retirados, sem nenhuma discussão de um ano para outro, a disciplina Leitura e os kits de clássicos literários que recebíamos para tal. Foi uma perda irreparável. Para o aluno, fez falta a essência da aula, destinada a manuseio e leitura de obras de gêneros diversos. Para o professor de Português, ficou mais difícil compor a jornada completa de 33 aulas, que perfazíamos com 6 de Português e 2 de Leitura. Muitos não conseguiram mais compor jornada total; outros tiveram que se desdobrar em mais de uma unidade escolar para conseguir o intento de ter o número total de aulas. Não preciso nem mencionar o desgaste que dá ter que se dividir em duas ou mais unidades escolares para obter um salário que já é bastante defasado. Nunca mais recebemos obras literárias para compor nossa biblioteca. Isso sem nenhum debate prévio, sem nenhuma substituição e sem nenhuma explicação para a comunidade. Um outro fato é que o governador conseguiu reverter uma decisão do Ministério da Educação, que definira nossa grade em 26 horas/aula + 7 destinadas a preparação de aulas e correção de atividades. Por mais que a Apeoesp tenha lutado para ter a decisão implementada, perdemos a causa. Mais uma questão preocupante é que dificilmente há reformas nas escolas estaduais. Minha escola foi levantada em 1982 e jamais recebeu reforma. O telhado está bastante avariado; quando chove, formam-se poças nas salas de aula. Também é desgastante a projeção de várias escolas para o cadeirante, que tem dificuldade em se locomover com autonomia até mesmo para entrar e sair da sala ou da escola. A quadra, que foi coberta há menos de 3 anos (depois de muita luta por parte de nossa direção), apresentou defeitos perigosos em sua estrutura, o que a fez ficar fechada por mais 6 meses. E isto ocorreu em várias unidades escolares, pois tenho amigos em aproximadamente 8 escolas estaduais diferentes e conversamos muito. Nossos alunos em sua esmagadora maioria são carentes e têm em seu entorno somente a escola para ampliação de seu aprendizado cultural. Para um país que precisa reverter vergonhosos últimos lugares em todos os medidores oficiais da Educação, tudo isso é desanimador.

Eduardo Maretti disse...

Nós, jornalistas, Roseli, temos uma queda notória por números. Mas estes se somam aos "dados não numéricos" para formar um painel elucidativo do estado das coisas.

Os que você chama de dados "não numéricos" são mais humanos. Não sei exatamente o que corrobora o que.

Mas o que importa é que as realidades estatísticas, pedagógicas e políticas convergem todas para a mesma realidade: o que estão fazendo com a educação no estado de São Paulo é muito grave, e triste.

Alexandre disse...

É por isso que às vezes penso que não tem por onde, que não seja uma "revoluçãozinha", pra bem de um Estado forte, capaz de atender a todas às justas exigências e direitos dignos de todos os cidadãos, para que uma sociedade seja de fato uma sociedade organizada. Se não for por aí, não vai ter como cortar todo o mal pela raiz. Acredito nisso.

Roseli Costa disse...

Quiçá o perfil do Brasil em geral mude e se volte para a valorização da Educação e da formação de cidadãos. Afinal, vejo um horizonte cinzento a se desenhar. Jovens sem norte, sem referências, sem escolhas, amotivados, enfim. Os poucos professores dotados de forte vocação, com respeito pela periferia e sabedores do valor inestimável da cultura na formação de qualquer um são, muitas vezes, um solitário elo para que ao menos parte das crianças e adolescentes carentes possam trilhar um caminho que não o do crime ou da inércia. No entanto, sem um investimento forte e real na Educação e em direitos básicos, nós, educadores, sentimo-nos (claro, guardadas as possibilidades de comparação), como no Sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira, lembra? Algumas sementes caem entre as pedras, outras acabam não germinando, mas algumas poucas florescem e dão frutos. Trabalho de formiguinha na sociedade. O professor é, muitas vezes, "boi de piranha" de governadores, principalmente do PSDB, desde o Sr. Mário Covas até os dias atuais, que veem nesse profissional o centro do mal do desempenho escolar brasileiro, quando na verdade não houve nenhum grande investimento em Educação pública nas últimas décadas... Se eu estiver errada, que alguém me refresque a memória...

Paulo M disse...

O golpe dos manifestos consiste em tirar a vantagem de Dilma para 2014, e parece que os institutos de pesquisa, como o Datafolha, não perdem tempo em satisfazer sua "curiosidade" e empolgação mórbidas com as supostas quedas da presidente em sua popularidade. Qual seria o resultado, hoje, numa pesquisa de intenção de votos para governador do Estado? A seleta mídia brasileira tem aberto, durante toda esta última semana, seus microfones para o FHC opinar sobre as ruas do País, como quem oferece o queijo e a faca ao inimigo de quem agora está no comando do Brasil.

Dito isso, falar em educação no Estado de São Paulo nos últimos 20 anos é falar em investimento inútil aos olhos de uma classe média que prefere ruas asfaltadas e bandido na cadeia, a despeito de que a violência é, principalmente, consequência óbvia do não acesso da maioria às necessidades básicas a que todos têm direito. No entanto, tudo indica que a Constituição Federal de 88 está equivocada, pois a educação pública do Estado se vê em situação dramática, e a já quase tragédia começou com a implantação da tal aprovação automática pelo sr. Mário Covas, com o intuito de maquiar através de números bonitos de alunos "aprovados". O enforcamento do sistema educativo em São Paulo (intencional, certamente) teve continuidade com essa retirada de matérias fundamentais do currículo escolar (inclusive, parece, de História e Geografia).

O futuro estará nas ruas, e não serão manifestações por melhores serviços, mas milhões de indivíduos sem norte, sem conhecimento e sem nenhuma perspectiva.




Humberto Alves disse...

Olá turma do Fatos ETc,

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Como não consegui encontrar nenhuma área para contato, poderiam me enviar um email para afiliados [arroba] apostasonline.com para darmos continuidade a negociação?

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