sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cinemateca Popular Brasileira disponibiliza mais de 1.200 filmes via Youtube



Você já ouviu falar de Os Óculos do Vovô? É uma comédia de quatro minutos e 40 segundos, dirigida por Francisco Santos em 1913. É o filme de ficção brasileiro, preservado, mais antigo. Ou de Fragmentos da Vida, drama social de 1929 dirigido por José Medina? Ou de O Ébrio Vicente Celestino (de Jaurez Maisner, 1946), que obviamente tem como tema o velho cantor? (lembro até hoje da notícia da morte de Vicente Celestino -- estava no barbeiro, com meu pai, quando ouvi no rádio --, e depois chegar em casa e contar à minha avó Emiliana, que adorava o romântico com voz de tenor).


Legenda do drama social Fragmentos da Vida, de 1929

Esses são apenas três preciosidades entre os 1.235 filmes nacionais disponíveis na íntegra na Cinemateca Popular Brasileira, canal criado no Youtube e organizado pelo Armazém Memória.

Pode-se, por exemplo, assistir a vários filmes fundamentais de Nelson Pereira dos Santos, diretor fundador do Cinema Novo. Rio 40 Graus (1955), que incorporava as técnicas neorrealistas desenvolvidas na Itália, ou Vidas Secas (1963), baseado na obra de Graciliano Ramos e reconhecido como a obra-prima do cineasta, são alguns de seus muitos filmes “em cartaz” no canal da Cinemateca Popular Brasileira.

A obra-prima Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos

 A filmografia do revolucionário Glauber Rocha também está no acervo, com filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e muitos outros, entre os quais o mítico Di, ou Di-Glauber, concebido pela mente genial e inquieta de Glauber no dia da morte do artista plástico Di Cavalcanti, em 1976, que ficou proibido por décadas, em decorrência de ação judicial da família do artista, e só pôde ser conhecido pelo público pela internet, e mesmo assim foi visto por muito poucas pessoas. O filme ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival de Cannes, em 1977, pouco antes de ser proibido. Glauber assim se defendeu das alegações da família de Di, que considerou que a obra desrespeitava o artista: "filmar meu amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se permite entre artistas renascentes".


Jardel Filho (primeiro plano), Glauce Rocha e José Lewgoy no histórico Terra em Transe

A riquíssima lista disponível na Cinemateca Popular Brasileira – que nada mais é do que a reunião e organização de filmes dispersos no Youtube – é dividida em diversas categorias, entre outras,  como “Longa Metragem por Gênero”, “Diretores e Diretoras”, “Literatura e Teatro no Cinema”, “Literatura e Teatro no Cinema” ou por ordem cronológica, pela qual podem ser acessados muitos filmes da história da filmografia nacional.  

A reunião do canal utiliza como fonte de pesquisa o Dicionário de Filmes Brasileiros, de Antônio Leão da Silva Neto (1908-2002), e os catálogos da Agência Nacional do Cinema (Ancine, 2002-2013).

A extensa coleção, que contempla o cinema brasileiro de todas as décadas dos séculos 20 e 21, permite fazer uma verdadeira viagem estética e histórica pela filmografia nacional.

Vamos então ao assunto. Se uma imagem vale mais que mil palavras, paremos de falar. Você pode assistir a um dos mais de 1.200 filmes a partir do link abaixo.

Boa viagem.

Acesse clicando no link:

Cinemateca Popular Brasileira

Um comentário:

Alexandre disse...

Que legal!!