José Cruz/ABr
A ex-PV, ex-ministra e ex-Rede: igual a tudo o que aí está |
Autointitulada diferente de tudo o que aí está e porta-voz
de uma nova forma de fazer política, Marina Silva seguiu passos exatamente eleitoreiros
e iguais a todos os políticos dos quais tentou se diferenciar ao vender a falsa
ideia por meio de marketing político puro e simples.
Agora no PSB de Eduardo Campos, depois do fracasso de sua
Rede no TSE, a ex-ministra do Meio-Ambiente se credencia à sucessão
presidencial com status de queridinha da mídia, ao lado do governador
pernambucano que se manteve com Lula e Dilma por dois mandatos e meio e de
repente virou candidato, saindo da base do governo para disputar a presidência.
Campos vai ter que convencer os eleitores por que seria oposição, uma “terceira
via”, se até agora foi situação. Marina vai ter que convencer os cidadãos de
que é diferente de tudo que aí está agindo exatamente como todos os que aí
estão e representam, segundo ela, o que a política tem de ruim. Ambos vão ter
de convencer os brasileiros de que não são oportunistas.
Esta semana conversei com o cientista político Vitor
Marchetti, da Universidade Federal do ABC, que fez uma observação interessante
sobre as insinuações de que haveria uma intenção obscura na recusa do TSE em
aceitar o registro da Rede de Marina Silva, o que o tribunal acabou rejeitando
por 6 votos a 1.
Segundo Marchetti, não se pode partir do pressuposto de que
a “boa intenção” que estaria movendo a criação da Rede seja suficiente,
deixando-se de lado a exigência de cumprimento da lei. Porque Marina parecia
querer convencer a todos de que ela era o bem e o resto era o mal.
Marchetti disse ser preciso considerar a possibilidade de
que a liderança de Marina tenha sido superestimada. “É uma candidata badalada,
que conseguiu um bom número de votos em 2010 [19,6 milhões], mas pode não ter
conseguido mobilizar o número de eleitores necessários agora para fundar seu
partido. Por que não partimos do pressuposto de que talvez o fôlego da Rede
fosse menor do que se estava supondo?” Para conseguir o registro, um partido
tem de comprovar as assinaturas de 492 mil eleitores nos cartórios eleitorais
do país.
Os desdobramentos da aliança Eduardo Campos/Marina Silva
ainda são passíveis de conjecturas. Não se sabe aliás quem será cabeça de chapa, quem será vice.
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Campos: inteligência política ou oportunismo? |
Para Renato Rovai , Marina “faz parte de um
projeto onde estarão não só Campos, mas Roberto Freire, Serra, Aécio, Borhausen
etc.” Ou seja, a nata da oposição de direita.
E Rodrigo Vianna entende que “Marina perde
parte de sua aura de ‘reserva moral’, e de ‘diferente de tudo que está aí’” e,
por isso, “Eduardo Campos ganha muito mais que Marina com a parceria”, o que “faz
com que Eduardo Campos e o PSB sejam muito mais que [coadjuvantes no xadrez
político de 2014]: transformam-se de fato no desaguadouro de uma terceira via”.
A ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário