A Câmara Municipal de São Paulo aprovou esta semana o projeto
de lei 305/2013, dos vereadores Antonio Goulart (PSD) e Roberto Tripoli (PV). O
PL simplesmente autoriza o sepultamento de cães e gatos em cemitérios
municipais. A proposta recebeu o aval dos nobres vereadores em primeira
votação. Ainda terá uma segunda.
Sou totalmente a favor da defesa dos animais, às vezes tenho
dó até de matar insetos que me importunam, mas, como escrevi no post Vivemos numa sociedade humana ou canina?,
creio que há algo muito errado numa sociedade que trata animais como se fossem
pessoas.
Entre os argumentos da justificativa, os nobilíssimos vereadores
dizem: “Os animais domésticos atualmente são considerados membros das famílias
humanas, principalmente os cães e gatos, com os quais as pessoas mantêm
estreitos vínculos afetivos".
O bizarro projeto está no mesmo nível de uma reivindicação de entidades
protetoras dos animais que reivindica delegacias especializadas para cuidar de
problemas específicos dos amados quadrúpedes. Os autores do projeto
recém-aprovado em primeira votação na Câmara de São Paulo não dizem nada na
justificativa sobre impacto ambiental e a superlotação de vários cemitérios na
cidade. Questões de saúde pública e também do direito público não são
mencionadas. É para projetos imbecis como esses que pagamos o salário dessa
gente incumbida de criar as nossas leis.
O prefeito Fernando Haddad tem a obrigação de vetar esse absurdo, se for confirmado na segunda votação (e será). Mas vai arcar com o ônus de perder os votos dos adoradores dos animais? O projeto não faz sentido. Mais do que isso, é um acinte.
O prefeito Fernando Haddad tem a obrigação de vetar esse absurdo, se for confirmado na segunda votação (e será). Mas vai arcar com o ônus de perder os votos dos adoradores dos animais? O projeto não faz sentido. Mais do que isso, é um acinte.
Ideias oportunistas como essa – de políticos espertalhões
que miram os votos dos que chamam seu cão de “filhinho” – mostram também que
estamos involuindo como espécie e nossa sociedade está doente. A neurose da
civilização e a carência afetiva estão levando o ser humano de volta a práticas
de povos antigos ou de culturas subdesenvolvidas ou bizarras.
Cortejos fúnebres com orações, pequenos caixões quadrados e flores percorrerão os cemitérios para as famílias depositarem seus animaizinhos no jazigo da família. Vai chegar um tempo em que serão erguidas igrejas para
animais santos. Imaginem: Igreja São Rex do Rosário de Pompeia. Ou: Igreja
Nosso Senhor da Pata Milagrosa.
Durma-se com um latido desses.
2 comentários:
Ou então, Nossa Senhora de Todos os Bidus.
Os nobres vereadores precisam aprender a latir, será essencial para essa estreita relação, homem-cão. Já tem muita gente latindo por aí.
Hahaha ... Nossa Senhora de Todos os Bidus é um ótemo nome para a catedral!
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