quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Napoli – terra de povo antigo



Texto e foto: Tiago Ferreira

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Em Napoli a molecada joga bola na rua até duas da matina. Nas piazze, nos becos, na beira do mediterrâneo, Napoli flutua. É terra de povo antigo, de raiz forte, língua própria. Fala-se napolitano, é-se em napolitano. Napoli, onde as motos voam pelas vielas, motos loucas, insanas, motos que gritam. Ninguém morre de moto, ou quase ninguém, os napolitanos fluem no caos, creem que Deus vive entre eles. Talvez por isso em cada rua tenha um santo e em cada praça ou avenida tenha uma igreja.

Faz todo sentido as "mundanices" acontecerem principalmente atrás das igrejas, onde o Senhor não pode vê-las. Ali o bicho pega! Nego taca fogo no marroquino*, dança, se ama, blasfema!! Até se esquecem do papa Francisco, que é quase tão falado quanto o Napoli, o time.

A cidade fica no pé do Vesúvio e vive como vulcão. Quente, densa, tensa, pronta pra explosão. Napoli precisa de Deus. Nas ruas, o cheirinho de casa da nona que vem das piazze se mistura ao odor pesado da malavita, o lixo está por todos os cantos, as paredes são sujas e rabiscadas. Lá todos falam muito e parede vira tela, caderno. Direita, esquerda, gangues, enamorados, todos gravam algo nos muros.

É provável que você vá apaixonar em Napoli. Mulheres felinianas, de corpo negro-dourado, de cabelos pretos petróleo e olhos cor de mar, napolitanas. Lindas, lindas, lindas!

O brasileiro em Napoli é irmão, uns tantos sorriem e outros chegam a te abraçar se diz que é brasiliano! E somos mesmo irmãos. Uma fusão improvável entre Sampa e Rio. Que bestêmia!

Em Napoli como em algumas cidades você se torna napolitano sem escolher, não há alternativa, é adaptação, estado de ebulição. Você ferve, às vezes grita, às vezes canta. É aquela mulher que você odeia amar e vice-versa. É onde se vacilar, as motos te pegam.

*Marroquino = haxixe

***

PS do blog: Napoli é a terceira cidade mais populosa da Itália, com
1 milhão de habitantes. Se origina da antiga cidade grega de Neapolis. Conquistada pelos romanos no século IV a.C., passou, no século VI, ao domínio bizantino e, no VIII, constituiu-se em ducado independente. Em 1139, passou a pertencer ao reino da Sicília. Em 1282, passou para a coroa de Aragão como reino de Nápoles (Napoli para os italianos). No século XVIII, se tornou independente. Foi anexada ao reino da Sardenha em 1860 e ao da Itália em 1861
. (Fonte: Wikipédia)

3 comentários:

Paulo M disse...

Sempre tive a impressão de que Napoli é a marginália, o lado subversivo da Itália. Bonita a descrição do Tiago. Tô indo amanhã pra lá, he he, quem dera... Mas vou um dia...

Paulo M disse...

PS: Que bela foto essa do post!

marco a. ferreira disse...

Sim, bela, marginal, subversiva. Napoli põe esta contradição, este problema. Como justificar, este poder, "alternativo", Camorra, máfia. Difìcil! Assim é napoli, o poder é a mafia e a igreja católica, San Genaro! A república, o parlamento, coisa de milanês. Ainda assim, seduz, é como uma bella donna, ou se preferir, um bell ragazzo.
Estou de frente pra baía, não de Napoli, se não a baía de Belém do Pará, u'naltra cosa pero anche bella.