Marcelo Camargo/ABr
Eu tinha feito um pequeno comentário no facebook, mas a fragmentação das redes
sociais nem sempre permite “completar meu raciocínio”, como já diria o sábio
Vanderlei Luxemburgo.
A presidente Dilma Rousseff voltou hoje a falar em nome do Brasil, e até
como a mais importante chefe de Estado da América do Sul – junto com a
companheira Cristina Kirchner, é claro (risos). Foi na cerimônia de abertura do 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em São Paulo. Fico pensando como as coisas
mudaram nas últimas duas décadas, ao lembrar que em 1990, sob Fernando Collor,
as pessoas da minha geração não conseguiam mais acreditar em futuro para o
país.
Após 23 anos, uma ex-presa política e torturada pela ditadura militar é chefe de Estado respeitada entre os líderes dos países mais importantes do mundo, interlocutores ou parceiros econômicos como a Alemanha, da União Europeia, ou parceiros ideológicos e/ou geopolíticos, caso da Argentina e Venezuela, por exemplo.
Estou entre duas gerações:
- a primeira, de amigos e companheiros cerca de 15 anos mais velhos do que eu, que foram torturados, alguns exilados, outros morreram. Independentemente de eu ser amigo ou não, de conhecer pessoalmente ou não, fazem parte dessa geração figuras que estiveram nos calabouços, como Dilma Rousseff, o compadre José Arrabal, o deputado Adriano Diogo (exemplos dos que sobreviveram), assim como os que desapareceram, como Iara Iavelberg, Carlos Lamarca e tantos outros.
- se a geração que me antecede conviveu com os torturadores, a que vem depois da minha, a dos nossos filhos, é a que Cazuza
resume no verso: “Ideologia, eu quero uma pra viver!”. Sobre essa geração, tenho
pouco a falar. Seria prematuro e injusto. Ela ainda está construindo sua história.
Enfim, politicamente (já que este post é estritamente político, e não "cultural", poético ou transcendental), estou entre essas duas gerações e penso alegremente naquele verso de Pablo Milanes cantado por Chico Buarque e Milton Nascimento no disco Clube da Esquina 2:
"E quem garante que a história é carroça abandonada/ Numa beira de estrada,/ Ou numa estação inglória/ A história é um carro alegre/ Cheio de um povo contente/ Que atropela indiferente/ Todo aquele que a negue/ É um trem riscando trilhos/ Abrindo novos espaços/ Acenando muitos braço/ Balançando nossos filhos."
Voltando à minha geração, é com satisfação que vejo a presidente Dilma dialogar seja com o colega alemão Joachim Gauck (assim como já dialogou com a premiê direitista Angela Merkel), seja no âmbito do Mercosul, com os presidentes da Venezuela ou Argentina, seja no âmbito do Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
"E quem garante que a história é carroça abandonada/ Numa beira de estrada,/ Ou numa estação inglória/ A história é um carro alegre/ Cheio de um povo contente/ Que atropela indiferente/ Todo aquele que a negue/ É um trem riscando trilhos/ Abrindo novos espaços/ Acenando muitos braço/ Balançando nossos filhos."
Voltando à minha geração, é com satisfação que vejo a presidente Dilma dialogar seja com o colega alemão Joachim Gauck (assim como já dialogou com a premiê direitista Angela Merkel), seja no âmbito do Mercosul, com os presidentes da Venezuela ou Argentina, seja no âmbito do Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Os paradigmas mudaram. E não
passou tanto tempo assim. Passaram-se apenas 23 anos de Collor a Dilma, ou 28
anos do fim oficial da ditadura (1985) até hoje.
Bem, tudo isso foi uma digressão inspirada por uma simples “notícia
de jornal”, como se dizia antigamente. Dilma disse hoje que as relações entre
regiões (como a relação Mercosul-União Europeia) será essencial para superar crises
como a que abala a Europa atualmente. Está neste link.
Quem viver verá!
Um comentário:
Inspirado comentário, Edu. Vamos ver pra onde esse trem alegre da historia nos leva daqui pra frente.
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