Geraldo Magela/Agência Senado
A informação de que a Rede Sustentabilidade, o partido de
Marina Silva, se posiciona contra o pedido de impeachment de Dilma é uma
notícia importante. Mas, mais do que a notícia em si, ela aponta para algo
mais: é mais um fato que vai consolidando a estratégia da Rede, desde já, de
procurar ocupar um espaço à esquerda do espectro político e conquistar o
eleitorado que hoje se vê mais ou menos
órfão, com "a maior crise da história" do PT, como disse o presidente
da Confederação Sindical Internacional (CSI) e liderança orgânica do partido de
Lula, João Felício, na semana passada.
Crise que decorre tanto do cerco e bombardeio ininterrupto que
o PT tem sofrido por parte do Ministério Público, do Judiciário e da mídia
desde 2005, quanto do desgaste natural a qualquer partido ou grupo que governa
há 12 anos (vide Argentina, onde o kirchnerismo, depois de 12 anos, acabou perdendo
a eleição para a direita de Maurício Macri).
Já citei anteriormente, mas volto a mencionar a avaliação da
professora Maria do Socorro Sousa Braga, em matéria que fiz para a RBA quando a
Rede conseguiu seu registro oficial no TSE: para ela, a estratégia da Rede é justamente tentar ocupar um espaço à esquerda, que é um terreno de disputa não
apenas pela crise petista, mas também pela própria crise de representação e a
rejeição de grande parte da população aos partidos conhecidos. “Existe um
espaço a ocupar à esquerda. Esse espaço, PSTU e PSOL não conseguiram ocupar,
não conseguiram a envergadura de um PT quando o partido de Lula começou a
crescer nos anos 1990”, disse a professora na ocasião.
A ida do ex-petista Alessandro Molon para Rede, no final de setembro, foi outro
importante indicativo de que o partido de Marina está, sim, visivelmente
empenhado em se construir e viabilizar como alternativa num campo que enxerga
como bastante fértil para ser semeado daqui a 2018. Mas a Rede vai obviamente
tentar avançar também nos setores da classe média, da esquerda à
centro-direita, pois se tem uma coisa que Marina não é, é boba. O discurso da
sustentabilidade (que atrai vastos setores do espectro político) é sempre e
cada vez mais importante no embate político, o que a tragédia de Mariana só
reforça.
Marina tem ainda um "capital" eleitoral muito
grande, que herda de 2010 e 2014. Muita coisa vai acontecer daqui até 2018. Mas
parece certo que a Rede vai ser uma das forças de 2018. O que, politicamente, é
interessante, porque será certamente uma força que pode em parte neutralizar, racionalizando
o processo e o discurso, o crescimento da direita no país.
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Atualizado às 21:52 - Menos de um dia depois de se posicionar contra o impeachment, Marina Silva corrige sua posição (como fez na campanha eleitoral, quando se rendeu à pressão do pastor Silas Malafaia). Disse ela hoje: “Nossa atitude é de que de fato o Brasil seja passado a limpo. E se de fato os recursos da Petrobras foram usados pela campanha da presidente e do vice-presidente, o correto é que ambos os indicados possam ter o processo (eleitoral de 2014) anulado, como está lá no pedido que foi feito pelo PSDB”, afirmou, segundo o blog do Fernando Rodrigues. O problema de Marina Silva é justamente esse: suas posições não se sustentam. Ela cede a qualquer pressão.
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Atualizado às 21:52 - Menos de um dia depois de se posicionar contra o impeachment, Marina Silva corrige sua posição (como fez na campanha eleitoral, quando se rendeu à pressão do pastor Silas Malafaia). Disse ela hoje: “Nossa atitude é de que de fato o Brasil seja passado a limpo. E se de fato os recursos da Petrobras foram usados pela campanha da presidente e do vice-presidente, o correto é que ambos os indicados possam ter o processo (eleitoral de 2014) anulado, como está lá no pedido que foi feito pelo PSDB”, afirmou, segundo o blog do Fernando Rodrigues. O problema de Marina Silva é justamente esse: suas posições não se sustentam. Ela cede a qualquer pressão.
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