sábado, 3 de março de 2012
José Serra se transforma numa figura cômica. Ou: a política não foi feita para idealistas
Não tive tempo nesta sexta-feira, 2, de parar para postar aqui no blog. Mas (antes tarde do que nunca) ainda cabe a nota. O presidente do diretório do PSDB de Ermelino Matarazzo (zona Leste de São Paulo), Waldemiro Junior, passou uma descompostura no colega e pré-candidato tucano à prefeitura paulistana José Serra que reflete bem a divisão que a figura de Serra semeia no PSDB. Inclusive nacionalmente, pois a disputa surda entre ele e Aécio Neves é quase transparente, desde a eleição de 2010, aliás.
A mudança na fisionomia de Serra (e também de Bruno Covas) e o constrangimento geral durante a fala de seu correligionário de Ermelino Matarazzo (reduto de Marta Suplicy, diga-se) é notável, a partir do momento em que o tucano Waldemiro Junior diz, para espanto da assembléia: “Não é uma sensação agradável, Serra, hoje de tá aqui na sua frente”. Dá quase para ver a fumaça do ódio de José Serra invadir o ambiente.
Não por acaso, ocorreu-me a matéria de Fernando Rodriges na Folha de S. Paulo desta mesma sexta-feira, segundo a qual o prefeito Gilberto Kassab teria dito recentemente ao presidente nacional do PT, Rui Falcão, que “o Serra não vai mais ser candidato a presidente da República (...). Para a [presidente] Dilma, a melhor coisa que poderia acontecer é o Serra prefeito de São Paulo. Porque se tiver Dilma e Aécio, Serra é Dilma [na disputa presidencial de 2014]". Íntegra da matéria da Folha para assinantes . A política não foi feita para idealistas, meus amigos.
Não esqueçamos também a cômica passagem em que José Serra demonstra que não sabe nem mesmo qual é o nome do país que quis presidir, ao dizer a Boris Casoy que o Brasil chama "Estados Unidos do Brasil".
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5 comentários:
Vc resumiu muito bem o momento. Lembrei das falas do prof. Fábio Comparato, a única ética da política que sempre é cumprida é a traição.
E tem mais uma frase recente do Serra: PERNIL PAULISTA
Serra, na reunião com deputados tucanos, quinta, em São Paulo, disse, num tom informal, que o PSDB não pode permitir que o PT leve esse “pernil”.
O “pernil”, no caso, é a cidade de São Paulo.
Com tantas declarações desse nível, ficará menos difícil o PT ganhar a prefeitura.
Depois dos Estados Unidos do Brasil, da militante que chamou - um pouco histéricamente, diga-se de passagem - o Serra de "palhaço", e agora esse militante que fez um discurso coerente, colocando o Serra na parede com toda a categoria, estou começando a achar que é ótimo para a oposição de São Paulo que ele entre na disputa. O Serra divide o PSDB. O PSDB não suporta mais o Serra. Tudo indica que ele se encaminha para um final de carreira melancólica e que ele não será capaz de unir o partido em torno de seu nome para a prefeitura. Um líder personalista, Serra aparentemente conseguiu gerar um sentimento de frustração e ressentimento na militância do PSDB pelas duas derrotas precidenciais (primeiro para o Lula, uma derrota óbvia, e depois para a Dilma, numa corrida eleitoral que era considerada favas contadas pelo PSDB e pela maioria dos analistas políticos até o final de 2009, e escancarou não só a força de Lula mas também a incapacidade de Serra de aglutinar o partido e liderar a oposição). Talvez o PSDB unido em torno de um nome como Bruno Covas ou Andrea Matarazzo ganhasse uma força muito maior.
Mas o certo é o seguinte. Diante dos últimos acontecimentos e diante da reportagem do Fernando Rodrigues, creio que se o Serra perder a prefeitura de São Paulo ele sai do PSDB, não sem antes procurar destruir tudo que tiver pela frente e principalmente Aécio Neves. É incrível, mas parece que o Serra vai se tornando o melhor cabo eleitoral com o qual o PT poderia ter sonhado... rsrs...
PS: E eu acho que a política sempre foi feita para idealistas. O problema é que no sistema político deturpado em que vivemos os idealistas se ferram e as raposas se salvam.
E não se esqueça disso, Edu: http://www.youtube.com/watch?v=UiRNvK95438
Mas a questão de ser "idealista" pra mim me causa uma certa ambiguidade também. Que será afinal idealismo? Tem um valor necessariamente negativo?
Ah, essa dos números é ótima, Rok!
Quanto às questões sobre idealismo, é muito difícil falar disso em poucas linhas. Precisa de uma tese!, rs.
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