quinta-feira, 22 de março de 2012

As arenas de São Paulo e o futuro (sombrio) do Pacaembu


No 2° Fórum Aberto dos Torcedores, realizado no Museu do Futebol (Pacembu) na noite de terça-feira, 20, o tema do debate foram as novas arenas e o futuro dos estádios de futebol em São Paulo. Participaram o secretário de esportes do município, Bebetto Haddad; o assessor da presidência do São Paulo, José Francisco Mansur; o vice-presidente do Corinthians, Luis Paulo Rosemberg; e José Roberto Generoso, membro da comissão de obras do Palmeiras. A apresentação do evento foi do jornalista Mauro Betting. O presidente Luis Álvaro Ribeiro, do Santos, cujo nome constava do convite, não foi.

Foto: Edu Maretti


A principal questão debatida, para mim, foi o futuro do estádio do Pacaembu. Segundo o secretário Haddad, o “equipamento” tem um custo de R$ 400 mil mensais. Com os projetos de Palmeiras e Corinthians, além do Morumbi, que será reformado para também entrar na nova era das arenas, o futuro do estádio municipal pode ser sombrio, afirmou Haddad, posto que não terá mais os jogos de Timão e Verdão e shows são vetados por ações movidas pela Associação Viva Pacaembu. Assim, o estádio ficará sem receita, disse Bebetto Haddad.

Um complicador com o qual Mansur, do São Paulo, concorda, é que o Pacaembu é tombado. Ao contrário do que se imagina, segundo os debatedores, esse é um dado que só prejudica ainda mais o futuro do estádio mais charmoso da capital. Isso porque qualquer pequena reforma (pintura de banheiros, por exemplo) depende de autorização dos órgãos responsáveis e a degradação avança com essa burocracia.

Mansur, do São Paulo, foi além e afirmou que o tombamento é uma estratégia maquiavélica de inviabilizar os estádios. Entidades de moradores também cogitam o tombamento do Morumbi. Ele mostrou uma foto aérea das obras nos anos 1950 em que não se vê nada ao redor, a não ser mato num raio de muitos quilômetros, para argumentar que não foi o estádio que interferiu na vida dos moradores, mas estes é que com o tempo ocuparam a área. Disse ainda que tem usado a bela foto, “infelizmente”, como argumento em ações movidas por moradores na Justiça.

De resto, os debatedores falaram sobre as arenas de seus clubes. A diferença entre a do Palmeiras e a do Corinthians é clara: o do Timão conta com financiamento público e será do próprio clube imediatamente. Já as obras do novo Palestra não têm “um centavo” de verbas públicas, mas o clube será uma espécie de “cliente” (termo usado por José Roberto Generoso) da WTorre por 30 anos, período em que a construtora administrará as receitas, repassando uma parte ao Palmeiras.

Perguntado por este blogueiro sobre o que acha das denúncias de que moradores do entorno do Itaquerão serão expulsos de onde moram para as obras de urbanização sem ter seus direitos respeitados, e também se um corintiano pobre vai poder pagar o preço de um ingresso na futura arena, ele não respondeu. Mais tarde, fez um raciocínio curioso, dizendo que cobrar ingressos caros é uma forma de combater os cambistas.

6 comentários:

Victor disse...

Você falou do principal, mas para mim o destaque negativo foi a linguagem pouco adequada do Diretor de Marketing do Corinthians, o Rosenberg, com m ou n. Ele parecia que estava em uma reunião nos botecos da vida. Quando disse que propôs dar uma renovada no Pacaembu com dinheiro do seu clube, fez a primeira comparação de gosto duvidoso: fazer filho na mulher do outro, e para exemplificar que a reforma deixaria o estádio melhorzinho, disse que não ficaria uma Gisele Bundchen, mas daria para dar uma comidinha. Pelamor! Depois os corinthianos não querem ser gozados. Pena que o Luis Álvaro não foi, ele poderia contar dos planos para a nova Arena do Peixe, ou será que não foi porque não teria nada para falar...rs. Valeu !

Eduardo Maretti disse...

É tudo verdade o que você fala do Rosemberg, Victor. Lamentável o linguajar do cara.

Anônimo disse...

Por isso que o patrocinador oficial
do Corinthians é a Jontex...

Paulo M disse...

Se formos contabilizar, tudo isso vai custar então o valor do empréstimo junto ao BNDES mais o estádio do Pacaembu que vai acabar virando um museu que se expõe a si mesmo. São obras faraônicas (tanto o Itaquerão quanto o Palestra ou uma futura Arena na Vila Belmiro e o Morumbi) que tornam inutilizável como lixo a tradição do Pacaembu e o grande valor artístico de sua bela arquitetura.

Anônimo disse...

Edu, adorei a matéria e a sua presença. Foi um enorme prazer conhecê-lo, embora não tenha havido oportunidade para conversarmos melhor.

Aguardo você nos próximos F.A.Ts, colaborando, inclusive, com sugestões para as mesas.

Obrigado!

Abraços............

Guilherme Mendes.

Eduardo Maretti disse...

Legal, Guilherme.Valeu.

Qualquer coisa entre em contato comigo pelo edumaretti@hotmail.com

abraços