quinta-feira, 27 de junho de 2013

O admirável mundo novo da Linha Amarela do metrô de São Paulo


Reprodução do site da Companhia do Metrô
Repare: até o logo da Linha 4 é diferente
Este post poderia ser intitulado "Por que eu odeio a Linha 4 Amarela do metrô de São Paulo". Pois o ramal é digno de nota, uma nota dissonante no sistema metroviário da capital paulista.

É a única linha privada, administrada por um consórcio, a ViaQuatro. Que, no mapa da rede metroviária paulistana, tem gestão, funcionários, operação e até logotipo diferentes dos outros ramais, geridos pelo estado de São Paulo: as linhas 1 Azul (norte-sul), 2 Verde (Vila Madalena-Vila Prudente), 3 Vermelha (leste-oeste) e 5 Lilás (Capão Redondo-Largo Treze).

A importante Linha 4, que uso todos os dias, vai da Luz ao Butantã, e faz ligação com a linha norte-sul na Luz, com a linha leste-oeste na Repúbica e com a linha verde na Paulista, além de se interligar com os trens da CPTM na Luz e em Pinheiros. Mas o ramal destoa já nas interligações.

A intersecção com o ramal na avenida Paulista é um absurdo, em termos de engenharia. As correntes de pessoas são levadas como gado a andar por corredores de fluxo humano que se trombam; os postos automáticos de carregar o Bilhete Único (por máquinas de empresas privadas), vira e mexe, falham, e você não tem a quem reclamar, já que o governo estadual não administra e as empresas responsáveis pelo serviço de recarga dos bilhetes não dão satisfação ao usuário, assim como a própria ViaQuatro ignora os problemas.

Fora isso tudo, aconteceu comigo já duas vezes uma situação que nunca antes na história desse metrô paulistano eu tinha vivenciado, que é o seguinte: quando você entra no metrô, mesmo que seja um minuto antes do horário de encerramento da operação (meia-noite todos os dias e uma hora da manhã aos sábados), o metrô sempre se responsabilizou por levar o passageiro até o destino. Por exemplo: é uma quinta-feira e você entra na estação Jabaquara às 23:59. O fato de você entrar, seja para onde você for (Barra Funda, Vila Mariana, Tatuapé, Santana etc.), a certeza de que você chegará ao destino sempre foi de 100%, um compromisso histórico do metrô do Estado.

Na Linha Amarela (repetindo: privada), isso não acontece. Duas vezes aconteceu comigo de entrar na linha Azul (norte-sul) e, ao chegar na interligação com a Linha Amarela, ser barrado por seguranças anunciando que a operação já tinha encerrado. "Como assim!!", questionei. Eu estou dentro do metrô! Como não adianta discutir com seguranças, você tem que sair do metrô, tentar pegar um ônibus (quase impossível depois da meia-noite) ou apelar a um táxi. É a descontinuidade de  um compromisso do metrô com seus usuários que sempre existiu, mas o consórcio que gere o ramal quer que você se f..., e o governo Alckmin... Bem, o governo Alckmin não pode fazer nada, claro, porque a Linha Amarela não é responsabilidade sua, e sim de uma concessionária.

Um dia em que houve um debate na Assembleia Legislativa sobre o metrô, tive a oportunidade de perguntar ao senhor Milton Gioia, gerente de manutenção do metrô, sobre esse problema. A resposta dele: “Não sei te responder. Isso é um problema operacional. Vou precisar verificar. Hoje eu não tenho essa informação”.

Tente comprar bilhete nos guichês da estação Butantã, por exemplo. As filas são enormes. 

Para terminar, é intolerável a desnecessária poluição sonora na Linha 4 Amarela. Ela tem um sistema de som odioso, que impede você de se concentrar e ler umas páginas de livro ou até jornal, enquanto está no trem entre a Luz e o Butantã. É que, ao contrário da voz humana das outras linhas, a da Amarela é uma voz metálica inumana. Nas linhas geridas pelo estado, o condutor do trem anuncia entre uma estação e outra, pelo microfone: “próxima estação, São Bento. Desembarque pelo lado direito do trem”.

Na Linha Amarela, depois de um sinal sonoro alto e agressivo, uma voz robótica anuncia, uns 15 segundos antes de o trem chegar à estação, em volume também acima do necessário, que você está chegando à estação Luz, por exemplo, e enumera as interligações com a CPTM e a linha 1 Azul. Quinze segundos depois, quando o trem chega, o mesmo sinal sonoro em alto volume e a mesma voz metálica para surdo repete tudo de novo, só mudando o texto, tirando o “próxima estação”, já que você chegou. Ou seja, eles tratam as pessoas como se fossem estúpidas. E o pior é quem ninguém reclama, todo mundo acha normal.

O metrô da Linha 4 Amarela não tem condutor. É comandado por uma central, operada por computadores.

Segundo a assessoria de imprensa do Metrô, a Linha Amarela transporta hoje 600 mil usuários por dia.

Bem-vindo ao admirável mundo novo do metrô de São Paulo.

2 comentários:

Alexandre disse...

á passei por essa aventura.
"As aventuras na linha amarela"....As estações têm um aspécto futurista. Parece outro país, outro mundo, é estranho. Quando descia na estação Paulista(linha verde), que dá acesso à linha amarela, parecia que estava a caminho de um estádio para ver Palmeiras e Corinthians, final. Pior, a multidão vai com uma pressa absurda, quase correndo. Tinha que descer na estação pinheiros. Pra voltar, a mesma agonia, em horário de pico, estação sempre lotada para o embarque, gente de lá pra cá, nossa, realmente pra mim foi quase um pesadelo durante seis meses, imagina!!Fora o ar condicionado, que pra mim é um castigo. Mas o legal foi que descobri que no primeiro vagão, não tinha(não tem)cabine para o condutor, a visão frontal para os trilhos é plena, de forma que, pra quem não conhece, dá pra tirar um barato, sempre lembrando que no trem, não há nenhum condutor, apenas o compudador conduzindo à próxima estação.

Joferraz. disse...

A "voz robótica" é causada pelo sistema de som, pq é gravada de forma natural e com toda atenção e cuidado para não ficar muito impessoal!
O que , não por acaso, é gravado por mim, rsrsrsss
um Abraço e sucesso, sempre!