sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O que é ser de esquerda? [2] – A intolerância
Jean Wyllys em Israel


Reprodução/Facebook


O deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, está em Jerusalém. Por conta da viagem, que até o momento já foi tema de duas crônicas em sua página do Facebook, o parlamentar foi atacado por todo tipo de defensores ou supostos defensores da Palestina, indignados (ou supostamente indignados) com o fato de Wyllys ter “traído” suas bandeiras.

A estupidez e ignorância dessa gente, seu pensamentozinho binário e intolerante, ilustram com perfeição aquilo que iniciei em post anterior para questionar: “o que é ser de esquerda?”

As pessoas que atacam Wyllys e as que atacaram Caetano Veloso porque ele tinha uma série de shows marcados em Israel, os quais não cancelou mesmo com a pressão que sofreu, demonstram, na linguagem e nas atitudes, a mesma intolerância raivosa característica dos mais virulentos direitistas; confundem judeus com sionistas; confundem a sempre urgente defesa do Estado da Palestina com a estúpida defesa da extinção de Israel.

Para estes supostos esquerdistas, a justiça anda ao lado da intolerância. A mesma intolerância a qual dizem combater. Eles desconhecem Mahatma Gandhi.

Para supostamente combater Benjamin Netanyahu, transformam-se num negativo obscuro e sinistro de Benjamin Netanyahu. Para atacar os colonos sionistas, vestem a túnica da intolerância maniqueísta.

Desconhecem a cultura, a arte e a dialética. Ignoram as orações.

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Vejam alguns dos comentários desses autoproclamados esquerdistas defensores da Palestina na página de Jean Wyllys (mantenho as citações integralmente, com erros e tudo, e não vou citar os nomes):

– O deputado federal do PSOL, Jean Wyllys, parece ter esquecido da sua narrativa pró-direitos humanos e acabou indo à #Israel para ironicamente palestrar sobre temas como “racismo, homofobia, antissemitismo e outras formas de ódio e preconceito e suas relações com a política contemporânea.

– eu sugiro que vc aprenda a debater antes de viajar pra envergonhar ainda mais o nome do Brasil.

– Os assessores pagaram suas despesas para acompanhar o Sr. JW ....ilustre palestrante e "entendido" em assuntos homossexuais.......kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....me engana que eu gosto........além de tudo é mentiroso...!!!!

– Vc a bem da verdade conta com os votos ‘úteis’ do LGBT, nada contra. Mas é muito cinismo e oportunismi ficar comodamente " escorado" nos teus eleitores LGBT! Covardia é teu pseudônimo. Alce novos voos se tiver coragem e capacidade. No mais, um mero oportunista global. VSF!

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Citei acima apenas alguns dos comentários, de gente de “esquerda”. Obviamente, há vários comentários sionistas, que prefiro deixar por lá mesmo.

A assessoria de comunicação do deputado comentou a enxurrada de ataques: “Os extremistas de direita e os extremistas de esquerda não gostaram. E se uniram nas críticas. Fazer o quê?”

Acho muito apropriado o termo “se uniram nas críticas”.

É fato que Jean Wyllys, diga-se, não demonstra ser nenhum entendido de assuntos do Oriente Médio, e cometeu inclusive uma feia gafe. "É possível repudiar o terrorismo do Hamas e os crimes de Netanyahu, ser a favor do reconhecimento do estado palestino e do direito a existir do estado de Israel e almejar a paz e a coexistência entre ambos os povos", escreveu, em mal construída tentativa conciliatória. Como lembrou o site Sul 21: "Ele (Wyllys) também cita o Hamas, grupo que comanda a Faixa de Gaza, definindo-o como um grupo terrorista, porém o Brasil, como país, não o considera como tal." Wyllys deve ser cobrado por tal asneira. Mas a tolice não justifica a intolerância contra ele.

Por fim, fico muito à vontade para comentar o tema, já que meu posicionamento sobre a Palestina e tudo o que envolve o massacre do povo palestino é e sempre foi muito claro, como mostram os posts abaixo.






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